quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Que venha o Ano Novo então!!!

Jú Mancin


Ouvindo Get Out Of My Kitchen, de não sei quem mas é groove e jazz...

Well, chegamos em dezembro, mais um ano tá indo embora. É época de despedidas e de boas vindas. Adeus ano velho. Feliz ano novo. E que tudo se realize de fato.

Seguindo a tradição, e a exemplo da minha querida amiga nipônica aqui embaixo, me despeço de 2005.

Posso dizer que esse foi um ano lindo, cheio de realizações, com alguns contratempos, mas de uma maneira geral, um bom ano! Vi quem queria ver, ouvi o que queria ouvir. Sim, o Pearl Jam mudou tudo, o que seria um 2005 quase vazio se tornou O 2005. Claro que não só por isso, mas foi uma boa contribuição, quem me conhece sabe. Algumas coisas mudaram dentro de mim.

Outras jamais mudarão...

Eu amo você. Sou "cUritnhiana porra!". Ouço rock e caio no samba. Não perco tempo com pequenas coisas. Acho a vida curta. Fumo pá cacete. Acho que tudo na vida tem jeito, menos mau gosto (o dos outros, é claro). Saio de pijama na rua. Choro pensando na Seatlle 90'. Pretendo conhecer a Grécia e estudar história no Chile. Espero um surto de consciência do povo brasileiro. Não abro mão dos carnavais em Jurupema. Sou louca por coca-cola, chocolate e pela minha família. Ainda acho "O Campeão" o filme mais triste do mundo. Sou uma looser incondicional. E sim, eu ainda amo você!!!

Bom, pra 2006 espero muita saúde, muito sex and rock n´ roll, muito boteco, uma graninha decente pra viver, muito sushi, sashimi, pizza e churrasco e muita, muuuuita, muuuuuuuita risada, muitas horas de conspirações, muita imaginação pro nosso BLOG. Espero realmente que Peter continue na minha sombra, e que me faça lembrar sempre de onde eu vim!

Tendo pronta minha wishlist, cabe a mim abrir os braços e gritar:

QUE VENHA 2006!!! No melhor estilo Copa do Mundo...rs...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Despedidas e Boas vindas...

Lu Minami

Ouvindo: Velha Roupa Colorida, Elis Regina

Para 2005:
Adeus. Você foi um período estranho e meio temperamental. Em alguns meses, me dava a felicidade completa; em outros, arrancava da minha mão e a jogava aos ratos. Em uma semana, fazia com que o tempo se arrastasse e não produzia nenhuma lembrança significativa; na semana seguinte, fazia com que minha vida se tornasse um tornado, desses que destróem cidades inteiras. Virou minha vida do avesso, me deu um chacoalhão e depois trouxe a paz para que eu refletisse e entendesse seus motivos. Eu entendo, mas o tornado poderia ter sido mais fraco e a tempestade, mais curta, não acha? Foi um ano que privilegiou a verdade, eu gosto disso. Mesmo com todas as CPIs e os inquéritos no futebol que não vão dar em nada, mesmo com um presidente apático que foi massacrado pela chance que ele mesmo criou durante os últimos anos, mesmo com todas as perdas e danos, você agiu com sinceridade, suponho. Me deu bons shows, eu agradeço. Revivi minha adolescência rebelde e chata, cantei de pulmão exposto e gritei com todas as forças que eu julgava ter. Na verdade, descobri que posso gritar mais. Também descobri que posso ser mais chata do que já sou e que mesmo assim, as pessoas vão se apaixonar por mim e eu vou me apaixonar pelas pessoas mais improváveis. Algumas dessas paixões vão embora e não deixam rastro nenhum, mesmo que um dia eu tenha acreditado que seriam eternas. Amores e esperas gentis que eu supus que iriam se concretizar um dia, mas você me mostrou que eu estava enganada, de um jeito definitivo. Foram tapas seus na minha cara, bem dolorosos, por sinal. Outras paixões se transformam em amizades lindas e desprovidas de qualquer malícia e isso é realmente meigo de sua parte, 2005. Me dar amigos novos e maravilhosos foi um dos seus melhores feitos. Me dar um trabalho que requer energia e muita disposição para mudar, também. Sem contar o fato de me manter sempre junto à minha família. Você também me deu ótimas viagens, excelentes companhias, árduas lições. Derrubei lágrimas, libertei meus berros de indignação, beijei quem eu quis, soltei todas as gargalhadas que podia, dancei sem prestar atenção na música, abracei todos que abriram o peito para mim e conversei com todos os olhos que consegui mirar.
Na verdade, 2005... você foi um excelente ano.

Para 2006:
Bom, você eu desconheço. E, para falar a verdade, eu não espero muita de coisa de você. Aliás, eu não quero esperar.
Seu antecessor me mostrou o quanto 365 dias podem trazer vida para dentro de uma pessoa e isso significa que a morte também estará sempre perto. Morte de alguém querido, morte de um sentimento, morte de uma situação insustentável. E por isso, vou te aceitar com doçura, porque sei que você vai dar o melhor de si para que eu entenda tudo isso, sem que eu precise perder pedaços de mim e de minha alma.
De você, eu peço paciência. Paciência para entender que não sou contínua como o seu tempo e confessar que eu gostaria de pará-lo ou acelerá-lo muitas vezes. Me desculpe quando eu desejar que isso aconteça, mas os momentos pontuam a vida de todo mundo por aqui, sabe? Então, às vezes, seguimos uma outra linha de tempo. Sei que será difícil para você, pois teremos Copa do Mundo, eleições, um verão que está apenas começando, novas paixões, antigos amores, grandes amigos, prováveis inimigos, crianças que acabaram de dar seu primeiro sorriso, pessoas que estarão dando seu último suspiro, grandes estréias e enormes fracassos. Você tem muito trabalho, é verdade. Mas acho que vai se dar bem.
Você tem um trunfo e tanto nas mãos: o mundo inteiro hoje, acredita em você e espera ansiosamente a sua chegada.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

...



Quando uma canção diz tudo.
Quando as imagens substituem a fala.

terça-feira, 6 de dezembro de 2005

GRUNGE or DIE!!!


Jú Mancin

Ouvindo Pearl Jam, Pacaembú 02/12/2005

Mesmo que eu tentasse, não saberia descrever como me senti esse fim de semana!

Sim, esse ingresso vale ouro. Sim, ele vai pra minha parede, aliás, os dois vão. Sim, estou em depressão pós-show. E sim, São Paulo foi o palco dos melhores momentos da minha vida nos últimos 28 anos.

Vi os anos passando como um filme, meus amigos, amores, minhas músicas. Me vi, por um instante sobrevoando o Paca, olhando nos olhos de cada uma daquelas pessoas e vendo neles o mesmo brilho de tempos atrás! Tempos que eu pensei que não voltassem mais!

Já tentei definir os dois shows, mas a única coisa que vem à mente é: FOI DO CARALHO! Então é isso. FOI DO CARALHO! FOI DO CARALHO! FOI DO CARALHO! FOI DO CARALHO!!!

E melhor ainda. Estava na melhor companhia! VALEU!!!

Grunges never dies... never, never, Neverland...



Lu Minami


Ouvindo: Corduroy, Pearl Jam / Kick Out the Jams (MC5)

Dia 2: Dia gelado, úmido, típica São Paulo. Ali em Pinheiros, acompanhada de 10 homens, (naquele dia, meninos lindos de cabelos rebeldes) caminhamos entre ladeiras, buracos, cemitérios, semáforos abertos, faixas de pedestre apagadas, rumo à Seattle futebolística. Meu coração palpitava, minhas pernas tremiam e minha boca secava. Ali, na pista, milhares de pessoas se amontoavam e se preparavam para um show histórico, onde o tempo ia parar, o amor ia perdurar e as gargantas não iam cessar o grito junto aos braços em direção ao céu.
18h12 - O Mudhoney, dinossauros do grunge cru e garageado, invade o palco e mostra para quê veio. Touch me I´m sick faz com que as mais comportadas garotas queiram tirar a blusa e mostrar o peito aberto.
19h21 - O quarteto mais abençoado da minha época se apresenta com suas guitarras berrando, baquetas a espancar a bateria que adquire vida própria e a voz de todos os 15 anos da minha vida sussurando no meu ouvido a dizer: Não cresça nunca. Meu sorriso de compreendimento se transforma em lágrimas e pulos frenéticos em direção às nuvens cinzas de São Paulo. Chega um momento em que não sei mais se chove no estádio ou dentro de mim. Fico parada observando tudo a minha volta e me pergunto se realmente estou ali, com 40 mil corações batendo ao mesmo tempo. A banda da minha vida é como a banda dos meus sonhos. Tem respeito por seu público, esmero em suas composições, paixão em cada nota e sílaba cantada, rebeldia madura em cada fio de cabelo, em cada ruga. A banda dos meus sonhos não me decepciona e nem estapeia a minha cara com preconceitos e hipocrisia.

Dia 3: Não deu para resistir. Não consegui imaginar um segundo show na Seattle brasileira que eu não pudesse assistir. A mesma correria, o mesmo aperto no coração quando cambistas me disseram que não conseguiriam mais ingressos. Eu imaginei que poderia ficar do lado de fora do estádio e só ouvir, mas ainda bem, não consegui. Uma boa alma me vendeu seu ingresso e eu entrei de coração acelerado e totalmente exposto. Eu queria mais. Queria pular mais, gritar exageradamente, transbordar minha euforia através dos meus olhos, braços e pernas.
19h19 - O quarteto doce como o vinho que bebiam entra no palco e começa tudo de novo. Os sentimentos ultrapassam minha pele e saem voando pela multidão. Olhando para baixo, via-se um mar de braços agitados e um céu de estrelas cadentes. Tudo explodia à minha volta. A voz, o baixo, as palmas, a guitarra e a bateria. Homenagem à irmãos que se foram nos fazem acreditar em milagres, o convite ao amigo para subir, cantar e chutar o mundo idiota e o encerramento do show com o estilo mais libertário a la Neil Young nos faz pensar em que mundo vivemos e porquê é tão difícil a paz entre pessoas e dentro de seus corações. Assim, a banda da minha vida e dos meus sonhos nos deixa em estado de graça e doçura, com aquele sentimento de dever cumprido.

É uma daquelas coisas que a gente coloca no caderno de memórias da vida e dos amigos, para nunca mais esquecer como é bom estar junto de quem a gente gosta e aproveitar a vida. E é também um daqueles ítens que a gente coloca numa lista intitulada: "Coisas que preciso fazer antes de morrer". Ainda faltam algumas coisinhas, mas já me sinto bem satisfeita.

ADENDO: Este foi o mês mais rock and roll da minha vida. Iggy Pop, Fantomas, Nine Inch Nails, Sonic Youth e Flaming Lips na semana passada e double show do Mudhoney e Pearl Jam nesta. É claro que ainda há um espacinho para o bom e velho samba. De Seu Jorge a Los Hermanos, dando uma passadinha pelo Tom Zé...

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Keep Rock!!!


Jú Mancin


Ouvindo Lust for Life, Iggy Pop

Ingressos para o festival na última hora: NÃO TEM PREÇO

Estacionamento de lama no alto da montanha: NÃO TEM PREÇO

Conhecer o ROCK na sua essência e compreender sua alma, vendo Iggy Pop se contorcer no palco e os Stooges esmirilhando suas guitarras, baixos e até o sax fazendo rock n´roll: NÃO TEM, NUNCA TEVE E JAMAIS TERÁ PREÇO!!!

Esse fim de semana foi supremo!!!

IGGY E STOOGES, SONIC YOUTH, NINE INCH NAILS E FANTOMAS!!!

