terça-feira, 29 de dezembro de 2009

#ACABOU

ju mancin

d °_° b let it be, the beatles

dois dígitos no final da data não mudam nada. bobagem pensar que o novo virá só porque o ano mudou. o novo vem todo dia. ou não!

em 2010 beatles ainda vai ser o ópio do povo. ainda vou amar enfiar os pés na lama durante uma chuva de verão ou olhar o céu numa noite fria desse inverno tropical. a orelha do van gogh ainda vai ser uma intrigante ausência. no ano novo eu ainda vou implicar com o mau gosto [o dos outros, é claro!]. their satanic majesties request ainda vai ser meu álbum de cabeceira. ainda vou cruzar um oceano ouvindo uma gaita estradeira. vou buscar um novo lar. um outro bar. o sol ainda vai me ver nascer ora com os novos baianos, ora com o syd barrett. e moprhine, morphine, morphine!

velhos amigos bebendo no balcão.

vou sambar e amar até mais tarde e odiar mentalidades medianas, burocracias, cebolas, impostos. e vou chorar de novo ouvindo Cartola [disfarça e chora]. ainda vou me indignar com a capacidade limitada das pessoas grandes. e me lamentar numa noite suja, sussurando o poeta da Vila e seu último desejo. vou me abastecer de cigarros, cafés, chocolates e literatura barata na vã tentativa de me afastar de você. ou não!

mas isso só em 2010. no ano novo!

quero mais um carnaval. uma libertadores. flor de laranjeira. canto do sabiá. banho de mangueira e vagalumes colorindo meu sonhar-acordada. mais pessoa. mais clarice. mais neruda. mais e mais e mais…

uaréva, o futuro é pra depois, aqui trata-se do fim…

e eu encerro esse 2009 das reviravoltas, com um sincero, estrondoso e retumbante “VAITOMANOCU!”

Feliz Ano Velho!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Insônia [2]

Lu Minami

Ouvindo: Wake Up
(Mad Season)


Desejava dormir. Sonhar de novo.

Insônia.

Formava pensamentos embaçados. Incompletos.

Diálogos confusos. Não conseguia terminar uma frase, sequer um pensamento.

Esquecia nomes, lugares, letras de suas canções prediletas.

Seus olhos brilhavam de tanto permanecer acordada. Lubrificados.

Sem descanso. Sem parar.

Olhava o calendário e odiava os últimos dias do ano. Os planos. As saudades. As malas. Os medos. O futuro. As listas. As esperas. Os atrasos. A ceia. Os votos. Os desejos. O de sempre.

Tentava escrever, botar no papel as letrinhas que poderiam dizer algo lúcido ou esperançoso.

Se esforçava para lembrar de tudo, ou do que era mais importante. Sua alma calava profundamente com as batidas sempre aceleradas do seu peito. Disritmia de estimação.

 

No fundo, sabia.

 

Queria encostar num balcão e beber até dormir. E permanecer sem muita memória. Permanecer aparentemente leve.

Como todos os outros meses do ano.

 

The cracks and lines from where you gave up.

They make an easy man to read.

 

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

.insônia.

ju mancin

…o mais difícil

é perceber que o pesadelo

ainda vive

nos meus sonhos…

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

.na bagunça do meu coração.

ju mancin

d °_° b eu te amo, chico buarque

eu queria uma daquelas conversas de botas batidas.

[veja você, onde é que o barco foi desaguar]

pra poder dizer, sem jogos ou entrelinhas, sem segredos, todas essas bobagens que ainda me tiram o sono.

queria assim, que fosse na beira do rio, debaixo de uma mangueira, num fim de tarde dourado e que entrasse à noite, sem lua mesmo, pra que a gente pudesse contar segredos sob a luz dos vagalumes e de uma velha lamparina, queimando querosene.

não seriam segredos picantes. só coisinhas assim, bobaginhas que me atormentam em silêncio. na verdade, essa saudade, que é só saudade mesmo, de um sei-lá-que-tempo onde a gente foi feliz.

tem hora que cansa ser um baú. dá vontade de abrir a porteira e deixar passar essa turba de pequenos tumultos que chacoalham por dentro. tem hora que o abalo sísmico sente vontade de sair da posição discreta aqui dentro do peito, tem hora que ele deseja aparecer num sorriso, nos olhos, nos dentes. tem hora que o maremoto deseja crescer tsunami.

a droga do amor. me faz falar besteiras. esquecer das regras. fugir dos padrões. furar greves. quebrar barreiras. romper acordos. lá vem o sonho de novo, querendo ser realidade.

tanta palavra lançada ao tempo. logo palavra, que não vale nada…

e essa saudade que é só saudade mesmo…

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

.´round midnight.

ju mancin

d °_° b super sex, morphine

mais um daqueles cenários. vermelho. quase ácido. o disco me lembra de um lugar onde eu nunca estive. um tempo em que eu nunca fui. kerouac talvez. ácido. como bukowski. nas paredes o papel parece dançar o estranho bebop batucado entre um piano, o sax e um trompete desafiador. um jazz-merengue. sou de lugar nenhum. daqui mais do que nunca. meus dedos deslizam livremente num papel de pão, envelhecido em fumaça e solidão. na ânsia do teu nome. curto. certo. longe. êxtase. louco. imbecil. tudo. torto. insubstituível. ontem. nada! um incansável "cale-se". um transbordante cálice. coltrane e o trem azul. meu lápis adormece, embriagado…

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A rosa

Lu Minami


Ouvindo: Cry me a river

(Ella Fitzgerald)


Ela calçou a sandalia baixa e aberta. Surpreendentemente, a manhã aquecia benevolente sua janela e suas jardineiras de violetas quase mortas.

E o caminho que ela fazia de cabeça baixa, onde já aprendera todos os buracos, desníveis e poças de água que formavam nas vielas do seu bairro, resolveu faze-lo de cabeça erguida, de modo a olhar o mundo um pouco que fosse.

E viu os mesmos cachorros e as flores que continuavam crescendo pelos jardins. Viu as palavras que se aglomeravam pelos muros e que subiam pela janela, para serem vistas e compreendidas. E viu os portões rangendo, as vassouras riscando o chão, as bolas quicando pela rua. Os porteiros que acenavam.

