segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Despedidas e Boas vindas...

Lu Minami

Ouvindo: Velha Roupa Colorida, Elis Regina

Para 2005:
Adeus. Você foi um período estranho e meio temperamental. Em alguns meses, me dava a felicidade completa; em outros, arrancava da minha mão e a jogava aos ratos. Em uma semana, fazia com que o tempo se arrastasse e não produzia nenhuma lembrança significativa; na semana seguinte, fazia com que minha vida se tornasse um tornado, desses que destróem cidades inteiras. Virou minha vida do avesso, me deu um chacoalhão e depois trouxe a paz para que eu refletisse e entendesse seus motivos. Eu entendo, mas o tornado poderia ter sido mais fraco e a tempestade, mais curta, não acha? Foi um ano que privilegiou a verdade, eu gosto disso. Mesmo com todas as CPIs e os inquéritos no futebol que não vão dar em nada, mesmo com um presidente apático que foi massacrado pela chance que ele mesmo criou durante os últimos anos, mesmo com todas as perdas e danos, você agiu com sinceridade, suponho. Me deu bons shows, eu agradeço. Revivi minha adolescência rebelde e chata, cantei de pulmão exposto e gritei com todas as forças que eu julgava ter. Na verdade, descobri que posso gritar mais. Também descobri que posso ser mais chata do que já sou e que mesmo assim, as pessoas vão se apaixonar por mim e eu vou me apaixonar pelas pessoas mais improváveis. Algumas dessas paixões vão embora e não deixam rastro nenhum, mesmo que um dia eu tenha acreditado que seriam eternas. Amores e esperas gentis que eu supus que iriam se concretizar um dia, mas você me mostrou que eu estava enganada, de um jeito definitivo. Foram tapas seus na minha cara, bem dolorosos, por sinal. Outras paixões se transformam em amizades lindas e desprovidas de qualquer malícia e isso é realmente meigo de sua parte, 2005. Me dar amigos novos e maravilhosos foi um dos seus melhores feitos. Me dar um trabalho que requer energia e muita disposição para mudar, também. Sem contar o fato de me manter sempre junto à minha família. Você também me deu ótimas viagens, excelentes companhias, árduas lições. Derrubei lágrimas, libertei meus berros de indignação, beijei quem eu quis, soltei todas as gargalhadas que podia, dancei sem prestar atenção na música, abracei todos que abriram o peito para mim e conversei com todos os olhos que consegui mirar.
Na verdade, 2005... você foi um excelente ano.

Para 2006:
Bom, você eu desconheço. E, para falar a verdade, eu não espero muita de coisa de você. Aliás, eu não quero esperar.
Seu antecessor me mostrou o quanto 365 dias podem trazer vida para dentro de uma pessoa e isso significa que a morte também estará sempre perto. Morte de alguém querido, morte de um sentimento, morte de uma situação insustentável. E por isso, vou te aceitar com doçura, porque sei que você vai dar o melhor de si para que eu entenda tudo isso, sem que eu precise perder pedaços de mim e de minha alma.
De você, eu peço paciência. Paciência para entender que não sou contínua como o seu tempo e confessar que eu gostaria de pará-lo ou acelerá-lo muitas vezes. Me desculpe quando eu desejar que isso aconteça, mas os momentos pontuam a vida de todo mundo por aqui, sabe? Então, às vezes, seguimos uma outra linha de tempo. Sei que será difícil para você, pois teremos Copa do Mundo, eleições, um verão que está apenas começando, novas paixões, antigos amores, grandes amigos, prováveis inimigos, crianças que acabaram de dar seu primeiro sorriso, pessoas que estarão dando seu último suspiro, grandes estréias e enormes fracassos. Você tem muito trabalho, é verdade. Mas acho que vai se dar bem.
Você tem um trunfo e tanto nas mãos: o mundo inteiro hoje, acredita em você e espera ansiosamente a sua chegada.

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