Nunca achei que teria uma semana assim!!!

LET´S ROCK!!!

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Zabé, Zabé...

Jú Mancin


Ouvindo Toada Velha Cansada, Cordel do Fogo Encantado.

Antes de qualquer coisa, gostaria de elogiar a atitude do Excelentíssimo Sr. Prefeito de São Paulo, José Serra, pela VIRADA CULTURAL em SP, realizada no final de semana. Até que enfim, alguém percebeu que o povo não quer só comida, e precisa muito de diversão e arte! Como já disse antes, ele não comprou meu voto, não com esse fim-de-semana cultural, mas ganhou o meu respeito.

Há tempos atrás assisti a um show desses caras. Fantástico. Poesia ritmada, percussão incansável. Eletrizante. Mas o que me chamou a atenção, foi o Lirinha recitando uma poema de Chico Pedrosa, que falava da Zabé. Eu passei uns anos caçando esse poema pela NET, e hoje encontrei, com seu verdadeiro nome, chama-se Do outro lado de lá. Vou postá-lo aqui, não deixem de ler, e nunca, eu disse NUNCA, perca um show do Cordel, você pode ser presenteado pelo Lirinha, com a declamação dessa poesia.

Do Outro Lado de Lá (Chico Pedrosa)

Seu vigário esse papé
recebi da sua mão
quando casei com Zabé,
fia do seu sacristão,
espie sua assinatura
de tão véa tá escura
que inté prá lê dá trabai
mas foi o senhor que fez
eu vim aqui outra vez
pro senhor quebrá meu gai.
Me empreste logo o rosário
e diga donde eu me ajueio
corra e tire do sacrário
o livro de dá cunseio
se ajueie e vá rezando
me ajude tô precisando
tomar umas providência
Zabé morreu faz três ano
mas vive me catruzando
que eu já tou sem paciência.
Seu padre essa escritura
ou seja, esses decumento
é a lembrança mais pura
que eu guardo do casamento
merece tanto respeito
que eu nem sei dizer direito
quanto vale esse papé
guardei com todo cuidado
se ele hoje tá manchado
a culpada foi Zabé,
que antes de se casar
era um amor de menina
passava as horas a rezar
tocando na sarafina
querendo imitar os anjo
prá laçar esse marmanjo
como de fato laçou
com as corda do má custume
ensebada de ciúme
que não sei onde ela achou.
Passei vinte e cinco ano
vivendo nesse tuimento
e faz três que tô morando
do purgatório prá dentro
tudinho por que Zabé
dispois da lua de mé
garrou de ter ciúme deu
e inté quando sonhava
dava um pulo e se acordava
prá mode brigar cum eu.
E eu dizia Zabé...
acaba com essa besteira
tu sois a minha muié
deixa dessa ciumeira
que o que é ruim não interessa
vai prá missa, te confessa,
e ela ia? Ia nada,
ia pulá no terreiro
do véi Migué xangozeiro
pai de santo da maiada.
Nos terreiro de macumba
Zabé era uma paiaça,
aprendeu a tocar zabumba,
fumar e beber cachaça
puxá peixera e brigar
e se eu ia aconseiá
Zabé virava no cão
dava febre, adoecia
passava cinco, seis dias
levando vela na mão.
Igualmente a Zabé
o sol não cobre outro traste
onde ela butava o pé
nunca mais nascia pasto
gostava de uns mexerico
umas cunversa, uns fuxico
coisa de gente mesquinha
foi num foi chegava em casa
com os olhos da cor de brasa
num sei de onde diabo vinha.
E mandado num sei pro quem
um dia tomou uns porre
caiu do carro do trem
ficou morre mais num morre
seu pai de santo veio cá
levou ela pro gongar
deu-lhes uns passe de magia
junto com seu cambono
Zabé agarrou no sono
morreu nesse mesmo dia.
Graças a Deus, me livrei
dessa cruz que eu carregava
mas né que um dia eu sunhei
que Zabé ia e vortava
acordei sentindo um cheiro
de foia de marmeleiro
com fumaça de escama
abri os óio e vi um vulto
me dirigindo uns insulto
sentado no pé da cama.
Ah seu padre nessa hora
fiquei mais fri do que gelo
arripiou sem demora
tudo quanto foi cabelo
eu nunca fui de tremer
nunca fui de temer
assombração nem visage,
mas quando vi a marmota
me senti um idiota
fartou-me folego e coragem.
As reza que faz sucesso,
ha rezei que fique cansado
rezei o credo as avessa,
o rosário atravessado
o pai nosso miudim
inté a reza de São Longuim
que minha avó me ensinou,
mas quanto mais eu rezava
mas a alma se enfiava
debaixo do cobertor.
Aí eu pensei comigo
que diabo essa alma qué
passei a mão no imbigo
pra vê se era muié
era Zabé sim sinhor
me deu no corpo um tremor
um frio e um farnizim
fiquei todo arrepiado
como um animá cercado
por dez vira lata ruim.
Me esqueci da oração
de afugentar coisa feia
também com tanta aflição
quem é que não se aperreia
por isso é que eu vim aqui
por sinhor correndo ir
na cova que Zabé tá
jogar umas água benta
pra vê se Zabé se aguenta
do outro lado de lá.

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Mais tempo...


Lu Minami

Ouvindo: Edge of The World, Faith No More.


Um pouco de tempo, ela pede. Tinha cabelos longos e lisos que nunca tinham pontas quebradas ou embaraçavam. Tinha olhos sempre úmidos, daquele jeito que a gente fica quando boceja ou quando está prestes a chorar. Sua boca era rosa, combinava com a cor das maçãs do rosto e contrastava com a testa alta e lisa.

Mas ela, delicadeza esmiúda dentro daquele corpo franzino, se sentia um animal. Não pelo sentido voraz da palavra, mas porque suava, se despenteava e esticava a boca, arreganhando os dentes brancos com os caninos alongados. Suas unhas se enterravam na pele quente daquele que, por cima dela era, por sua vez, voraz no sentido literal da palavra.

Pensava se era o certo. Questionava os motivos e não encontrava nenhum que justificasse aquela posição. Estava por baixo ou por cima, tanto fazia. Ele a segurava forte, como quem nunca mais vai deixá-la, mas ela sabia, dentro de suas unhas cor de leite, que ele iria escapar novamente. Passavam pensamentos obsoletos em sua cabeça: o trabalho que era feito com preguiça e sem paixão; a sua mãe que esquentava água para o café todos os dias; os discos que ela nunca tinha comprado; as despedidas esquecidas na gaveta. Ela se sentia obsoleta naquele instante que amanhã não teria importância alguma para ele. Ele continuava indo e vindo, no vaivém desenfreado de quem tem pressa. Ele deseja partir logo e ela, mesmo com o discurso pronto na ponta da língua "Não vá embora, fique aqui", não via a hora de acabar para sentir saudades daquele cheiro, a pele molhada e a boca entreaberta em contraste com os olhos fortemente fechados.

Parecia bonito, ela pensava. Aquelas boas histórias para se contar na companhia de um vinho seco e um Marlboro pendurado nos dedos com as amigas ouvindo desatentas à história que se repetia mais uma vez. O de sempre, elas diriam. Quando você vai parar de se machucar, elas repetiriam. Até quando você vai deixar que ele a use, elas insistiriam.

Mas ela, na escuridão do quarto, só pedia um pouco mais de tempo. Mais tempo, mais tempo, mais um pouco para lembrar a intensidade, o fervor e o sal da pele daquele que sempre ia embora meia hora depois.

terça-feira, 8 de novembro de 2005

...Vem, entregue essa ternura em seu olhar...



Jú Mancin

Ouvindo Cordas de Aço, Cartola e As Rosas não falam, na interpretação da Beth Carvalho.

Tô com saudade dos meus amigos. Da cuíca. Do ócio. Das tardes ensolaradas. Do bumbo. Das noites de lua. Das fogueiras. Do pandeiro. Até dos violões. Do café. Da cerveja. Do cavaco. Dos cigarros. Das palavras ditas no vazio. Do tamborim. Das confissões. Do riso. Das lágrimas. De casa. Enfim, tô com saudade!

Volto ao jardim, com a certeza que devo chorar, pois bem sei que não queres voltar para mim...

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Porquê acreditar.

Lu Minami

Ouvindo: Diamonds on the inside, Ben Harper.

Eu acredito no amor. Apesar de todas as feridas feias que foram abertas no meu corpo, apesar de todas as grandes ilusões onde eu mergulhei profunda e densamente, como se ali, naquele escuro, estivesse meu conforto. Apesar de todas as vezes que esperei o telefone tocar, a caixa de emails chegar com novas mensagens, a campainha me acordar e o coração abrandar. Apesar de ter sido enganada com tantas declarações de amor digitais, com provas fúteis e instantâneas que não duraram um piscar de olhos. Apesar de todos os abraços serem de mentira para acalmar uma culpa que nunca foi minha. Apesar disso tudo, eu não me tornei amarga e nem desesperançada, o que muitos esperariam.

Eu vou continuar acreditando porque ainda vejo o amor onde ele brota, cresce e se desenvolve. Nas pequenas e simples coisas. No beijo delicado de uma mãe em sua filha que acaba de chegar ao mundo. Na mãozinha rosa e pequenina que segura a mão do tio que nunca, jamais, vai abandoná-la. Na amizade sem esperar nada em troca. Na expectativa de um momento único e sublime. No amor entre duas pessoas.

O amor visto assim, casualmente, quando ele olha nos olhos dela e, no meio da multidão, diz que a ama. Ou quando ela fica triste e toma um café solitária e ele chega com flores e o CD preferido. Ou quando ela decide por uma festa, ele por um filme e, no final, saem para jantar de mãos dadas. Ou quando ele vai se aventurar, sentir a adrenalina no sangue, brincar de ser dono do mundo, enquanto ela espera paciente, enterrando seus pés e brincando com a areia. Mesmo quando parece que vai acabar, quando parece que não tem mais jeito... ela encontra uma maneira de caber na vida dele, sem invadir, eu consigo ver daqui onde estou e ele aceita porque sabe que não vive sem ela. E em épocas de ondas pesadas e grandes que atingem a nossa vida e parecem que levam tudo de bom e de ruim e nos deixam arrasados e sem nada, sempre há com quem contar, mesmo de madrugada ou num feriado ensolarado. Ela conta com você, meu amigo. E ele, minha flor, sempre vai te procurar pelos cantos da vida dele.

De expectadora que sou, sei que o amor requer abrir mão de sonhos para construir outros ainda maiores. O amor requer perdas, danos e lágrimas para que seja percebido. Parece um vento brincalhão que nos força a percorrer nesse tufão de sentimentos, ora intensos, ora brandos, os caminhos para que a gente se encontre, e coloca a alegria perto de onde podemos alcançá-la para nunca deixarmos de correr atrás dela.

E basta uma palavra. Um sentimento assumido no peito. A garganta pronta a dizer sim ou não. E sim, vamos tentar outra vez. E não, não te deixarei de novo. Talvez sejamos felizes, quem saberá? Sim, eu sei que seremos felizes juntos. Não, não quero nunca mais te ver triste. Vai dar certo? Você não quer tentar? Sim, vamos tentar. Eu te amo. Eu também te amo.

E por causa de tudo isso, da minha condição de expectadora da vida, suas imperfeições e sua plenitude, que eu ainda acredito em tudo que põem à frente de meus olhos e tocam meu coração.

terça-feira, 1 de novembro de 2005

ENFIM!!!