Olhou para si e viu outra. Essa outra que de tempos em tempos permitia que respirassem dentro dela, a abraçassem um pouco, por pouco tempo. A outra que sorria com os olhos e deixava que a olhassem um pouco mais para ouvir aquilo que antes parecia mentira, desaforo, desacato.

Esqueceu.

Já não o amava mais há muito tempo. E isso doía de um jeito estranho. Deixava ela esquisita, cheia de alguma coisa que não parecia mais ela. Meio vazia. Mas lotada de algo novo que ela não entendia. Quase sentiu de novo aquela nesga de coisa escondida. Procurou um friozinho na barriga, um pouco do calor que sentia quando estava na frente daqueles olhos enormes, o tremor leve nos joelhos e no canto da boca. Ficou lá, parada em frente à roseira do jardim da velha senhora, pensando, buscando, procurando, vasculhando dentro de si alguma coisa dele. Procurando dor.

Ela já não parecia mais com aquela menina que todo mundo conhecia ou simplesmente fechou algumas janelas imaginárias que nunca existiram para dar lugar à portas, novas vidraças, jardins e soleiras?

E procurando dentro de si aqueles espinhos todos que gostaria que lhe fossem espetados de novo, uma mão entregou a ela uma rosa. Branca, cheia de pétalas grandes e gordas. Sem espinho e com um sorriso.

Agradeceu à velha senhora e continuou caminhando, arrastando seus pés e olhando para os lados.

Finalmente.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

.inquietude.

ju mancin

d °_° b candy says, the velvet underground

colleman destruindo um sax na vitrola. noite quente. no copo, aquele whisky vagabundo. cenário perfeito pra um ato de solidão. a cidade, que de dia me lembra o caos, agora em silêncio parece um suspiro de algo que jaz adormecido em sonhos e ópio. em meus olhos faíscas de uma saudade tola que insiste em me vencer. a TV sem som é mesmo um bonito quadro. não tanto quanto minha sombra disforme na parede branca dançando contra luz, um balé doído e compassado. Alice!!! agora me lembro! foram seus olhos, que por tantas vezes me falou sem dizer. stones e morphina. foi sua mão. nos odores do vento, perfume. flor-de-laranjeira, a minha favorita. silêncio. foi a sua voz. silêncio!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

.não queira se guardar, não queira se mostrar.

ju mancin

d °_° b love me two times, the doors

ela estava calada. há dias calada. não havia nada que a pusesse a falar, também pudera, ela não saberia o que dizer. há dias ela sentia as pernas frouxas, o coração aos pulos e nos olhos o fogo de outros olhos. há dias ela pensava em silêncio, sem pronunciar palavra…

na verdade não havia surpresa naquela descoberta, afinal, nem era uma descoberta. desde o princípio, ela sempre soube… mas a delícia da comprovação de sua teoria a fazia corar. a fazia calar. sempre fora menina xereta, fascinada pelo fundo do mar e pelas lendas dos tesouros e pelos bravios navegantes caçadores dos tesouros, e mais que tudo, pelos piratas que enfrentavam os bravios navegantes e tomavam-lhes os tesouros. admirava as conchas e achava incrível que o ventre de um molusco nojento cultivasse um grão e o pintasse em tão belo matiz. as pérolas. tinha paixão pelas pérolas. pela transformação das pérolas, assim como pelas lagartas, que hora ou outra ganhavam asas e vermelhos, verdes e amarelos. ela era sabida no que dizia respeito ao coração. não ao coração dos homens, já que esses sentiam em números, ela sabia do coração das ostras, das pérolas, das lagartas e borboletas.

ela estava feliz. há dias feliz. há dias com as pernas frouxas e o coração aos pulos. há dias com olhos no fogo de outros olhos. e isso era tudo e ela não podia falar…

terça-feira, 20 de outubro de 2009

.sufoco.

ju mancin

d °_° b non, je ne regrete rien, edith piaf

 

meu bloco de notas em branco, ávido por minhas mal traçadas linhas, por mais um mal fadado romance de umbigos que giram em torno de um mundinho qualquer…

meus olhos secos se perguntando “onde foi parar o sal? quedê as lágrimas?”. o coração bate moribundo, quase em silêncio, quase em segredo.

dias que passam em brancas nuvens, dias que durmo como se noite fosse…

um anjo triste se alojou em mim. meu ombro pesa o peso do mundo.

um anjo amigo partiu. ninguém sobrevive à lágrima do palhaço…

antes só do que mal acompanhado é o ditado mais estúpido dos que corre à boca pequena. solidão que nada, eu imploro!

a noite escura, amiga, tantas vezes, de copo, de corpo e/outrocadilhos e afins, hoje me assusta…

e o bloco em branco lá…

e eu aqui cheia de nada a declarar, um sorriso amarelo entre os dentes, pensando em culpado ou inocente…

“não passa um carro sequer. todo comércio fechou
não tem satélite algum transmitindo notícias de onde eu estou
nenhum e-mail chegou. nenhum correio virá
eu entre quatro paredes sem porta ou janela pro tempo passar

dizem que a vida é assim. cinco sentidos em mim
dentro de um corpo fechado. no vácuo de um quarto no espaço sem fim.

aonde está você? por que é que você foi?
não quero te esquecer. mas já fiquei tão longe, longe
não dá mais pra voltar. eu nem me despedi
aonde é que eu vim parar?”

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O tato do ouvido

Fernando Pieratti



Palavras quase nunca me enternecem
Aos versos sou disperso, desatento
E mesmo quando explodem em luso sofrimento,
As trovas por mais belas me aborrecem

Queria ter o olho atento ao traço;
Contemplar no artista o estro, a inspiração
Mas não vejo as cores d´alma pelo espaço
Sentindo-me um não-eu; refém das formas da razão

Mas quando o som do mundo, enfim, tateio
Transformo meu pesar em doce esteio
Liberto-me de anseios enfadonhos

Sentindo o acorde vivo, a harmona e o meio
Eu calo a minha razão, meu devaneio
E reflito em minh'alma um céu de sonhos

- - - - - - - - - - - - - -

Me faltam palavras ultimamente. A liga entre uma e outra, a cola das letrinhas, o suspiro que avança a escrita. Me sinto transbordada, como sempre, sem a benção da vazão. Um pouco aleijada, defeituosa, estragada. O que me conforta é que às vezes e somente às vezes, alguém despeja um punhado de palavras conjugadas que, estranhamente, fazem algum sentido inspirador na alma. Nessas horas, quase me abstenho de escrever e assumo a condição de platéia...