Jú Mancin

Ouvindo Can´t Keep, Pearl Jam (Riot Act, de cabo a rabo)
Nem preciso entrar em detalhes, né?! A foto e a trilha sonora já dizem tudo!!! E a Lú, aqui embaixo também.
Agora é só contar os dias pra minha viagem no tempo! Saudade, saudade, saudade! Cabelos desgrenhados, tênis sujos, roupas rasgadas e a boa e velha camisa xadrez.

GRUNGES NEVER DIE!!!

segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Até breve



Lu Minami



Ouvindo: Off He Goes, Pearl Jam


Passei a semana passada inteira em polvorosa. Fiquei ansiosa, dramática, sensível... Uma típica adolescente. Não penteei meu cabelo e nem me importei de andar de tênis no trabalho. Enfrentei filas, atendimento eletrônico em todas as tentativas de falar com um ser humano que me desse informações simples, ao invés de pedir para que eu teclasse milhões de números sem sentido e enfrentei a falta de grana típida de um adolescente quando quer muito uma roupa, um disco ou um show.

Tudo isso por causa de um ingresso. Mas todo mundo sabe que é bem mais do que isso. É um passaporte de mão única para a definitiva Neverland. É o ingresso para entrar na trilha sonora de minha vida e reviver, dentro daquelas centenas de decibéis, cordas distorcidas e da voz melancólica, o tempo confuso que não volta mais. O tempo de descobertas que não existe mais. Um dia inteiro para reviver os momentos de revolta, incompreensão e doçura que povoaram todos aqueles anos.

Ah sim... com 25 anos e mais alguns, iremos pular, gritar e chorar. Vamos nos emocionar, com um sorriso estático na cara que, ora molha os olhos, ora retumba o coração. E assim, na companhia de 40 mil pessoas, reviveremos a época em que os sonhos eram possíveis e fugiam da banalidade e ingenuidade; viver era simples como um fim de semana na praia; trabalhar era diversão; trânsito não nos irritava; cigarros ainda tinham gosto de rebeldia; porres homéricos ainda nos deixavam em calçadas e sarjetas.

Despedida. Hora de crescer. Acorda, garota! Vem se despedir da sua adolescência! Venha dizer um "até breve" à tenra idade.

"Até breve", porque Peter Pan nunca diria adeus.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

o belo e o puro


Lu Minami


Ouvindo: Bem da Vida, Vanessa da Mata

Uma criança levando o irmãozinho na garupa da bicicleta em plena avenida movimentada. Uma velha senhora carregando uma trouxa de roupa na cabeça, como se fosse lavá-las num ribeirão de sonho, meninos brincando, meninas cochichando, casais brigando e depois se perdoando num abraço na faixa de pedestres enquanto o sinal está fechado e a grama do canteiro sendo cortada.

Sempre me considerei uma pessoa sensível, mas hoje de manhã, as lágrimas mal se continham e vieram à tona com essas imagens que estão sempre ali e, na correria louca da cidade, eu dificilmente paro mais que dois segundos para olhar. Estão sempre ali, esses fragmentos de vida, que dariam belas fotografias preto e branco, coloridas com efeitos de movimento ou grandes e panorâmicas fotos da simplicidade humana.

Nessas horas eu desejo uma câmera fotográfica para registrar eternamente essa sensação de pureza e sensibilidade. Depois descubro que uma câmera filmadora seria ainda melhor para registrar o momento e seus movimentos e barulhos, as reações espontâneas ao redor que meu olho ainda destreinado não consegue captar e, principalmente, as minhas reações.

Penso mais uns minutos e, com a brisa quente de um verão que se aproxima, chego a conclusão de que não preciso de nada disso, nem câmera e nem filmadora. O que eu realmente preciso são dos meus olhos e ouvidos atentos, com um sorriso sempre no gatilho.

terça-feira, 11 de outubro de 2005

@#$#%&*$%@##!!!!!!!!!!!

Lu Minami

Ouvindo: Chop Suey, System of a Down

Em alguns dias, que fogem daqueles dias pré-menstruais, uma irritação muito grande toma conta de mim. Mas gente, presta atenção:

- Oi Seu Fulano, tudo bem?
- Opa, D. Luciana, tudo e você?
- Tudo bem também. Olha só, você vai para Campinas toda 5a feira, né?
- Vou sim.
- Pois é falei com o Sr. Beltrano (o chefe da criatura) e ele disse que, por causa do evento de domingo, vc pode ir na 6a, para não fazer 2 viagens.
- Mas olha, você precisa me avisar, porque eu preciso ver o que tem em Campinas.
- ???? Oi?
- É... tem que avisar.
- Mas eu estou te avisando. Você vai na 6a, para levar tudo de uma vez só.
- Mas olha, não sei porque tem o evento e precisa levar as coisas.
- Sim, você pode levar tudo na 6a feira.
- Mas se eu vou 5a feira, prá que vou na 6a?
- Não... não. (tendo úlceras vulcânicas dentro do meu estômago). Você vai na 6a, porque um dos materiais só chega na 5a feira à tarde. Aí você leva tudo, não precisa fazer 2 viagens.
- Mas, Dona Luciana. Sabe... tem que avisar Campinas.
- Mas, FULANO... o Sr. Beltrano vai avisar o pessoal de Campinas.
- Mas olha, e se tiver nota fiscal lá?
- Ahn? Então, por isso o Sr. Beltrano vai falar com eles.
- Mas olha, Dona Luciana. É que... na verdade, eu não posso ir na 6a feira.
- Aaaahhhh e porque?
- Porque sempre foi 5a feira o dia de Campinas. Se eu for na 6a, eu preciso de autorização.
- Mas eu tô te dando a autorização. (arrancando meus cabelos e tentando manter a voz calma)
- Mas a senhora não pode me autorizar não. A autorização tem que vir do Sr. Beltrano.
- ...

É claro. Esse tipo de diálogo acontece todo dia, em nossas vidas. Mas depois de um diálogo desses, acontece o seguinte fato:

Acabo de bater o telefone e me contorcer de dores gástricas.
- Oooooooooiiiiiiiiiiiiiiiii Luzinha lindinha!
Eu mal levanto a cabeça: Oi.
- Sabe o que ééé???? Sabe aqueles troféus, medalhas e uniformes do evento de domingo?
- Sei sim.
- Eles chegam no dia 30, tá? (espertão, já está com a metade do corpo para fora da minha sala)
Eu respiro. Calma e profundamente:
- Que dia é domingo?
- Dia 16.
- Eu preciso, realmente, dizer mais alguma coisa para você?
- Na verdade, eu só vim trazer o recado, sabe. Eu até fiz as contas na minha cabeça e achei meio estranho os trofeus chegarem 2 semanas depois, mas vai saber... de rep..
- Olha. Tá, Tudo bem. Deixa. Você pode ir agora? Eu vou tentar resolver.
- Ah... me pediram para te dar o telefone da empresa.
- Tá, eu tenho.
- Não tem não. Essa empresa é nova, não é a mesma.
- Não? (muito, muito desconfiada)
- Não... essa é nova, mas pelo menos não cobra o frete.
- Frete?
- É.... olha. Prefixo 61 é de onde?

Gente... é de Goiânia!!!!! Mas quem, no mundo, vai querer fazer troféus em Goiania, para receber em São Paulo e premiar em Campinas??? Quem?????

O ponto bom é que eu trabalho em academia e aqui tem sauna, spa e massagista.
E tem aula de boxe também.

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

*DECLARAÇÃO PIRATA* Capitão Bellamy




Jú Mancin


Ouvindo The Doors

O texto a seguir, foi extraído integralmente do livro TAZ, Hakim Bey*, da coleção BADERNA.

"Daniel Defoe, escrevendo sob o pseudônimo de capitão Charles Johnson, escreveu o que se tornou o primeiro texto histórico sobre os piratas, A General History of the Robberies and Murders of the Most Notorious Pirates (Uma História Geral de Roubos e Assassinatos dos Mais Notórios Piratas). De acordo com Jolly Roger (a banderia pirata), de Patrick Pringle, o recrutamento de piratas era mais efetivo entre os desempregados, fugitivos e criminosos desterrados. O alto-mar contribuiu para um instantâneo nivelamento das desigualdades de classe. Defoe relata que um pirata chamado Bellamy fez este discurso para o capitão de um navio mercante que ele tomou como refém. O capitão tinha acabado de recusar um convite para se juntar aos piratas:

Sinto muito que eles não vão deixar você ter sua chalupa de volta, pois eu desaprovo fazer mesquinharia com qualquer um, quando não é para minha vantagem. Dane-se a chalupa, nós vamos naufragá-la e ela poderia ser de uso para você. Embora você seja um cachorrinho servil, e assim são todos aqueles que se submetem a ser governados por leis que os homens ricos fazem para sua própria segurança; pois os covardes não têm coragem nem para defender eles mesmos o que conseguiram por vilania; mas danem-se todos vocês: danem-se eles, um monte de patifes astutos e vocês, que os servem, um bando de corações da galinha cabeças ocas. Eles nos difamam, os canalhas, quando há apenas esta diferença: eles roubam os pobres sob a cobertura da lei, sem dúvida, e nós roubamos os ricos sob a proteção de nossa própria coragem. Não é melhor tornar-se então um de nós, em vez de rastejar atrás desses vilões por emprego?

Quando o capitão replicou que sua consciência não o deixaria romper com as regras de Deus e dos homens, o pirata Bellamy continuou:

Você é um patife de consciência diabólica, eu sou um príncipe livre e tenho autoridade suficiente para levantar guerra contra o mundo todo, como quem tem uma centena de navios no mar e um exército de 100 mil homens no campo; e isto a minha consciência me diz: não há conversa com tais cães chorões, que deixam superiores chutá-los pelo convés a seu bel-prazer."

* Hakim Bey é o escritor misterioso. Não há fotos dele. Milhares de histórias a respeito de quem seria ele correm soltas pela internet. A mais freqüente diz que Hakim Bey teria sido um poeta em algum lugar do norte da Índia, que por questões políticas teria sido obrigado a fugir para a Inglaterra e depois, por causa do envolvimento em uma ação terrorista, teria fugido para Nova Iorque.

A informação mais segura diz que ele viveu muito tempo no Irã, mas fazendo o quê é um mistério. Quando a Time tentou entrevistá-lo, ele se recusou e passou um tempo desaparecido. Mas nada disso impediu que ele se tornasse um dos autores mais discutidos do mundo atual.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Polêêêêêmica!

Lu Minami


Ouvindo: Metarmofose Ambulante, Raul Seixas.

Eu juro, não aguento mais tanta polêmica. Começou com o show do Pearl Jam, continuou com a merda de indicação do filme "2 filhos de Francisco" para representar o Brasil no Oscar, culminou com a votação sobre o referendo e vai continuar por mais algumas semanas, porque com certeza mais algum assunto vai aparecer.

Ai, hoje eu cansei de levantar a voz para tentar ser ouvida. As pessoas simplesmente metralharam pontos de vista obtusos, argumentos falhos e estufaram o peito para mostrar quem era o mais sabido e interessante. Chato, muito chato. Eu não quero polêmica. Também não quero ser politicamente correta porque enche o saco e ninguém se lembra dos politicamente corretos. Mas sabe, eu queria ouvir uma pessoa sensata discursar sobre todos esses assuntos e me esclarecer todas as dúvidas que eu tenho. Aí, talvez eu mude de opinião e deixe de me equilibrar na corda do saber-por-acaso. Hoje, eu não tenho conhecimento suficiente para dizer o que acho melhor nisso ou naquilo, apesar de eu achar que ´Nina´ é um filme brilhante, apesar de eu querer ver o show do Pearl Jam numa boa, sem prefeito e molecada me enchendo o saco e apesar de eu querer, sinceramente, um país menos violento. E, finalmente, apesar de eu querer que as pessoas não questionassem algumas atitudes que podem parecer estúpidas, mas têm um fundo de coração ali que ninguém deveria ousar duvidar.

Passei hoje na Saraiva para tentar achar alguma revista ou jornal que me chamasse a atenção. Vi "7 razões para votar ´não' ao desarmamento" e do lado desta capa, uma outra revista metida a cool que tinha um buraco de bala que atravessava todas as páginas e dizia "Porque você deve votar 'sim'". A primeira página do jornal, dois tablóides depois, comentava a decisão de fazer o show do Pearl Jam em São Paulo e o outro, do lado dizia que o prefeito Serra continuava irredutível em sua decisão. CPI dos Bingos. Dos bingos??? Mas não era dos Correios? Zezé Di Camargo, Luciano, Oscar. Bleeeergh! Não. Nenhuma revista, nenhum livro, nenhum disco inovador. Nada, nada.

Mas, de repente, escondida entre um SIM, outro NÃO, fofocas, CPIs, Duplas sertanejas e prefeitos com cara de bisonho, eu avistei uma revista, meio amassadinha, coitada, mas que tinha em sua capa os seguintes dizeres em letras de concreto: "O fim do mundo começou".

Suspirei, abri um sorrisão, peguei a revista e saí correndo para pagar.

sexta-feira, 30 de setembro de 2005

GRUNGES NEVER DIE!!!


Jú Mancin


Ouvindo Sometimes, Pearl Jam

Voltei!!!

Ando meio ausente desse meu diário digital, mas não é desleixo, nem tampouco má vontade. Muito pelo contrário, sinto-me vazia quando não escrevo algumas linhas. Mas o fato é que estou trabalhando. Ops! Calma, calma. Sem alvoroço. Tá tudo sob controle, só me rendi a esse artifício porque estou, necessariamente, precisando de grana.

No ínicio, grana para comprar o ingresso para o show do Pearl Jam. Agora, comprar ingresso, passagem, pagar hospedagem e comida. Tudo porque o show de sampa tá ameaçado! E lá vamos nós para a Pedreira, em Curitiba, né?! Fazê o quê???

É o show da minha vida. Mal posso esperar. Sei que minha mente vai vagar por um passado obscuro, cheio de lembranças distorcidas, coisas que se esconderam ali, numa sala da minha memória, trancadas atrás de uma porta, fechada à sete chaves, escondida atrás de uma imensa estante de livros. As chaves para abrir essa porta? Música. Eddie Veder me contando a saga de Jeremy, ou dizendo que uma vez teve controle sobre si mesmo e que uma outra vez ele se perdeu. Oceans, Black, Release, Even Flow, Sometimes, You Are, I´m mine, Corduroy, Daughter, Crazy Mary. São muitas. Eu, realmente, mal posso esperar.
www.queremospearljam.blogspot.com (link para o blog de abaixo assinado pela liberação do Pacaembú)

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

A espera das coisas

Lu Minami


Ouvindo: O Vento, Los Hermanos

Vocês já devem ter percebido que esse blog é um pouco nostálgico às vezes, beirando a melancolia. Mas se vocês prestarem atenção, vão notar que sempre existe um fiozinho, ainda que um pouco apagado, de esperança. Esperança de que as coisas mudem afinal, mas nem tanto. Esperança de manter acesa a chama de uma infância que hoje não tem mais cabimento, mas que às vezes cabe muito bem, dentro das nossas histórias antigas e recentes.

Tudo na vida é esperar. Se você acha que eu estou sendo idiota ao dizer isso, eu repito. A gente vive a esperar pelo inevitável. A gente vive a esperar pelo fim das coisas. Pelo fim do mundo, pelo fim dos juros altos, pelo fim da miséria, pelo fim do consórcio, pelo fim da corrupção, pelo dia em que finalmente vamos decidir embarcar em um avião e conhecer o mundo, pelo fim de um relacionamento desgastado, pelo fim da vida, pela morte.

Tenho uma amiga que espera ansiosamente pela oportunidade de reviver as cores do mundo e esquecer suas dores. Ela decidiu pôr fim a um relacionamento que a arrastava pela vida e a deixava desbotada para o resto das pessoas. Demora a passar a dor do desapego, mas a vida há de contar a ela um final feliz, ao lado de pequenas felicidades, todos os dias. O que me conforta é que ela possui pernas muito saudáveis que vão levá-la cada vez mais longe, para perto de um grand finale.

Eu espero um dia que eu finalmente consiga superar a minha subjetividade e pare de viver dentro de um filme dirigido por mim mesma. O que é um tanto quanto estúpido, já que eu sou minha maior inimiga e que me coloca nas situações de dar inveja aos filmes de ação e terror de Hollywood. Eu espero parar de ensaiar diálogos surreais comigo mesma, esperando a chance de utilizá-los um dia para sair de alguma situação cabulosa, na qual, eu tenho certeza, eu vou me enfiar sozinha.

Outro amigo resolveu de repente que quer mudar tudo, inclusive sua opção sexual. A ilusão é realmente um poderoso veneno, ele disse para mim esses dias, enquanto tomávamos um café. "Auto-boicote", ele esbravejou. Eu sei, no meu coração imaturo, que ele espera a mesma coisa que eu: o dia em que ele vai amar de um jeito puro, de um jeito que ele entenda, para fugir das jogatinas amorosas rotineiras em que ele se aventura e sempre sai devendo ao outro parceiro e a si mesmo.

Eu acho que nós esperamos pelo dia em que iremos quitar essa dívida conosco.
(Quer saber? Acho que tô escutando muito Los Hermanos...)

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Aos 25



Lu Minami

Ouvindo: We are all made of stars, Moby.


Tenho saudades.
Acho que são os 25 anos que estão fazendo isso comigo. Vivo na eterna sensação de nostalgia e uma sensação de coisa boa indo embora, pelo simples fato de não saber como levar adiante.

São saudades pontuais. Quer dizer, tenho saudades de épocas, sensações e pessoas diferentes, mas cada dia ou semana, algumas se intensificam mais do que as outras. Eu me esforço para não pensar que isso seja um sinal de fracasso da minha vida atual. Quero que seja um sinal de amadurecimento, de rever tudo o que passou até hoje e fazer um balanço otimista para as próximas décadas. Será?

Hoje por exemplo estou com saudades das minhas paixões.
Sinto falta de como era simples se apaixonar e como as diferenças naquela época não importavam tanto como hoje. Sinto falta das molecagens e da imaturidade daqueles anos. O ciúme, a briga para chamar a atenção, o charme jogado fora porque o jogo de basquete na rua era bem mais interessante do que eu. As brincadeiras e as viagens. Os triângulos amorosos... ah sim. Os triângulos que às vezes viravam polígonos com muitas arestas. Os porres e as besteiras que a gente fazia. As músicas e os bares. As outras meninas para quem ele olhava ou um amor desperdiçado pelo motivo ignóbil de não tentar por medo de perder a juventude acelerada e desacelerar para fazer planos. Sem planos, ninguém queria planejar, todo mundo queria viver loucamente, sem se preocupar se havia riscos.

E a primeira vez? Minhas opções de "primeira vez" se esgotaram. Já vivi meu primeiro porre, meu primeiro cigarro, meu primeiro beijo, minha primeira transa, meu primeiro cheque que voltou, meu primeiro chifre, minha primeira decepção... Estou sem a sensação de "inédito" na minha vida. Minhas opções acabaram e o que ainda tenho para experimentar é muito perigoso. A cautela aumentou com o passar dos anos e a imprudência sumiu, aos poucos.

Baseado nisso, fica fácil entender porque tenho tantas saudades. Naquela época a dor e a miséria humana ficavam mais distantes de mim porque eu ainda não as tinha experimentado e, mesmo quando estas se aproximavam, eu as romantizava e transformava o triste no belo. Hoje o novo nem é mais novo e a mania que a gente tem quando cresce que transformar tudo em fatos, cálculos e situações objetivas deixa tudo passar batido, sem a pureza de antigamente.

25 anos. Puta idade estranha.

terça-feira, 6 de setembro de 2005

*Sweet Home Jurupema*



Jú Mancin

Ouvindo Almir Sater

É fim de tarde na roça. Momento sublime!
O sol vai se pondo, num espetáculo único. O céu se colore entre avermelhados e azuis. As sombras dançam.
O cheiro da relva se funde com o da lenha, que aquece o feijão e o coração.
A noite vem vindo, com seu céu carregado de estrelas e uma lua amarelinha que, pendurada, sorri no canto da Serra, deixando a paisagem mais serena. Vem trazendo o sonho de um novo dia.
Na varanda, a rede balança suave. Como tudo ali no sertão.
O fumo de corda embala minha paz.
Aos ouvidos sobram o canto da cigarra, os "kri-kris" de um grilo manhoso e o violeiro.
"Tudo é sertão. Tudo é paixão se um violeiro toca. A viola, o violeiro e o amor se tocam."

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

LADO DIREITO DO CÉREBRO!

Síndrome
Pessoal, acho que estou meio revoltado com a política e a sociedade do nosso amado e idolatrado País, estou postando coisas pesadas neste Blog, e nada melhor que gargalhar para relaxar! Então façam o seguinte exercício;
Quando você estiver sentado à sua mesa, faça círculos com o seu pé direito no sentido dos ponteiros de um relógio. Enquanto estiver fazendo isso, desenhe no ar o número 6 com a sua mão direita.
Agora começa a rachar o bico, pois o movimento do seu pé vai mudar de direção...
Vai circular contrário aos ponteiros de um relógio...
Não adianta, é o mesmo local do cérebro que comanda...

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

A morte do PT

Síndrome
O texto do Marcelo Taz à seguir, me fez repensar minha opinião política, é provocante e ao mesmo tempo muito coerente, leiam e tirem suas próprias conclusões...

Por não ser petista, sempre fui considerado "de direita" ou "tucano" pelos meus amigos do falecido Partido dos Trabalhadores. Vejam, nunca fui "contra" o PT, antes dessa fase arrogante mercadântica-genoínica, tinha respeito pelo partido e até cheguei a votar nos "cumpanheiro". A produtora de televisão que ajudei a fundar no início da década de 80, a Olhar Eletrônico, fez o primeiro programa de TV do PT. Do qual aliás, eu não participei. Desde o início, sempre tive diferenças intransponíveis com o Partido dos Trabalhadores, vou citar duas;
Primeira: nunca engoli o comportamento homossexual dos petistas. Explico: assim como os viados, os petistas olham para quem não é petista com desdém e falam: deixa pra lá, um dia você assume e vira um dos nossos.
Segunda: o nome do partido. Por que "dos Trabalhadores"? Nunca entendi. Qual a intenção? "Quem é ou não é trabalhador"? Se o PT defende os interesses "dos Trabalhadores", os demais partidos defendem o interesse de quem? Dos vagabundos?