(Lu Minami)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

.na plataforma da estação.

ju mancin

d °_° b o leite, otto & ceu

abro um livro assim de repente, e não mais que de repente lá estamos nós. cada linha um pouco eu, um pouco você. um páragrafo e nossa história, marcada sei lá por que. não sei quando foi, que definimos nossa trilha sonora. quem de nós optou por lou reed, cazuza ou john lennon. também não entendo, em que ponto você virou bukowski e eu lispector [ou vice-versa, tantufaz], perto ou dentro de um coração selvagem. perdida no tempo, me envolvi e misturei. data, hora, ano.

nossa história, de fato nunca houve. mas eu não sou moça de fatos, me perco no platônico e na esfera imaginária, estamos nós. em carne&osso, sangue, suor, lágrimas e gozo [por que não?!]. nosso filme que fala de amor e filhdaputice. nossa música, que canta a loucura de um gênio qualquer que tenha morrido à sós e nosso livro em verso ou prosa que me afasta de mim , que te joga em mim.

.

.

“num dia assim calado você me mostrou a vida

e agora vem dizer que é despedida”

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

.paris, j´adore

ju mancin

d °_° b nice to be dead, SIR iggy pop

i´m  sorry, but quem quiser me ouvir agora vai ter de ouvir algo além. to na terra dos deuses, à base de morfina, ópio e Paris [j´taime]….

tudo brilha no ocidente. o berço do mundo vibra colorido, cheio de cor e música… sou ninguem diante de tanta grandeza e a felicidade é saudade guardada, feito capim esperando o tempo de colheita!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O despertar

Lu Minami

Ouvindo: Cry me a river
(Lulu & Jeff Beck)


Foi quando ela sentiu de novo aquele arrombo no peito, que acelerou a pressão do sangue, deixou suas pernas sem suporte e quase caiu de joelhos no meio da rua.


O vento quente subia pelas pernas, subia as saias, fazia o verão finalmente aparecer por entre seus dedos brancos de porcelana, sentia inchar as juntas, incapacitada de se mover.  


O vento cantava, sem cortar a pele, finalmente. Depois de tanto frio, o calor. Ah, o calor. Aquele que sempre a fazia perder o juízo e a memória. 


Era quase como queimar as canelas enquanto andava nos acostamentos da estrada, dedo em riste, pedindo carona, sinalizando que está tudo bem, tudo jóia... [ei, vamos esquecer tudo].


Ele tinha dito que a amava, que não podia ficar sem ouvir sua voz, seu toque, seu desespero, sua agonia, sua dependência tão disfarçada de berros, de gritos e revoltas com hálito de álcool. 


Mas ele se fora, no entanto. Deixou-a sozinha, sem espaço, sem muleta, sem tempo, sem uma mão para lhe acompanhar por tantas estradas desconhecidas e outras já tão familiares e terrivelmente apavorantes.  


E ela não teve escolha senão caminhar, caminhar por entre tantas ruas frescas em busca da sombra, dos desenhos recortados, das frases desenhadas, dos copos brindando pelo ar, dos cheiros tão característicos da nova estação que se aproximava. 


E então ela em sua caminhava sentiu a brisa suave da primavera que vinha renovar e florescer tudo de novo, antes que o verão chegasse com as flores mortas no chão. 


Quase contente, sorriu. 

Quase aliviada percebeu que na primavera, tudo acontece. 

Tudo de novo. 


I remember all that you said
Told me love was to plebeian
Told me you were through with me
Now you say you love me
Well, just to prove you do
Cry me a river
I cried a river over you

terça-feira, 22 de setembro de 2009

You don´t know me

DSC07267 jú mancin

d °_° b certa manha acordei de sonhos intranquilos[o album], otto

você não sabe de mim, nem de onde eu venho. não conhece minha Bahia. longe de casa tudo se encaixa. é lindo!

mas e o caos?

sinto falta da cama do cheiro da casa e de cozinha de casa. estamos vivos e a solidão em todo canto. estamos no meio do mundo. meio à sós bem no meio do mundo. london call me pra dizer hello! e pra me contar, no badalo ritmado de um big ben imponente que sou gente simples, da terra. 10.000 kms e a certeza de que meu lugar é ai.

“aqui há paz
aqui há paz e alegria
antes que voce perceba
que não deu, não deu, não deu
esse mundo não é meu
vou voltar a procurar

aqui é festa amor
e há tristeza em minha vida”

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Despedida de um amor louco

Lu Minami

Ouvindo: Jane Says
(Jane's Addiction)

É dela que me lembro.

O mundo inteiro envolto numa nuvem semi-opaca de brilho e as cores morrendo devagar e é dela que me lembro, em vívidas cores. Da bolsa que não combinava com as pantalonas. O sutiã que tinha alças encardidas e que ficava aparecendo nas alças da blusa preta. Um coque mal feito que deixava cair mechas de cabelo sobre a boca que não parava um segundo de falar, junto com as mãos que desenhavam o seu corpo enquanto discursava sobre verdades, videotape, Modigliani, Elvis e Vinícius.

Ela, que transformava o conhaque em adereço permanente, no copo e no cheiro do seu pescoço. Ela, que tinha o infinito no corpo e que para muitos, lembrava o trevo da sorte. Ou o gato que atravessava caminhos, trancava estradas e artérias. Nela, significava infortúnio, algum perigo e prazer. Distante e perto demais... dela. Profundo e na superfície... dela.  Frio na espinha e calor... nas pernas dela.

Falando assim, parece ridiculamente fácil lidar com isso. E é. Minha vida se tornou um poço de líquidos e fatos lembrados pela metade, porque eu não conseguia permanecer acordado e alerta, enquanto tentava tirar isso de mim. E isso, por algum tempo, funcionou. E muito. Cheguei a ficar perto do dia em que não ia acordar de pau duro e olhos molhados porque sonhava com ela. Foi quase, mas na primeira luz que senti doer os olhos, ela apareceu, sentou-se ao meu lado e falou, falou, falou, desfiou a lã do cobertor, espreguiçou-se de costas para mim, esfregou os pés e botou o dedo indicador no queixo, para pensar antes de continuar disparando a sua metralhadora de idéias, mágoas, romances, feriados, planos, parquinhos, cachorros, Deus e Diabo, os outros, sertão do mar e o mar do sertão.