E o pior, em sua maioria, os dirigentes e fundadores do PT nunca trabalharam, pelo menos, quando eu os conheci, na década de 80, ninguém trabalhava. Como não eram eleitos para nada, o trabalho dos caras era ser "dirigentes do partido", isso mesmo, basta conferir o currículum vitae deles, repare no choro do Zé Genoníno quando foi ejetado da presidência do partido. Depois de confessar seus pecadinhos, fez beicinho para a câmera e disse que no dia seguinte ia ter que descobrir quem era ele, ia ter "que sobreviver" sem o partido. Isso é: procurar emprego. São palavras dele, não minhas. Lula é outro que se perdeu por não pegar no batente por mais de 20, talvez 30 anos... Digam-me, qual foi a última vez, antes de virar presidente, que Luis Ignácio teve rotina de trabalhador? Só quando metalúrgico em São Bernardo. Num breve mandato de deputado, ele fugiu da raia. E voltou pro salarinho de dirigente de partido. Pra rotina mole de atirar pedra em vidraça.
Meus amigos petistas espumavam quando eu apontava esse pequeno detalhe no curriculum vitae do Lula. O herói-mor do Partido dos Trabalhadores não trabalhava!!! Peço muita calma nessa hora. Sem nenhum revanchismo, analisem a enrascada em que nosso presidente se meteu e me respondam. Isso não é sintoma de quem estava há muito tempo sem malhar, acordar cedo e ir para o trabalho. Ou mesmo sem formar equipes e administrar os rumos de um pequeno negócio, como uma padaria ou de um mísero botequim?
Para mim, os vastos anos de férias na oposição, movidos a cachaça e conversa mole são a causa da presente crise. E não o cuecão cheio de dólares ou o Marcos Valério. A preguiça histórica é o que justifica o surto psicótico em que vive nosso presidente e seu partido. É o que justifica essa ilusão em Paris... misturando champanhe com churrasco ao lado do presidente da França... outro que tá mais enrolado que espaguete.
Eu não torço pelo pior. Apesar de tudo, respeito e até apoio o esforço do Lula para passar isso tudo a limpo. Mesmo, de verdade. Mas pelamordedeus, não me venham com essa história de que todo mundo é bandido, todo mundo rouba, todo mundo sonega, todo mundo tem caixa 2... Vocês, do PT, foram escolhidos justamente porque um dia conseguiram convencer a maioria da população (eu sempre estive fora desse transe) de que vocês eram diferentes. Não me venham agora querer recomeçar o filme do início jogando todos na lama. Eu trabalho desde os 15 anos. Nunca carreguei dinheiro em mala. Nunca fui amigo dessa gente.
Pra terminar uma sugestão para tirar o PT da crise. Juntem todos os "dirigentes", "conselheiros", "tesoureiros", "intelectuais" e demais cargos de palpiteiros da realidade numa grande plenária. Juntos, todos, tomem um banho gelado, olhem-se no espelho, comprem o jornal, peguem os classificados e vão procurar um emprego para sentir a realidade brasileira. Vai lhes fazer muito bem. E quem sabe depois de alguns anos pegando no batente, vocês possam finalmente, fundar de verdade um partido de trabalhadores.

terça-feira, 16 de agosto de 2005

Bom Dia, Tristeza!

Jú Mancin

Ouvindo Samba da Benção, Vinicius de Moraes

Dia triste hoje. Melancólico, parado. Eu diria que suspenso. Sem motivo aparente. um pouco de poesia para embelezar a tristeza.

Bom dia, Tristeza!

Que tarde, Tristeza!

Você veio hoje me ver

Já estava ficando

Até meio triste

De estar tanto tempo

Longe de você.


Se chegue, Tristeza

Se sente comigo

Aqui, nesta mesa de bar

Beba do meu copo

Me dê seu ombro

Que é pra eu chorar

Chorar de tristeza

Tristeza de amar.

Adoniran Barbosa/Vinicius de Moraes

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Mentiras


Jú Mancin


Ouvindo California Uber Rules, Dead Kennedys

Têm coisas que não tem explicação. Mentira é uma delas.

Claro, não tô me referindo à corja que comanda esse país, nem aos grandes líderes mundiais. Esses conspiram mesmo. Eles vivem de mentiras, precisam disso para se manter no poder. São tantas mentiras que nos perdemos. A sensação que tenho é a de que vivemos constantemente na MATRIX. O Mito da Caverna, de Platão é perfeitamente aplicável ao mundo atual. Deveríamos sair de dentro da caverna e passar a enxergar a verdade sobre aquelas figuras que fazem sombras dentro dela. Mas isso pode ser perigoso e feio. Não é disso que tô falando.

Falo sobre mentiras do dia-a-dia, que nós pobres mortais, sem mensalão, contamos. Mentiras sem fundamento. Mentiras pro chefe. Mentiras pro pai. Mentiras pros amigos. Meu Deus, esses são as grandes vítimas. Quantas desculpas esfarrapadas nos pegamos dando, para justificar nossa ausência em algum lugar? Não seria mais simples dizer, não fui porque não quis. Risos. Aí nos vemos dizendo, que não "deu". Que não "pude". Que não "estava bem". O que tem de gente internando a mãe, o pai, a avó, tios distantes, enfim. Matamos nossos entes para justificar nossas "cagadas". Vai entender. por isso eu digo sempre: ODEIO GENTE!

Será que vamos ter de apelar para CPI´s? Imaginem CPI do Parque Espacial. Nossa! Seriam muitas vertentes dentro de uma mesma CPI. A CPI do Parque Espacial vai investigar o namoro de fulana com beltrano. Ou a implicância daquela menina com aquela outra menina. Ou a "inesperada" gravidez de alguma desavisada que não se previne. Ou o sumiço daquele amigo que a gente tanto preza. Enfim pequenas mentiras sem explicação. E absolutamente desnecessárias.

Outra sugestão é a análise dos sinais para a detecção de mentiras, que eu achei num site sobre mentirosos. Então vamos lá. Fiquem atentos!

Alterações na voz;

Mudanças no estilo de discurso;

Um aumento substancial de "ah" e "hum" enquanto se está a falar;

Alterações no contacto visual. Geralmente fazemos contacto visual durante ½ do tempo em que estamos a falar. É verdade que há pessoas mais tímidas do que outras, mas tome atenção quando estiver a falar com alguém, se, a um dado momento, essa pessoa começa a olhar noutras direcções e a não conseguir encará-lo directamente. Afastar o corpo, nem que seja suavemente;

Tapar a cara com a mão, principalmente a boca;

Movimentos nervosos dos pés ou das pernas.

That´s it!!!

E ó...mentira tem pernas curtas, hein pessoal!!! Hahahaha...

Shit Happens


Lu Minami

Ouvindo: If you leave me now, Chicago.

Eu estava um pouco cansada hoje. Tive reuniões que duraram horas ao invés de breves minutos eficientes e respondi uma penca de emails. Vai e volta. OK, obrigada, fyi, responda asap, estou no aguardo. Tu tu tu tu... telefone sempre ocupado da única pessoa que eu tinha que falar hoje para resolver a minha vida. Sempre ocupado. "O telefone móvel está ocupado ou fora da área de registro". Para onde você foi, hein? Com quem está e o que está resolvendo, que não tem tempo para me atender?

Me irritei, olhei para o relógio que marcava 18h. Estava contente, pegando a bolsa e o meu assistente eficaz comenta: Hoje é seu rodízio, vou buscar café, quer? Quero, sento emburrada. Goles de café expresso com baunilha me acalmam se não queimassem a minha língua. Continuo a analisar as minhas pendências e respondo mais emails. OK, tento mais uma vez. Ocupado, salvando o mundo de bombas nucleares ou tirando o seu da reta em algum problema na empresa.

Abro o site do cinema, resolvo pegar uma sessão. Filminho bobo, água com açúcar. Eu sei, é letal para mim nas atuais circunstâncias. Romance hollywoodiano é exatamente o motivo que eu preciso para me afundar em tristeza auto-piedosa e me matar em seguida, para ser achada 1 semana depois, cinza e magra.

Resolvo ir.

Comprovado: filme de amigos que se conhecem há anos e, depois de encontros e desencontros, resolvem que se amam e querem se casar.

Depois da tentativa frustrada de me matar na marginal, tento o celular de novo. Tu, tu, tu, tu... Porque eu, ao invés de tu? Porque eu é que tenho que estar desse lado da linha ouvindo tu, tu, tu... podia ser algo como te quero, quero, quero, quero. E, na segunda tentativa, algo do tipo: agora, agora, agora. Não. Continuo no tu, tu, tu.

Páro no posto, peço outro café. E saio da loja de conveniência para fumar um cigarro. Conveniente seria se o frentista não tivesse me dito: Moça, não pode fumar aqui não. Tem risco de explosão por causa da gasolina. Ora que se exploda! Mas não, apago o cigarro obediente e vou para o carro ouvir músicas tristes. Já que é assim, que seja. Fico triste e mal-humorada.

O mundo poderia acabar hoje. Com a fúria das coisas quando estas se destróem, eu me acalmaria numa segunda-feira desesperançada.

Eu quero aquele adesivo de carro: Shit Happens.

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

TPM


Jú Mancin


Ouvindo Protege Moi, Placebo

TÔ NA TPM!

Preciso dizer algo mais???

Preciso.

FODA-SE! FODA-SE! FODA-SE!

Pronto!

sábado, 6 de agosto de 2005

Ai, te esqueci.

Lu Minami

Ouvindo: Piercing, Zeca Baleiro

Eu resolvi num dia de inverno que esse frio não me congelaria mais e que meu coração queria se aquecer de novo. Mas aí, me bateu aquele desespero do cobertor que eu não conhecia. Estava tão acostumada com seu cobertor bege encardido. Fiquei na dúvida se o novo cobertor me permitiria fazer bolinhas tão macias como o seu.

Mas sabe, não teve jeito. Esse novo chegou devagar e se apoderou do meu álbum velho de fotografias e o substituiu por capas coloridas e novos retratos felizes e tranquilos. Você nunca adoçou meu café. E eu nunca permiti que alguém fizesse isso. Mas ele sabe a medida certa do pouco açúcar que eu gosto. Sabe que eu detesto adoçante e refrigerante light antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Ele me deu um disco do Paulinho da Viola e disse que a faixa 2 era para mim. Alguma coisa qualquer sobre um samba infinito. Não que eu tenha prestado atenção, porque não prestei. Ainda finjo ser indiferente aos estímulos que ele faz para fazer com que eu me apaixone por ele.

Um dia, fomos jantar e ele pediu meu vinho preferido, mesmo sem combinar com a comida. Não importa, ele disse, o vinho precisa combinar com você. Nesse momento, você me pareceu bobo e egoísta.

Ele viu poesia na noite da cidade e entendeu que gosto mais da minha solidão do que dele ou de qualquer pessoa. Ele disse que sou egocêntrica e prepotente. Me xingou, segurou no meu cabelo como se fosse corda, me carregou e me forçou a dormir com ele. Eu não queria dormir ali, mas o conforto me venceu e eu fiquei.

Nesse momento de serenidade incompreendida, eu te odiei mais do que tudo. Me vinguei da sua apatia e maldisse a sua preguiça estúpida e a sua falta de paixão. Não queria nunca mais acordar e isso era sinal de que se o mundo terminasse naquele momento, era ali que eu deveria e queria estar. Mesmo com a corrupção, o terrorismo, a violência, a decadência e a tristeza, eu não queria levantar bandeira nenhuma. Meu consumo por direito era aquele, ali do meu lado, que dormia de olhos meio abertos.

Ah se eu pudesse escolher, viveria mais um tempo na tristeza que você me presenteou. Mas não tive escolha e voltei a sorrir.

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

LostBoys


Jú Mancin


Ouvindo Zen Brain, Nada Surf (a banda que meu amigo grunge me apresentou)

Um inusitado encontro me fez sentir muita saudade dos velhos tempos. Uma reunião de renomados Abutres do Parque Espacial. Os "lost boys" da nossa Neverland. E fiquei pensando, onde andaria o Peter Pan. Parece que ele deu uma sumida, deve estar correndo atrás da sua sombra por aí. Neverland anda triste e silenciosa, sem a magia da infância. Será que todo mundo cresceu?