Mas fui atrás e tentei, seriamente, arranca-la e joga-la fora. Tentei odiar muito e diariamente para fazer nascer uma fúria de estimação, ficar amargo. Tentei outras e tentei a mesma. Comecei a dar voltas pelo bairro na madrugada para deixar o vento entrar sorrateiro debaixo da camisa e fazer sumir aquilo tudo... dela. Andava rápido e pesado para fazer doer bolhas no pé e esquecer da dor permanente dela e uma vontade permanente de curá-la, mesmo sabendo que o enfermo sou eu, sempre fui eu.

Tenho dores. Parece doer absolutamente tudo na falta despretensiosa e solta dela. A ausência da voz meio embargada, cansada, exausta de tanto fugir pelos cantos de si mesma, citando frases inventadas para mim, naqueles minutos que não preenchiam uma hora sequer e que, para ela, nada diziam.


"Você me lembra o carnaval"

"Você parece uma brisa de meia dúzia de anos atrás num janeiro de faz tempo"

"Qualquer jeito que me olha, dá vontade de esquecer"


Desgraça, Pagu, louca, demente, indecente, vadia, escandalosa, demônio.

Puta.

As caminhadas não me adiantam nada, só me fazem pensar em como teria sido, se eu tivesse aberto aquela porta quando ela me chamou para fugir e só. Como sempre, tão louca e urgente. Enquanto eu, tão sentado em cima de mim mesmo, culpava você pela loucura.

Hoje, decidi que quem precisa fugir sou eu. Para longe, olhar a história e a tragédia de homens de séculos atrás e me emocionar com o muito-mais que sentiam por seres muito melhores que a bendita maldita.

Reflexos meus me seguem pela rua, em carros que furam o semáforo, em vitrines vazias e em portas engorduradas que se fecham, expulsando o último romântico do quarteirão. Me seguem em obediência calada, olhando para seus sapatos, pensando em bolhas, de outras ruas com outros rostos que não se transformassem em você, rindo e chorando ao mesmo tempo, apontando coisas secretas e sujas no meio do almoço, acendendo o cigarro amassado e linda, errada, errante, errônea, grande erro, pior acerto.


Me perdoa?

Não sei ser nada que não lembre você.

Estou indo embora para ter certeza disso. Eu sei que você liga, escreve, corresponde, chora e esperneia, mas às vezes, minha cara, meu amor, não tem jeito.

Daqui do 10o andar, dá para ouvir sua risada enorme e feliz e uma frase, num fio de voz...

No meio da neblina, prefiro ignorar, continuar olhando para o chão e seguir. 


She gets mad and she starts to cry
Takes a swing but she can't hit!
She don't mean no harm
She just don't know what else to do about it

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

.velório do amor louco.

c.

- Morreu?

- Acho que sim, finalmente.

- Vamos enterrar!

- Mas, parece que ainda está respirando com alguma dificuldade…

- Então vamos enterrar logo!

- VocÊ está chorando?

- Não, claro que não!

- Olha, parece que se mexeu!

- Deve ser os últimos reflexos.

- Talvez possa ressucitar, quem sabe?!

- Melhor enterrar logo, daqui a pouco vai começar a feder.

- Tá, você tem razão.

- Agora é você quem parece estar chorando!

- Não! Bem… sim, talvez tenha ca-caído um cisco…

- Voce sabe rezar?

- Não.

- Você ouviu? Parece que ele quis dizer alguma coisa…

- Ele quem?

- Ele, oras…

- Cê tá louco! morto não fala!

- Ainda não morreu…

- Mas, já tá nas últimas.

- Não temos o direito de matá-lo assim…

- É, talvez…

- Vamos esperar…

- Será que vai demorar?

- Não sei, parece que ele não quer ir…

- Melhor esperar.

-O que fazemos enquanto isso?

-Me dá um beijo?!

- Melhor não…

- Por que, porra?

- Sei lá…

- Então vamos enterrar de uma vez.

-Tá bem!

- Eu cavo uma cova bem funda.

- E eu jogo bastante terra.

-Pronto!

- Terminamos!

- Enfim, adeus…

- Adeus!

- Nos vemos na missa de sétimo dia?

- Pode ser…

terça-feira, 25 de agosto de 2009

.se eu fosse a Irene.

ju mancin

d °_° b sob medida, chico buarque

“…sou bandida

sou solta na vida

e sob medida pros carinhos teus

meu amigo, se ajeite comigo

e de graças a deus…”

naquele dia eu acordei ca macaca. dei de louca. arrombei a porta. chutei o baldinho, coitado!, que atravessou o campo e deu na trave… chorei, gritei, esperneei e finalmente joguei tudo pro alto e joguei na sua cara aquele monte de verdades que bem poderiam ser mentiras. deveriam ser… e nada disso teria acabado assim. me lembro ainda, da sua cara besta não entendendo enquanto eu histérica berrava “a culpa é sua! não te amo mais e o problema é seu…” foi assim, como se um monstro emergisse do meu eu abissal. taquei pedra na cruz e merda no seu ventilador. fiz uma sujeira danada. voou lasca de cu pra todo lado…

e quando nem bem me dei conta, te amei perdidamente, numa noite ou madugada e meia. me perdi, te consumi, me lambuzei no teu fogo e me queimei no teu mel… ao meio-dia sob um céu de meia-noite saí, sorrateira e sorridente fumando um cigarro e pensando em nuvens de algodão, polainas vermelhas, whisky com muito gelo e nenhum dedo d’água e na foto polaroid que eu deixei pregada na sua porta, com meu último sorriso rindo da sua solidão.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

.Mike Patton à casa torna!.

faith-no-more 

ju mancin

d °_° b land of sunshine, FNM

“RODDYBOTTUM: ohmygod, Brazilians, you fervent motherfuckers!! Enough!! Do you think for a second we'd skip you and your glorious country?9:25 AM Jul 30th from TwitterFon

“RODDYBOTTUM: Finally! BRAZIL!!! The Maquinaria Festival, November 7 in Sao Paulo welcomes FNM!!! tickets on sale Aug 14 at www.ingressorapido.com.br1:14 PM Aug 11th from web”

confirmadíssimo Faith No More no Brasil. 07 de novembro no Maquinária Festival na Chacara do Jockey em São Paulo.

meu ingresso já tá na mão. agora é sentar na plataforma da estação e esperar, como se faz com um velho amigo que vem de longe, trazendo good vibes na bagagem, rezar pra que os organizadores, dessa vez, tenham o mínimo de decência e ORGANIZEM de fato e ir treinando em casa a elaboração das bolotas de barro, pra fazer verdadeiros teleguiados a serem lançados na área VIP…rs [brincadeirinha, area VIP… não me olhe assim… caim caim caim…]

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

.na hora do adeus.

Sunflowers

ju mancin

d °_° b versos perdidos, zeca baleiro

um dia há de acontecer. vou responder a esse seu adeus xôxo e melancólico com minha saída triunfal, em silêncio e, do jeitinho que você me ensinou, sem olhar pra trás. partirei sem lágrima, sem drama… nem cebola, nem morangos, levando uma mala cheia de lacunas que não foram por nós preenchidas…

e na parede nenhum quadro a colorir, só a mancha do tempo, daquele velho van gogh amarelo que compramos num sábado ensolarado numa feira de antiguidades fakes bem aqui no meio da maior cidade da américa do sul. vitrola calada, estante vazia, luz apagada, cortinas abertas e a janela fechada guardando o cheiro da resposta pra nossa velha pergunta. viramos bolor! morremos de dor! nem saudade hei de deixar…

um dia há de acontecer…

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Noite de Irene

Lu Minami


Ouvindo: Ana de Amsterdã
(Chico Buarque)

Era inverno, mas uma folia grandiosa e cheia de suor se instalara dentro dela. A blusa de seda já estava um pouco molhada e a leve transpiração aparecia acima dos lábios.

A noite fria inaugurava a lua redonda e amarela, parada no meio do céu e seus olhos redondos e pretos faziam com que a lua refletisse feito um diamante solitário à beira de uma queda [uma lágrima].

Irene não era mulher de sentir frio, gostava do arrepio e do leve tremor. Apreciava andar pelas ruas, olhando de soslaio para os lados, procurando alguma coisa, farejando sempre um algo ou alguém. Mas sempre o fazia de maneira discreta para evitar o falatório das vizinhas tagarelas. Mas naquela noite, ela pouco se importou. Sentia uma urgência de sair, naquela madrugada que quase lamentava o seu nome.

No entanto, foi só pisar na calçada e começar a caminhar para que os olhares se voltassem para ela, tão pouco casta, tão pouco puta. Mas gostava. Mordeu os lábios num meio sorriso e continuou andando.

Também não ajudava o fato da saia ser rodada e leve. As flores cor de lilás estampadas no verde do capim, estavam loucas para pular feito confetes e serpentinas pelo céu. Então, bastava Irene se virar para olhar novamente uma vitrine para que a saia subisse e revelasse – quase, não muito, muito pouco – um pedaço de si. E só esse vislumbre bastava para que o homem na volta de seu nobre trabalho enlouquecesse e perdesse seu rumo tão certo, tão distinto.

E ela gostava de distinção. Tinha de ser reto [ereto], direto, sério e robusto. Gostava de loção pós-barba, cabelo alinhado, terno bem cortado. Perseguia olhares que não a devorassem, mas que a desnudassem aos poucos, como quem despedaça uma flor enquanto lê um poema. Mas acima de todas essas coisas, prezava mais do que tudo a mão forte e decidida. Grande o suficiente para dar a volta em sua cintura. Grande o bastante para não permitir sua fuga sempre certa.

Alguém no mundo teria de ser capaz de prendê-la, de amordaçá-la por vontade própria e assim aprisioná-la de uma vez por todas, sabe-se lá por quanto tempo. O bastante para que ela mantivesse por mais alguns segundos seu olhar no olhar de outro,a busca da lua nos olhos do outro. E ela assim desejava essa mão, a força carinhosa, o cheiro de vontade e o silêncio que gritava seu nome na respiração acelerada.

Mais uma noite de sexta feira. Uma noite de lua grande, sem estrela e sem vento.

A noite onde os cães ladravam sua fome e os gatos minguavam sua solidão.

A noite de sonhos sem lembrança e de memórias pela metade.

É noite de Irene.

sábado, 11 de julho de 2009

.blue train.


ju mancin [a mesma]

d ¨>¨ b the blues are still blue, belle and sebastian

de repente o mundo gira e amigos de longe brindam comigo a mais uma noite, estrelas que bailam diante de meus olhos e a lua, sedutora, me convida a mais uma dança. sem você, que seja, o mundo gira. sem dor, nem vazio, nada além da lembrança, a doce lembrança da sua voz, que sorri me dizendo, sou o mesmo, permaneço aqui, no nosso lugar, embora o mundo tenha girado. ainda somos os mesmos. me pego olhando pra noite, entorpecida, sentindo nada além da brisa do inverno num país tropical, e sorrindo e pensando, estamos aqui…

mil léguas nos separam, nem burroughs ou kerouac…bukowski talvez nos alinhe…mas não…sou van gogh [vincent ou theo]…

ache belo tudo o que puder, a maioria das pessoas não acha belo o suficiente…

aumento o volume do som e me perco no chiado da vitrola…é coltrane e o trem azul, me levando pra longe da vida besta, me arrastando pelas pernas pros bueiros distantes.

saudade…só saudade de algum canto de mim em que fui mais eu…

eu te amo!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Alarme Falso

Lu Minami

Ouvindo: Drown in My Own Tears
(Lulu & Jeff Beck)


Ela dançava, girava e esvaziava o oitavo ou nono copo de bebida. Não soube direito como ele chegou perto ou como o cheiro dele se instalou quase instantaneamente no vestido novo dela. 


Ela simplesmente percebeu que algo intenso chegara perto demais. No mundo de lógicas colecionadas a duras penas, achava ela, isso significava um sinal vermelho grande e berrante. 


Mas virou-se e sorriu. 