Saudade das tardes quentes, dos skates, do Offspring/Green Day/Nirvana/Janes cantando pra gente, das piadas, da gang toda reunida, sem motivo aparente. O grande motivo éramos nós mesmos. Farrel berrando a mensagem de Jane. Bob nos mandando lutar por nossos direitos e nos avisando dos males de um mundo de guerras. Cerveja. Muuuuita cerveja.

Onde se enfiou o Peter?

Será que tá na Austrália, dando uma forcinha por nosso amigo português e esperando o Abutrão que já tá indo?

Ou tá com o Pastel? Acho provável. Esse não cresce nunca.

Pode ser que ele esteja lá em Bento, fazendo companhia pro nosso querido Bisna. Um cara sisudo, mas não menos amigo.

Lá na Paraíba, em "Soiza", com o Dimas? Aliás como será que tá o Dimas? Espero que a Era Digital chegue lá um dia e nos coloque em sintonia com esse abutrinho. Muita saudade dele!

Ou com o "menino Alisson", lá pras banda de Fortaleza?

Bom, talvez o Peter esteja aqui por perto mesmo. Tentando explicar pro Arroiz que crescer assim tão rápido é letal pra saúde. Pra dele e pra nossa, que ficamos na saudade.

Seja como for, o Peter tem dois "lost boys" trabalhando muito com ele. Além de todas as fronteiras. Nos dizendo a cada momento que a vida é curta, e que só nos resta viver. Intensamente.

Esse é o legado que nossos ABUTRES nos deixaram, sigamos então, do jeito que manda a tradição. Bebendo e aprendendo. Entre um café e um cigarro, uma cervejinha pra clarear as idéias.

E só nos resta implorar ao Peter Pan, que volte logo, e nos de o ar da sua graça.

E só pra não perder o hábito. GRUNGES NEVER DIE!!!!

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Um berro!

Lu Minami


E esse blog está rendendo mais do que eu e a Ju esperávamos. Agora a gente tem a participação de mais um colaborador com algo a dizer. O codinome é um show à parte. Síndrome é o novo nickname desta participação ilustre que, na minha opinião, tem idéias claras sobre o mundo, embora às vezes seja um pouco radical em suas teorias. Tudo bem, acho que se estivermos acompanhadas de um cigarro e de um café, vai dar para acompanhar. Só toma cuidado para não engasgar.

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Ouvindo: She, Green Day

Estava vindo trabalhar, super atrasada, porque fiquei com preguiça de levantar na hora por causa do frio. Peguei um trânsito fenomenal na marginal pinheiros e fiquei pensando nas reuniões que eu teria hoje e nos projetos que eu teria que terminar para apresentar para o meu chefe. Cronograma, metas, planejamento estratégico, patrocínios, enfim... estava pensando em ligar para cancelar algumas reuniões e imaginando como eu ia fazer para chegar até Campinas para outra reunião importante no meio da tarde.

Hoje meus neurônios estavam acelerados e eu pensava no que fazer à noite. Queria ir ao cinema sozinha, tomar um bom café e ler jornal. Se não fosse isso, jantar com alguns amigos e falar de trabalho.

No rádio, rolava a propaganda de algum banco e seus planos de crédito para quem não tem crédito. Em seguida, uma música bem antiga. Daquela época em que eu era rebelde, dava trabalho para meus pais e era o mau exemplo para a família. Uma música que eu cantei alto e que virou o hino de um tempo que não volta mais. Uma banda que hoje continua a fazer sucesso, mas na minha época o vocalista era mais louco, tinha cabelo verde e hoje, vive deprimido e usa delineador nos olhos para ainda parecer louco. Dentro do meu tailleur marrom - que eu peguei emprestado da minha mãe - eu cantei, me descabelei e gritei dentro daquele carro que eu queria que explodisse e me transportasse de volta para os pátios de colégio, para as fitas cassetes que a gente gravava aos montes e escutava o walkman na aula de matemática da professora mais chata da escola, ou na perua de volta para casa e para a frente da MTV, quando ela tinha aqueles BG´s toscos e coloridos, mas a programação era genial e a Astrid Fontanelle entendia de música.

Em três minutos de música, eu me vi de camisão xadrez amarrado na cintura, as brigas homéricas com a minha mãe por causa do som alto ou porque eu, com 14 anos, queria ficar até tarde na casa de um amigo, ouvindo aquele monte de música legal que só ele tinha e minha mãe, tadinha, vendo maldade na situação. Eu sinto saudades terríveis (terríveis porque me consomem) da época mais inocente da minha vida, onde os problemas eram outros; os amores eram possíveis, apesar de platônicos; era fácil ter ideais e idéias; eu sabia de cor toda a discografia e letras das músicas das minhas bandas preferidas; a vida adulta para nós era chata e distante, e eu não pensava estrategicamente. Pensava com o coração, agia com o coração e não dava sorrisinhos compreensivos e "ahans" acompanhados de piscadinhas para quem merecesse um "Vá à merda" bem uníssono e bem gritado.

Apesar de eu mandar muita gente à merda hoje em dia, fiquei um pouco frustrada de constatar que algumas vezes tenho gritado em silêncio para quem merece todos os alto-falantes de um bom show de rock na orelha, dizendo bem alto "Vá à merda" na voz do Billie Joe, Mike Patton, Kurt Cobain, Eddie Vedder, Layne Staley, Chris Cornell, Scott Weiland e Mark Arm, por exemplo.

Acho que as pessoas seriam mais desencanadas e menos medíocres com um berro nesses na cabeça, né?
Eu aumentei o volume no máximo, gritei como uma adolescente inconsequente e mandei todo mundo para aquele lugar.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

Síndrome

Jú Mancin

Ouvindo BOOM! System Of A Down.

Estamos evoluíndo.

Agora além de cafeína e nicotiona, temos a Síndrome. Que já chegou mostrando a que veio. Dando dicas interessantes sobre o que fazer com a escória do país. É isso aí, vamos escurraçá-los daqui. Só o povo é capaz disso. Esse poder está em nossas mãos. Pena que a maioria se contante em assistir ao noticiário da TV, ouvir a narração de toda essa bandalheira, fazer comentários vazios nas padarias e filas do banco. Até quando vamos ficar parados, vendo os nossos cofres se esvaziando, nosso dinheiro suado indo pra lama? Lama não, porque esses malditos não pisam na lama, o negócio deles é grama sintética mesmo. Dos campos de Golf.

A solução? Impedi-los de atuar como cidadãos. Não deixar que entrem em aviões, aeroportos. Barrá-los nos shoppings, supermercados, drogarias. O dinheiro é nosso e nós decidimos o que deve ser feito com ele. O direito de ir e vir só é válido para cidadãos de bem, que seguem a Constituição. Eles roubam. Deveriam estar na cadeia. Já que a Justiça não se encarrega disso, alguém, tem que fazer o trabalho sujo. Sujo não, na verdade limpo.

Mas enfim, esse post é para dar as boas vindas à nossa Síndrome, sem papas na língua, ou nos dedos, como prefirirem.

Câncer Social

Síndrome
"O Rio é uma maravilha, mas São Paulo... São Paulo é uma cidade."
Frase famosa no mundo da moda, atribuída a Marlene Dietrich, hoje serve como início de frase, pois deve ser completada com São Paulo é uma cidade de vermes malditos e capitalistas escrotos. Este público é chamado de classe AAA pela mídia em São Paulo, é ridículo e estúpido, desde muito pequeno ouço e leio sobre classes sociais, diferenças, distância, motivos... Blá blá blá. A questão é que sempre existiram as classes A, B, C, D, E e F, desde os primórdios da civilização, mas agora tem essa palhaçada de classe AAA, e vocês sabem por que? A primeira resposta seria: são indivíduos (se é que podem ser chamados assim, prefiro pragas) que ganham ou possuem muito dinheiro e poder e gastam quantias absurdas em merda, digo merda, pois é o que são, marcas tem o seu valor é claro, mas tudo tem um limite, os caras pagam 8.000,00 reais em uma gravata, 60, 70, 80 mil reais em um vestido que será usado apenas uma vez, 50, 100 mil reais em um relógio que será esquecido na gaveta em uma semana, pois os vermes enjoam fácil das coisas. Começo o texto com esse desprezo, pois desprezo pessoas com esse estilo de vida, pior que isso, eu os odeio, acho que todos eles devem assistir um filme alemão, pouco divulgado pela mídia, chamado The EduKators - Os eduKadores.

O meu ódio aumentou ainda mais, ao saber que aquele grande circo, ou melhor, chiqueiro da Daslu, estava completamente lotado, um dia depois de todos os canais da mídia divulgar mais uma sacanagem que esse povinho da classe AAA fez, sabotando os cofres públicos, senão como poderiam ser tão ricos? Já nós empregados e assalariados não podemos de forma alguma deixar pagar nossos impostos, além, é claro, que receber pelo nosso trabalho um salário que mais parece uma gorjeta. Bem, poderia ficar uma semana escrevendo sobre essa gente nojenta que acaba com o país, mas não, não vou perder mais tempo... Vou dizer o que todos nós cidadãos de bem, devemos fazer com esses exploradores que dizem gerar empregos, esses FDP e sacanas! Verdadeiros bandidos e assassinos, pois sua luxúria mata milhões de fome, não só no Brasil, mas no mundo. Esses vermes agem no mundo inteiro como fungos, ou melhor, "câncer da economia mundial", pois não existe fome e miséria no mundo, que satisfaça a ganância desses escrotos.

Só existe uma saída, devemos exterminar essa escória do planeta, tomar suas casas, seus bens, seus cargos no governo, suas indústrias, seus HIPERULTRAMERCADOS, que todos tanto adoram e acabam com o sustento de milhares, que tinham suas vendinhas, quitandinhas, lojinhas em época remota da nossa infância, devem ser proibidos de pedir asilo em outros países e viver na mais absoluta miséria, com toda sua família em um novo tipo de favela, só para ex-classe AAA, e mais, devemos destruir qualquer sistema econômico, bancos de qualquer espécie, públicos, privados, empresas de financiamento e crédito (TIPO CARTÃO DE CREDITO), absolutamente tudo! O que vocês estão pensando agora? Já sei, esse cara assiste muito filme, deve ser viciado em Clube da Luta e a resposta é SIM, sou mesmo e acho que aquele filme foi mal interpretado e existem mensagens contendo toda a verdade sobre o nosso mundo, que se as pessoas abrissem os olhos de verdade, destruindo o que foi programado pela mídia desde que nasceram (MATRIX) entenderiam o que escrevo e saberiam como é real a possibilidade de fazer coisas que podem realmente destruir esses ciclo vicioso que há centenas de anos existe em nosso mundo (MATRIX).

terça-feira, 19 de julho de 2005

Nicotina

Lu Minami

Boa, Ju!
Mário Prata para acabar com o clima melancólico e tenso que este blog vem incentivando é um ótimo remédio. Tenho recebido comentários do tipo: "Menina, o que anda acontecendo com você? Seu Frontal acabou? Cadê a sua receita de prozac? Na verdade, você precisa de...". Ok, certo, entendido, câmbio.

Para desanuviar este espaço cibernético dessas nuvens negras, vou comentar sobre o assunto sugerido. Eu adoro fumar um cigarro (eu sei que é a desculpa de todo fumante, mas é verdade). Gosto do desenho cinza e aleatório que a fumaça faz quando sai da minha boca ou da fumaça retilínea para baixo quando sai das minhas narinas.

Gosto do aspecto "pseudo-intelectual" que ele me dá algumas vezes e do aspecto "vagabunda" que ele me dá outras vezes. Gosto de fumar depois de um café, de um cigarro, da comida e inclusive depois de ser comida, da cerveja, do cinema. Gosto do cigarro numa roda de amigos, jogando conversa fora num bar ou como sendo minha única companhia, na janela do meu quarto. Tinha uma amiga minha que balançava o cigarro no ar prum lado e pro outro e dizia, solenemente: "É o único jeito de se ver o passado".
Explico. A brasa forma um desenho enquanto o cigarro é balançado; então, com algum esforço, dava para ver o primeiro movimento e o último ao mesmo tempo. Passado e presente. Tá bom, um dia eu mostro para vocês.

Estava conversando com outra amiga sobre a ascensão e queda do cigarro. Décadas atrás, era o máximo fumar um cigarro. Não havia um roqueiro que não fumasse seu Lucky Strike ou Marlboro enquanto dedilhava sua guitarra e apertava os olhos, se concentrando naquelas
notas e melodias que até hoje fazem a nossa cabeça. As mulheres eram lindas, elegantes e independentes se fumassem em cigarrilhas, tubinhos pretos justos e usassem batom vermelho na boca em forma de coração. Fumar era sofisticado, coisa de gente descolada e era, ao
mesmo tempo, um símbolo da rebeldia deliciosa daquela época, em alguns casos.

Hoje, somos proibidos, rotulados de porcos e fedidos e parece que o mundo todo resolveu concentrar suas verbas de pesquisa em cima do tabaco para apontar quais eram as possíveis doenças que um fumante pode adquirir.
O Ministério da Saúde adverte: Cigarro causa câncer (todos os tipos), enfisema, insuficiência cardíaca e respiratória, mau-hálito, laringite, dentes amarelos, pesticidas, abortos, mau exemplo para crianças e adolescentes, gestação problemática, tira o apetite, blá blá blá.

Somos responsáveis pelo mal na humanidade, devíamos ser presos, julgados e condenados culpados. Pena? O exílio de todos os ambientes públicos. Agora eu só posso fumar escondida, na saída da carga e descarga do local do meu trabalho, ou com metade do corpo para fora da janela, correndo o risco de cair e ainda ser acusada de suicida retardada. Deviam é investir nas pesquisas para a busca da cura de todas essas doenças. Até porque, quem fuma pode realmente ter mais chance de desenvolver doenças e males como as que eu citei, mas o resto do mundo "não-fumante" também pode, seja por causa da pré-disposição genética, maus-hábitos alimentares, estresse, pressão do dia-a-dia, etc.

Como disse alguém muito sábio: Para morrer, basta estar vivo.
Depois de uma frase profética e tensa como essa, vou acender um cigarrinho lá na carga e descarga para dar uma relaxada.

Saudades do Prata...


Jú Mancin


Ouvindo Sugar, System of a Down.

Tava aqui à deriva nessa NET vazia, e me lembrei do meu vício maior, crônicas do Sr. Mário Prata, uma mania mesmo. Leio e releio várias vezes as mesmas crônicas, os livros. E me divirto sempre. Não me canso do Prata.

E como sei que minha parceira de blog também é apreciadora desse cronista engraçado, pensei em publicar aqui, uma de suas últimas crônicas, antes de sua saída para "a Poderosa" Rede Globo. É um tributo a nós, mulheres fumantes.

"Antes de mais nada, vamos deixar uma coisa bem clara. Não estou aqui a defender o cigarro (de tabaco). Sei de tudo, não precisa mandar cartinha para a redação reclamando. Bem para a saúde não deve fazer. Mais ou menos como respirar o ar de uma cidade como São Paulo durante anos e anos. Como é que os pais têm coragem, hoje em dia, de colocar uma criança para respirar aquilo?

O que eu quero defender são as pessoas que fumam.

Nesta campanha contra o tabagismo (liderada pelo país do Bush e só seguida pelo Brasil, em todo o mundo), o fumante virou bandido e ignorante. E o cerco está se fechando cada vez mais sobre nós. Somos caçados como traficantes dos morros. Estamos proibidos de freqüentar os melhores lugares.

Não podemos mais entrar em lugar nenhum (nos Estados Unidos e aqui). Nem em bar de aeroporto podemos mais fumar. Já tem prédio inteiros onde não se pode fumar.

Mas se a gente fuma é porque vendem. Se vendem é porque fabricam. Dinheiro! E eu, que entro com dois reais por dia nesta grande negociata, é que tenho que pagar o pato?

Dizem que somos minoria, minha amiga. Só que todas as minorias têm seus defensores, seus líderes, suas ONGS. Nós não temos. Nós somos burros e pronto. Ninguém vai te defender, menina.

Quando eu acendo um cigarro em algum lugar fora da minha casa, me olham. Me secam! Me olham com uma mistura de ódio e pena. E devem pensar: vai morrer, o babaca.

Mas é para as mulheres que eles olham com mais desdém. Como se estivéssemos no começo do século 20, devem achar que elas não prestam, que não merecem o nosso respeito e, em alguns casos, nem a nossa (deles) amizade.

Por que é que você quem não fuma ou deixou de fumar (e sofre desesperadamente até hoje, esperando morrer mesmo com uma bala perdida), por que você nos trata assim? É da sua conta, como diria meu pai?

Você não fuma, mas bebe. Você não fuma, mas sonega imposto. Você não fuma, mas trai a sua mulher. Você, não fumante, pode tudo. E nós não queremos nada. Queremos só fumar.

Fico vendo filmes americanos antigos. Todos fumam. Todos. Outro dia revi o famoso concerto com o Sinatra e o Tom Jobim. Os dois cantando Garota de Ipanema e fumando ao mesmo tempo. Fumar nem desafina, seu desafinado!

Pior que você, que nunca fumou, são aqueles que pararam. Deviam andar com uma advertência escrita na testa: não fumar pode dar câncer no saco! Tanta gente passando fome no Brasil, tanta gente sem teto, sem terra, tanta gente sem saber escrever e vocês preocupados com os que fumam? Sim, o governo e toda a sociedade estão contra nós. Nos tornamos inimigo público número um. Porra, não é mais fácil parar de fabricar e de vender?

Porque se mata mesmo, se dá câncer mesmo, o governo que deixa a mercadoria solta por aí é responsável por todas as mortes de fumantes. Ou estou louco, viajando?

Você estava lendo a revista calmamente e, de repente, caiu aqui neste desabafo entre uma tragada e outra. Te peço desculpas, minha leitora (fumante ou não). Eu só queria dizer que fumante também cria seus filhos, pagas suas contas, ama, se diverte. E morre da mesma maneira que você, que não fuma.

Só nos deixe viver em paz! O título é em defesa da mulher que fuma, pois acho que ela fica ainda mais encabulada. Tem homens, conheço alguns, que já andam virando mesa de restaurante e dando porrada em pentelho ex-fumante.

Brincando ou não, tenho medo que isto ainda vire uma guerra civil.

Tudo bem, vamos todos parar de fumar, mas vocês aí, vêem se maneram na repressão. A gente é do bem.
"

Em Defesa da mulher fumante, por Mario Prata. Revista Época, 05/06/2004.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Minhas reticências...


Lu Minami

Ouvindo: Diamond Sea, Sonic Youth

É difícil me olhar no espelho nos dias de hoje. É difícil pedir ao mundo que me entenda. É difícil te amar sabendo que o nosso amor é errado e impossível. Fico um pouco cansada quando percebo que minhas velhas histórias de amor não têm o brilho e a dor que a nossa tem. Fico cansada porque morro de medo de você ser o cara dos meus sonhos. Eu queria muito que não fosse, queria que fosse alguém que pudesse cuidar de mim de verdade, não precisa muita coisa. Alguém que brigasse comigo e às vezes me chamasse de estúpida e insegura, porque sei que sou. Alguém que fosse possível, que deixasse de ser o roteiro confuso da novela das 8, para ser real, na minha história.

É difícil te amar porque eu quero chorar no seu ombro, não no ombro das outras pessoas. Quero te contar as histórias engraçadas e não ouvir outras gargalhadas senão a sua. Quero a sua mão no meu rosto e passar a minha mão no seu colar só para ter certeza que está ali, na minha frente.

É difícil te amar porque eu sei que minha vida sem você e as novas possibilidades me fariam muito mais feliz. Mas eu não quero essas felicidades, não. Eu quero você, mesmo que me faça chorar, mas quero você inteiro. Quero poder ficar do seu lado, porque assim me sinto inteira e completa. Sem isso, as pessoas percebem que ando pela metade, utilizando o meio riso, meias palavras, meio olhar, meias verdades e minhas meias furadas.

É difícil te amar porque temos gostos diferentes. Talvez o cara ideal para mim seja alucinado por filme francês, jazz e saiba escolher um bom vinho. Você me tira do eixo porque gosta de cerveja, praia e reggae. O cara que eu imaginei é chato e você me faz feliz nos momentos em que acho que o mundo não tem mais conserto.

É difícil te amar porque sem você sou mais forte e vivo em paz. E isso é bom para a minha vida desregrada e louca. Sem você sou capaz de ler um jornal inteiro em letras pequeninas e prestar atenção, enquanto antes, eu não conseguia nem ler as placas de São Paulo para chegar até você.

É difícil te amar porque eu sei que preciso lutar mais e te arrancar dali para ficar do meu lado. Enquanto você finge que é meu e eu finjo que consigo chegar mais perto de você, a gente aumenta as nossas distâncias e eu fico cansada, mas nunca perto da vontade de desistir.

É difícil te amar porque você é nocivo e faz mais mal para a minha saúde do que o meu cigarro, meu café expresso sem açúcar e minhas doses de tequila com gelo. E mesmo assim, eu quero você, não porque estou viciada. É simplesmente porque minha vida não pode mais ser escrita sem você ao meu lado, me guiando e corrigindo os meus erros de escrita, como um bom redator.

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Pearl jam no Brasil

Jú Mancin

Está rolando um abaixo assinado on line para pedir que o Pearl Jam inclua o Brasil em sua próxima turnê. Pode não ser grande coisa, mas, pelo menos, é alguma coisa.O texto está em inglês pq foi endereçado aos empresários e à gravadora. O site é seguro e seus dados ficarão em sigilo.Participe deste movimento, vai lá e assina!Lembre-se de validar a sua assinatura no final, ok?
http://www.PetitionOnline.com/pjbrazil/petition.html

Peloamodideus divulguem para seus amigos! E assinem, essa banda tem que se render aos grunges tupinikins!!!

E lembrem-se sempre...GRUNGES NEVER DIE!!!!

terça-feira, 5 de julho de 2005

Aos poucos.

Lu Minami

Ouvindo: Flor da idade, Chico Buarque

Acho que estou abandonando aos poucos o País das Maravilhas, nas redondezas de Neverland, meu bairro preferido. Quero achar que isso vai ser pouco doloroso, que na verdade não será como retirar um band-aid, rápido e seco. Quero que seja aos poucos, um passo de cada vez, devagarinho, admirando a paisagem a qual vou me apegar para o resto de minha vida. Cada detalhe, cada casa, cada amigo, cada porre, cada história, cada amor errado. E caminhar devagar, me despedindo dos melhores momentos da minha vida.

Não deixar essa despedida agredir meu coração ou enferrujar minha memória, nem apodrecer meus sentidos, hoje tão treinados para serem felizes, custe o que custar. Essa agonia costumeira misturada com a felicidade desenfreada da juventude. Esse eterno carnaval, sem a quarta-feira de cinzas.

Acho que virei uma velhinha simpática com 25 anos. Não quero mais saber das novidades, a menos que seja para o bem do mundo. Ainda prefiro ver quadros nas galerias e músicas no vinil. Prefiro uma orquestra a uma rave. Jamais substituiria o livro de papel, com cheiro de antigo, por um livro digital.