Não parecia ser o tipo de cara que arrancava um meio sorriso dela. Muito arrumado, muito sorridente, feliz. Estranho demais alguém tão feliz no meio de tanta sombra, mas estranho mesmo era perceber que ela também estava feliz.


Ele tinha cheiro de banho às 5h da manhã. Ninguém cheira assim tão bem à essa hora. E ela se interessava pelo hálito de bebida com cigarro e não de menta fresca. Gostava do suor e não daquela colônia. Odiava amadeirados. O cabelo arrumado e o rosto sem barba não a convenciam. 


Ele chegou perto e soltou uma piada original. 

Ela odiava piadas vindas de estranhos, mas riu sinceramente. 


Ele tinha nome de apóstolo. 

Ela tinha nome de meretriz.


Ele queria saber dela.

Ela ainda não queria saber dele.


Ele encostou de leve os dedos no cabelo dela.

Ela fingiu não perceber.


Ele manteve a distância que o corpo dela pediu.

Ela chegou mais perto e sorriu de novo.


Ele trabalhava em banco.

Ela odiava bancos. Ela gostava de quem doía.

Ele não entendeu.


Ele queria saber mais dela.

Ela preferiu não contar, para não assustá-lo tanto. 


Ele chegou mais perto.

Ela deixou. 


Ele encostou a mão na mão dela.

Ela agarrou a mão dele. 


Ele a beijou e disse olhando no fundo dos olhos dela que ela era linda.

Ela... ela acreditou. 


Ele a levou para o bar, pediu a bebida dela e deu-lhe um beijo na testa.

Ela se aninhou nas costas dele como se a noite não fosse acabar.


Mas a manhã anunciou sua chegada e com ela, a vontade de brincar de amar, de fingir ser feliz por algumas horas. 


Em seguida, ele não sabia, mas ela retornaria para o silêncio bruto, sem espera, sem expectativa, sem esperança. Pois ela sabia, no fundo da alma dolorida, que quem a fazia doer um dia ia voltar e ela, com toda a calma e doçura do mundo, voltaria para doer mais, por cada vez mais tempo. 



I sit and cry,
Just like a child
My pouring tears
Are runnin' wild


quinta-feira, 2 de julho de 2009

.visceral.

ju mancin

d °_° b make my mind & sworn and broken, screaming trees

lá fora um frio! chove. é inverno no inferno! a cidade suja, se parece mais cinzenta do que habitualmente. meus olhos d’alma não se acostumam com essa falta de cor. a morbidez da tarde invernosa sequer se parece uma tela em branco, que poeticamente, espera a macula do pincel. o que vejo por fora me reflete aqui dentro. tento e tento e tento combinar a flor teimosa de algumas árvores com o piche do asfalto. e tento e tento, buscar calor num tristonho dia cinza.

em vão…

meus fones vibram a voz do trovão… “all these dying daaaays…”, mudo a faixa, “down in a hole, losing my soul” me diz alguma verdade. um turbilhão de palavras dança na minha retina, a caneta se recusa a dizer teu nome e jura, que por ti, nem mais uma linha e eu, me recuso a reagir, seguro firme o coração e me acomodo pra assistir melhor esse embate entre corpo e alma, sem torcida ou favorito. seja como for, no final, quem tomba sou eu, diante da razão ou da emoção, quem apanha sempre sou eu! [e na cara…]

o bate-bate ritimado das máquinas do chão da fábrica, me colocam num transe, me distancio de tudo e me aproximo de júpiter. caminho entre estrelas e a noite no espaço, me parece menos fria que vista do tapete na cidade grande que me abriga & abala.

no fone alguém repete “you make my mind! you make my mind! just wanna leave this world behind!

o telefone dispara e me coloca na terra. me encerro com a certeza de que não terminei…

You´re on my mind…

I´ll try again on another day!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

No poço de estrelas apagadas

Lu Minami

Ouvindo: Lived in Bars
(Cat Power)

É madrugada. Os sons do bairro soturno e boemio da cidade se confundem com alguma voz doce e rouca que sussurra através das caixas de som precárias. O copo de conhaque vai secando aos poucos. Péssima escolha, colocar cubos de gelo para descer menos quente. 


O cigarro terminando, as cinzas aumentando. E ela na doçura da noite não consegue se lembrar da última vez em que derrubou a luz dos olhos em algo que estremecesse todo o seu corpo. 


Ah, inventa... escreve coisas absurdas. Pensa em frases tolas, diálogos que nunca vão existir, pessoas que nunca vão chegar e, se chegarem, passarão sem vê-la. 


Quanta tristeza, não? Mas nem isso sente mais. Quer sentir muito, transbordar de loucura, mas os pés firmemente fincados no chão do firmamento nublado não a deixam desanuviar a nuvem espessa que cobre a sala de estar do seu peito. 


E decide, louca e cheia de si, se trocar para a lua que enche aos poucos no céu todo negro. 


Botas até o joelho, uma calça de plástico barato e uma blusa cheia de bordados, rendas, transparências. Colares, brincos e pulseiras adornam um corpo cheio de vontade e algumas dobras inevitáveis do tempo. 


Tira o borrão do olho preto e passa batom. Escolhe lavanda para o pescoço e os ombros, caso apareça um abraço despretensioso ou uma trombada descuidada. Se olha no espelho uma última vez para ajeitar o cabelo marcado pelo coque da manhã. 


Caminha suavemente para o sofá e senta com um cigarro pela metade, esperando a madrugada levá-la e adormecê-la no mundo dos sonhos perpétuos e pela metade. 

terça-feira, 30 de junho de 2009

.estive no inferno…e me lembrei de você.

ju mancin

d °_° b get me away from here I´m dying, belle and sebastian

envelheci.

sinto que envelheci muitos anos, quinze, dezesseis, em uma noite. é como se de repente o peso do mundo recaísse sobre meus ombros. não brilho mais os meus olhos. lamento minha perda e choro na ânsia de voltar. e não volto! dentro de mim, um mundo todo em ruínas, sem fogueiras ou fagulhas que indiquem sobrevivência. dentro de mim, nada além do silêncio moribundo dos velhos, sem cirandas e rodas e doces ou travessuras.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

.we are the world!.

jú mancin

d ¨>¨ b abc, jackson 5

minha singela e tola homenagem ao astro que eu vi nascer e morrer e que mudou a história do mundo pop tá bem ai ao lado, no podcast que eu fiz com as músicas que eu mais gosto, eu e o mundo inteiro, já que em se tratando de michael jackson, tudo é clichê!

vale, repetir a mensagem, que ele e toda a poderosa casta pop dos anos 80 deixaram gravada!