Vou sair de Wonderland aos poucos, mas vou lembrar todos os dias de como era viver lá.

segunda-feira, 27 de junho de 2005

Longe de tudo


Jú Mancin


Ouvindo My Friends, Red Hot Chili Peppers

Tá muito cedo e eu não faço a menor idéia do porque eu não estou dormindo, afinal de contas, ser a vagal de um a família trabalhadeira deve servir pra alguma coisa, tipo, dormir numa manhã de segunda. Mas o caso é que eu não estou.

Acordei porque dormi sem sonhar e não sonhei porque não tinha com o quê. Porque meu coração está cheio de vazio. Cheio de indiferença. Estou me sentindo perdida e entre estranhos. Parece que as pessoas não estão mais me enxergando. Será que a Matrix deu pau? Estou com a sensação que sim. Tô me sentindo enganda. Sabe, aquela história de abrir sedento, um pacote de bolachas esperando algo crocante e doce...e depois da primeira mordida vem a dura realidade. As bolachas são salgadas. Não que eu não goste de biscoitos salgados, mas é que o que eu realmente queria era algo doce. É mais ou menos isso.

Quando digo que meu guru é o Peter Pan, na verdade, estou afirmando que não quero deixar de lado a infância, a inocência, o amor puro e sem cobranças. Mas acho que algumas pessoas à minha volta estão me entendendo mal. Vou ser mais objetiva QUERO SER CRIANÇA. E criança não se ofende por causa "namoricos" sem propósito. Crianças não manipulam pessoas. Não viram as costas e saem andando. Isso é coisa de adolescente, naquela idade maldita, da auto-afirmação e do egocentrismo. Não que eu não me lembre com saudade dessa época, meu maiores amigos vêm daí. Minhas músicas. Meus ídolos e tudo que eu tanto preservo. Mas convenhamos é uma idade chata.

Queria estar em Jurupema. Longe de tudo e perto de mim.

sexta-feira, 24 de junho de 2005

Carta para você, um bandido.

Lu Minami

Ouvindo: O que será (à flor da pele), Chico Buarque

Te quero. Fico nessas de dizer que não, mas sou louca para ter acessos de insanidade na sua presença. Adoro quando você atravessa o olhar na mesa em busca dos meus seios e, em seguida da minha boca. Sinto arrepios quando você percebe que eu gosto.

Eu sei que não existe amor e nem paixão entre a gente. É carne mesmo. Vontade de pegar e arrastar, me postar do jeito que você bem entender e invadir meus terrenos que eu finjo proteger tão bem. Finjo tanto que digo não querendo dizer sim, sim, sim. Dizem que não tenho pudor. Eu finjo que tenho e às vezes esse fingimento acaba vencendo e deixo de viver essas meia-horas com você. Sim, porque em meia hora, eu e você nos resolveríamos, cansados, um de cada lado, querendo dormir ou ir embora. Sem conversa porque não temos o que falar. Vou acender meu cigarro envergonhada e cobrir meu corpo com aqueles lençóis deproporcionalmente gigantes dos motéis de São Paulo.

Com você, acho que deixaria um bilhete no espelho escrito em batom vermelho. É vulgar, mas no nosso rascunho de história, ficaria bonito. Soaria metropolitano, corriqueiro, casual e ao mesmo tempo, soaria belo como concreto.

Fico imaginando minhas histórias de amor verdadeiras, aquelas em que sofro, choro e definho e te coloco como personagem que vai derrubá-los, inferiorizá-los e deixá-los pensando "Desgraçada! Quem é esse cara?".

Mas e aí, temos que nos resolver, certo?
Eu te disse uma vez, que resolveríamos essa questão numa noite dessas. E vamos.
Me falta coragem e sobra medo de me apaixonar por um traste como você.

Mas no final, todos são.

quinta-feira, 23 de junho de 2005

Minha vida sem mim

Lu Minami

Ouvindo: Song for a cynic, Teenage Fanclub

Quem estaria sentada aqui digitando palavras sem nexo e devaneios sem rumo? Quem é que dirigiria feliz por qualquer estrada, mesmo caindo de cansada? Quem alisaria seu bichinho de estimação?
Quem vai dizer que meus filhos se chamarão Luisa, Teo e Sofia? Quem é que sonharia com uma casa de janelas azuis e margaridas nos canteiros, cercas brancas e portão baixo na grama fofa? Quem é que teria uma coleção de Chico Buarque e Pablo Neruda? Quem é que se emociona, se machuca e fica mais bonita quando sofre?
Quem é que idealizaria tantas confusões sentimentais, tantos bailes de máscara, tantas noites sem fim, manhãs claras e ensolaradas? Quem, em meu lugar, realizaria meus sonhos? Quem, assim como eu, teria se apaixonado já tantas vezes que perdeu a conta?
Quem, como eu, se esquece das datas comemorativas e importantes porque não se apega ao tempo? Quem, além de mim, gosta de ser beijada pelo vento e ser levada sem rumo através do mar até um fio de pensamento? Quem nunca viu estrelas cadentes, mesmo em Trindade?
Quem, em meu lugar, já teria dançado uma ciranda na praia, de madrugada, abraçando dezenas de pessoas felizes ao mesmo tempo? Quem, além de mim, fez tantos pedidos de amor e harmonia 1 mês depois do reveillon, pulando ondas no escuro? Quem se confunde, desliza e escorrega como eu?
Quem fica sem palavras, sem reações, parece apática apesar da tormenta de sentimentos, como eu? Quem, além de mim, gosta tanto da poesia da cidade, das xícaras de café quebradas, das putas desoladas da Augusta e de cinema como eu? Quem, além de mim, vai dizer que a vida deve ser levada aos poucos, mesmo sendo acelerada?
Quem, além de mim, te amou tanto quanto eu?
Quem?

terça-feira, 21 de junho de 2005

...FODA-SE...

Jú Mancin
Ouvindo Blitzkrieg, Rob Zombie (uma versão da original interpretada pelos Ramones)
O dia tá feio demais, propício para um exorcismo de coisas irritantes, e a melhor forma de exorcizar, ao meu ver, é tacando um FODA-SE...
a seleção brasileira
o presidente Lula
a audiência do Pânico
as provas semestrais
a hipocrisia
o deputado Jefferson
o falta de grana
minhas gorduras localizadas
a novela América
os falsos amigos
o Wagner Love
a falta q alguém me faz
meu medo de crescer
esse tempo ruim
os Direitos Humanos
o meu egoísmo e o seu também.
Enfim...FODA-SE...

sexta-feira, 17 de junho de 2005

Ah se eu pudesse voltar no tempo...


Jú Mancin

Ouvindo Smells Like teen Spirit, Nirvana.

Ontem assisti a um clássico da minha época, SINGLES Vida de Solteiro, e o filme me levou a uma viagem no tempo, por alguns segundos tive a sensação de ter novamente quinze anos, vi o Lane Staley numa performance no palco, algo comum naquele tempo, bastava ligar a TV no canal 32 para assistir a uma entrevista de algum grunge suspreso com tanto sucesso.
E aproveitando o surto de nostalgia, assisti a um vídeo com entrevistas.

“Estou tentando montar um show que combine com a música. Que o show seja cheio de vida, um festival...uma festa. Quero que as pessoas celebrem, quero enchê-las de alegria. Porque tudo o mais é uma porcaria no mundo, durante o curso do dia. Quero que quando estiverem lá dentro, não importa como sejam, clubber ou roqueiros, quero que se libertem, quero que aproveitem. E digam: Foda-se!”

Farrel idealizando, com lágrimas nos olhos, o maior de todos os festivais de música.
Lollapalooza!

“Para quem não sabe somos os Red Hot Chili Peppers. Estamos no topo de Hollywood, na torre da Capitol. Nunca ouviu falar de nós? Tudo bem. Nós tocamos hardcore, rock psicodélico sexy do Paraíso. Nós perpetuamos o funk. Queremos penetrar fundo em vocês. Prestem atenção no que digo.”
Anthony Kieds apresentando sua banda.

A propósito prestei atenção Anthony, e vocês, de fato, penetraram fundo.

“Sou Dave e toco bateria. Sou Kurt, toco guitarra e canto. Sou Krist e toco baixo.”
Os três elementos se apresentando. Antes do mundo aclamá-los como a maior revolução na história do rock, desde os Beatles. Isso quem afirma é a crítica.

“...descobrimos o pessoal do campo, com suas camisas de flanela...”
Grunges???

“Não trabalhamos há dois anos. E encorajo todos a não trabalhar. Deixe disso. Só vai viver 70 anos se tiver sorte. E contribuímos para uma sociedade materialista. Então deixe disso. DIVIRTA-SE. Fume maconha. Beba cerveja, beba. Tome todas. Engravide todo mundo. Não fique grávida. Não reproduza.”

Krist Novoselic e Dave Grohl divagando sobre o mundo moderno.

Foi um revival e tanto. Vi minha vida passando diante dos meus olhos. Meus discos, meus livros, meus pôsteres. Minha parede era forrada. Eu dormia e acordava com meus ídolos.

Na época não conhecia Goethe, e o sofrimento do jovem Werther passava despercebido por mim, Crime e Castigo eram palavras associadas mas não de maneira profunda, eu sabia que uma coisa levava a outra, mas não tão intensamente como para Dostoyevski. Acreditava em Deus, e acharia Sartre um herege se me dissesse que Deus está morto, e achava que eu tinha salvação. Doce ilusão a minha. Éramos todos crianças, o mal não nos afetava. Não poderia imaginar o Kurt com uma bala na cabeça, aos vinte e seis anos, nem o Lane sendo encontrado morto já em estado de putrefação.

Não sabia o quanto doeria olhar para trás.

Tudo era tão perfeito que a dor não fazia sentido para mim. Qualquer analgésico curava minha dor de cabeça, que ainda não era enxaqueca causada pelo excesso de café e cigarros, e noites mal dormidas.
O maior problema que tinha a resolver era a maldita equação de segundo grau, que a professora Nilde passava na lousa, e nos chamava para resolver, e valendo nota para a prova bimestral. Pense! Acertando o problema ali, você estava dispensado do exercício na prova. Eram dois pontos garantidos, para a fia da puta que viria no fim do bimestre.
Por que a sábia anciã nunca me disse que aquilo era nada, diante do que eu viria a enfrentar aos vinte e “poucos” anos?
Era simples ficar bem. Um almoço em família, isso incluía minha mãe. Uma viagem à praia, e a praia em questão era o Guarujá, em seus áureos tempos. As férias na pequena e pacata Jurupema, e essa continua intocada, o que complicou foi a distância. Antes a quantidade de pedágios servia como forma de contar a distância, agora só me faz lembrar o quanto sai caro viajar para lá uma vez por mês. Tudo era fácil. Para ouvir músicas boas bastava ligar o rádio ou a TV, estavam lá, todos os grunges com suas camisas xadrez flaneladas. Esgoelando suas mensagens. Esmirilhando suas guitarras em riffs inesquecíveis. De Seattle para o mundo, e para mim. E para sempre!
E hoje, o que me resta é o futuro. O vazio de algo em que não acredito. Se eu pudesse voltar no tempo, me congelaria diante da TV ligada, antes de entrar no busão escolar, com meus pensamentos em tudo, menos na aula, olhando para a cara do Kurt, no clipe de Smells Like Teen Spirit. Em minhas narinas ficaria gravado o cheiro da juventude e toda sua força. Na mente, todos os meus sonhos engavetados. Toda a minha esperança em algo bom e verdadeiro.

MY LIFE IS FALLING TO PIECES. SOMEBODY PUT ME TOGETHER” Já dizia Mike Patton.

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