There comes a time when we hear a certain call
When the world must come together as one
There are people dying
And it's time to lend a hand to life
The greatest gift of all
We can't go on pretending day by day
That someone, somewhere will soon make a change
We are all part of God's great big family
And the truth, you know, love is all we need
We are the world, we are the children
We are the ones who make a brighter day
So let's start giving

There's a choice were making
Were saving our own lives
It's true we'll make a better day
Just you and me

Send them your heart
So they'll know that someone cares
And their lives will be stronger and free
As God has shown us by turning stones to bread
And so we all must lend a helping hand
When youre down and out, there seems no hope at all
But if you just believe there's no way we can fall
Well, well, well, well let us realize that a change can only come
When we stand together as one…

quarta-feira, 17 de junho de 2009

.reunited [feel so good].

jú mancin

como eu sei que a vida é doce? assim ó, tudo o que é bom dura o tempo necessário pra se tornar inesquecível. IMORTAL! eu costumo deixar o barco correr e a vida levar. deixo ir todas aquelas coisas-pessoas que amo só pelo prazer de vê-las voltando. adoro sentar na soleira da porta, acender meu cigarro e olhar o horizonte e amo a sensação de uma imagem se formando à distância, ganhando cores ao passo em que se aproxima. já não conto mais o tempo da espera… horas, dias, meses, anos. tantufaz!

enfim…a banda dos orgasmos coletivos está de volta!

Vida Longa ao Patton!!!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dia[mono]logo

Lu Minami


Ouvindo: Sinal Fechado
(Chico & Maria Betânia)



Você devia ter ido ontem. Eu fui porque queria ficar rouca de tanto cantar Chico com a voz louca para me ouvirem de cima do palco. E também porque estava precisando de um porre interestelar, mas nem isso eu fui capaz de me dar. Uma vontade de doer a cabeça no dia seguinte, ciente de uma grande merda feita e a vergonha, alguma voz sem dono no meu apartamento, o ardor, a dor nas pernas, um leve e pequeno roxo na coxa de lembrança. Ei, ta me ouvindo? Você devia ter ido. Escuta, ele era um pouco mais alto que você e tinha uma coisa de menino nos olhos, toneladas de uma infantilidade linda e um miligrama de vergonha na cara. Deu para perceber quando ele me abraçou, você sabe como eu fico, não é? Depois de tudo eu percebi que não estava bêbada, ele não me entendeu e fiquei pensando se eu era assim mesmo. Você acha que quando a gente, você sabe, então, você me achava muito ou muito pouco para ser compreendido? Pede um café para mim? Te dou um cigarro se você pagar meu café, pelo menos uma vez na vida, vai? Na verdade, sinto um sufoco de tanto vazio, deve ser por isso que perco o pouco de controle que faço pouca questão de manter. Pelo menos eu acho que é o vazio, parecido com uma grande ausência, talvez de alguém como você foi um dia para mim. Eu fui algo para você? Assim, alguém que preenchia espacinhos do seu peito, as lacunas das suas manhãs e noites mudas e as perguntas sem respostas de filmes de arte? Ou a cor que inunda espaços entre linhas cinzas e vazias do branco inevitável? A vida rosa do cinema francês? Eu era essa cor ou era uma cor assim, indefinida, cheia de nuances estranhas que você não sabia se gostava ou se doía e não sabia se estava cheio ou vazio daquela merda toda? Eu sei, desculpa, a gente não devia mais tocar nesse assunto. Hein? Não, eu não chorei quando você foi embora. Eu fiquei aliviada, mas confesso que procurei pistas e recados pelas gavetas que me explicassem porque a gente nunca se magoou o suficiente para chorar pelo outro. Acho que também nunca rimos tanto para justificar o choro. Mas me entristeceu durante um tempo o espaço enorme que você deixou vago, apesar de a cada dia, esse espaço se tornar entrelinhas cada vez menores e sintetizar, a cada palavra proferida, a nossa breve história, de modo a finalmente colocarmos o tal ponto final, que finalize e não pause, para começarmos outro conto novo e inédito com os mesmos erros cometidos. E levou tudo isso de tempo para que a gente percebesse finalmente que não devíamos mais nos encontrar às escondidas assim, entre um café morno e um cigarro amassado. Engraçado, né? A gente devia ter resolvido isso antes. Você devia ter ido ontem, mas já que não foi... adeus.



– Olá! Como vai?
– Eu vou indo. E você, tudo bem?
– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você?
– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo... Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é, quanto tempo!
– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
– Quanto tempo!
– Pois é...quanto tempo!
– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
– Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– Eu procuro você...
– Vai abrir, vai abrir...
– Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Adeus!
– Adeus!
– Adeus!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

.a sorrir.

ju mancin

d °_° b lazy line painter jane, belle and sebastian

a vida anda dura, certo? o certo então, seria sentar, e com a minha peculiar ranzinsisse, reclamar até que o dia clareasse e chorar as pitangas desse leite derramado. isso seria eu autenticamente, é o que faço de melhor. sentar e reclamar. mas ando olhando para os lados. noto a casa em festa com as cores do outono. borboletas no mês de junho, uma tremenda sorte pra quem as avista. o céu com lua e salpicado de estrelas. frio. o frio que apela pro fogo e convida a uma taça.tentação! mais um trago e a vida verde! no canto quieta, a vitrola parece gritar. é belle! é belle! [solta a agulha]. são tantos blues e tantos dylans. dez mil cartas sem destino. mil amores perdidos. um coração selvagem e os sonhos, a prole desse meu cerébro vadio…

terça-feira, 26 de maio de 2009

.qualquer coisa.

ju mancin [ www.twitter.com/jumancin ]

d °_° b easy to remember, billie holiday

nem sei que tipo de coisa é essa que bate aqui dentro que chora ou clama. ou que pede mais uma dose quando a noite, enfim, acabou como o gim. se é amor ou devoção. não sei em que ponto a gente se fundiu [e confundiu]. se é saudade a angustia que me acorda no meio da noite. ou se é medo, esse calafrio que arranha a espinha. desejo. desejo louco de ficar em você. fazer parte de você. de te ouvir falando. não tem jeito! [é pra vida inteira]. sou vítima desse amor bipolar. puro. simples. simples como o sopro do miles ou do coltrane. puro como um rif de guitarra ou doce como a voz da billie. assim, de qualquer jeito, mas genuíno.amor.

deixemos de lado nossas máscaras e amemos em alto e bom som. é fácil! o amor é guerra mas eu quero paz. eu quero é mais. chega dessa sopa rala. é hora de voar! aumenta o som e chega pra cá. me dá um beijo, um abraço, um amasso e um cigarro que esse papo seu já tá de manhã…

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Voltas, cambalhotas e piruetas

Lu Minami


Ouvindo: I'm Old Fashioned
(John Coltrane)


Você chega em casa sem aviso, sem me notar, sem notar a música da minha coleção de jazz que tenho tanto orgulho, sem tirar os sapatos, sem olhar direito e por mais tempo nos meus olhos, sem escovar os dentes, sem trocar de roupa, sem notar o livro de Baudelaire que larguei de propósito no pufe como quem diz: “Me olha, estou aqui por sua causa, seu idiota”.

Chega cagando regra, vomitando sua audácia e cuspindo toda essa arrogância que eu odeio amar. Não nota a garrafa inteira que eu esvaziei enquanto enchia meu peito de uma esperança vil, ordinária e de sexo sem amor, de quem tem esperança que um dia ele se torne algum tipo de loucura ou algo parecido com amor, mesmo sem saber o que isso significa.

E você enxerga essa falha rasgada na minha cara, uma grande cicatriz de quem tem medo de brincar, medo de parecer séria demais, sexy demais, beirando o ridículo, com aquela inteligência de quem devora livros para chegar perto de você, nem que seja por alguns minutos de conversa. Aqueles minutos que você odeia e eu também depois de tanto falarmos em silêncio naquele sofá, naquela cama, naquela lavanderia.

E toda essa minha insegurança acaba no instante em que você levanta, vai tomar banho sem mim, se veste e se despede com um aceno, esperando que eu diga “ah, volta aqui, fica mais um pouco”, para ter o prazer monstruoso e horrendo de dizer “fica pra uma próxima”. Mas eu nunca digo, eu levanto e abro a porta, sonolenta e entendiada, como quem não vê a hora de você ir embora.

Nesse segundo, nós sabemos que o mundo não parou, mas a vida virou, virou do avesso, mostrando algo que não entendemos. Um breve olhar de ternura, que mal é percebido, e continuamos sem saber onde estamos e aonde vamos parar.

E é por isso que você vai chegar um dia em casa novamente, sem aviso e com uma garrafa de vinho vazia na mesinha da sala.
E é somente por isso que eu vou abrir a porta.

terça-feira, 19 de maio de 2009

.liberte-se.

ju mancin

d °_° b how many cans, soul coughing

de repente a mente abre…

caminho entre as flores, me deixo levar…

a voz, canta uma canção sobre o demônio e eu…

“me and the devil…walking side by side”… será?

penso em deus…

energia. luzes que vibram e colorem o horizonte acinzentado da babilônia…no céu, aquele sol fraco do outono, quase encoberto pela fumaça que vem da serra, nessa hora do dia, nessa época do ano…

timidamente, um sorriso se desenha… “bons pensamentos nos fazem voar, wendy”!!!

tanta escuridão, eu sabia, uma hora findaria…enfim, aquele campo dos morangos [mofados ou não]…

meu encontro comigo num campo de morangos com cheiro de chuva…

…ando meio desligada…

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dias cinzas felizes

Lu Minami


Ouvindo: Reckoner
(Radiohead)



É na brancura de alguns dias que a palidez forçada e sugerida da minha alma insiste em aparecer. Mas são nos dias cinzas de chuva, com o céu carregado de intenções de chorar e pestanejar com seus trovões que encontro um pouquinho de paz.

É com o céu mudando de cor e suas nuvens que passam em sua pressa de levar água e infortúnio para outros lugares que eu sossego meu medo e vomito palavras torrenciais, que inundam páginas e páginas de cartas infinitas.

Peço calada, um favor então. Eu sei, parece coisa de criança, de gente maluca e que não toca a vida para frente. Mas hoje, o cinza me deu chance de ser corajosa e encher de cor a minha boca para te dizer. Te pedir que deite de novo naquele travesseiro pintado de flores pretas e guarde esse olhar só para mim, que cante baixo, pela respiração, aquela música que esqueci a letra, mas que diz tanto em tão poucos versos. Que tem aquele refrão bonito, sobre dias azuis e claros que nunca mais se repetirão, sabe?

Eu lembro, eu sei. Um pouco da letra que ainda cabe em meus últimos segundos de travesseiro, um restinho de pernas que se entrelaçam, meus pés gelados sempre e um jeito estranho de me encaixar no seu peito, onde fico entregue e você mais vulnerável do que nunca. Daqui, do seu peito, era possível te machucar, mas minha vontade era te proteger. Te proteger de mim mesma.

Em dias assim, me invade a preguiça do mundo e das pessoas vazias ou que nada tem para me dar, porque é impossível não te colocar acima de todas essas pessoas e te jurar, todos os dias, que não serei feliz por menos, que não vou conseguir me inspirar em dias brancos sem as nuvens esparsas e carregadas do negrume do meu coração junto ao teu.

.I´m free now.

jú mancin

d °_° b cure for pain [o álbum], morphine

I'm free now to direct a movie
sing a song or write a book about yours truly
how I'm so interesting, I'm so great
I'm really just a fuckup and it's such a waste
to burn down these walls around me
flexing like a heartbeat
we don't like to speak
don't talk to me for about a week
I'm sorry, it just hurts to explain
there's something going on that makes my guts ache
I got guilt, I got fear, I got regret
I'm just a panic-stricken waste I'm such a jerk
I was honest, I swear
the last thing I want to do
honest, I swear
the last thing I want to do
is ever cause you pain
I'm free now
free to look out the window
free to live my story
free to sing along

morphine, morphine, morphine!!!

passa vontade não, abre que toca!

 

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