quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Marshmellow Pies






Lu Minami




Ouvindo: Rockin´Chair (Oasis)



Deu vontade de pular assim, como se o mundo fosse de repente o lugar mais ensolarado e amarelo do mundo, com uma linhazinha fina que divide o céu do gramadão fofo verde-limão.

E com óculos de sol coloridos e vestidos de bolinhas lilás deitar na grama e adivinhar as formas bizarras do céu.


Deu vontade de morder um pedaço de você e ficar com ele, sem fazer você sentir dor nenhuma. Deu vontade de engolir tudo-aquilo-tudo-aquilo-tudo-no-todo-de-nós-todos. E tapar esse negócio que não tem fim, esse fim sem antes e depois, aqui dentro, entre o pulmão e o estômago. Um grande nada cabendo bem aqui... uma sede e fome do cacete.

A vontade de ser leve com os cabelos amarelos e pele sardenta não passava. A vontade de andar com morangos saltitantes de mãos dadas com tortas de limão fazendo ciranda ao redor de Paul, John, Ringo e George também não.

Mas você... me lembrava o cinzento, a azia e a vontade de vomitar o nada em forma de bile. Líquido morto. Você em decomposição. E o céu esverdeava poderoso e pancreático.

Acontece que a toalha xadrez vermelha e a torta de maçã caramelada com vinho gelado me deitaram na grama e quiseram engordar isso aqui dentro.
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E embora desse mesmo vontade de viver no mundo de caramelos, a lembrança da náusea ainda era grande.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

.vem ni mim queu to facim.

ju mancin

d °_° b is very nice pra xuxu, os mutantes

em 2009, vai voa lasca de cu pá todo lado, eu prometo!

não vai dá, assim não vai dá...

simbora cabá logo coesse 2008 insosso...

faz tempo que não abro o coração assim sem muitas metáforas, mas é que hoje tô sem vontade de encantar, cansei de ser sexy [ha-ha-ha].

parece que botaram maizena no meu samba. a coisa engripou. engrossou.

tô me guardando pra quando o carnaval chegar. e quando chegar, mano...vai MERMO voar lasca de cu pa todo lado. o bonde da tagarelice.à.tôa vai te que me engolir, porque quando eu voltar [e eu vou voltar!] vai ser com cabo de vassoura e sem KY. empalados sejam os que me quiseram mal. os que me quiseram longe. vai ter zoraíde sobrando nessa história.

aos alcoviteiros de plantão: meu povo! 2009 vai sobrar flash pros tablóides da mísera vidinha cotidiana do café e cigarros na neverlândia!

esse foi o ano dos fracassos, o ano dos fiascos...

pra quem não queria me decepcionar, você se saiu muito mal.

um fiasco!

pra quem se gabava de ser feliz, eu me saí muito mal.

um fiasco!

curinthia na segunda divisão.

um fiasco!

sex and drugs.

um fiasco!

rock n´ roll...

é...esse foi rock n´roll mesmo! pelo menos isso...[salve dylan! sempre dylan!]

meu on the road me fez correr quilômetros atrás de mim mesma, e BINGO. I´m not there!!! nem here ou anywhere...

mas tá acabando, e eu mal posso esperar pra ver a banda passar. tô aqui ó, sentadinha no coreto, bem em frente à nossa casa na terra do nunca, com meu cigarrinho aceso, meu maço tá cheio, tomando um café, cafeínado pode apostar, olhando pro céu e ouvindo o capim crescer. só esperando a tal da banda. bóra lá ver que daqui pra frente, tudo vai ser diferente, você pode aprender a ser gente...

ah é, o tim maia é meu pastor e nada me faltará! [pensando bem, não vale a pena, ficar tentando em vão, o SEU amor não tem mais condição não, não, não, não, não]...e como bom síndico, é assim que toca o puteiro...

we´re gonna rule the world... don´t you know! don´t you know! [dá um kilo, queuqueeeero!]

não, isso ainda não é a minha lista de desejos pra 2009, essa vou guardar mais pra adiante, é só a fogueira das vaidades de 2008...o fim das coisas findas e lindas...

tamo junto e misturado!

;-)

meu nome é ju mancin, eu falo olhando nos olhos e não viro o rosto pra falar de amor. quando eu falo, assino embaixo e não me escondo atrás de alcunhas covardes pra enganar criancinhas tolas. WAKE UP, infâncialand!!!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

.coração partido blues.

jú mancin

d °_° b I´m old fashioned, john coltrane

um café, vazio e meio sujo, quase silencioso, não fosse o coltrane arradinho, reclamando ao fundo da cena.

a moça sentada à última mesa, enfiada num avental branco por cima do vestidinho rosa, que compõe o uniforme de  garçonete de um café vazio e meio sujo, entretida com um folhetim de fofocas do meio artístico já ultrapassado, só se dá conta de presença estranha, quando o moço recém chegado tosse, uma tosse seca.

sem susto levanta os olhos pregados ao folhetim, assim de cara e meio entediada, se levanta contrariada...

[mas a essa hora, com essa cara de ressaca...vai me arranjar problemas...]

- o senhor quer o cardápio, ou já sabe o que vai pedir?

- bom dia, jovem senhora!, disse o atormentado intruso, numa voz pastosa e cansada, e de forma tão lenta, que a jovem de avental branco por cima do vestidinho rosa teve tempo de contemplá-lo e concluí-lo...

[belos olhos sofridos. marcas do tempo e da dor. de que mal sofre esse homem?]

- câncer!

a moça assustou-se, - como, senhor?

- tenho câncer! câncer no coração...estou morrendo!

- ma...mas senhor, sentes alguma dor? quer que chame por socorro?, disse a garçonete numa voz trêmula e entrecortada.

- traga-me um café. torradas, queijo fresco, ovos mexidos...

[a última ceia!]

- traga tudo e um sorriso. [faça-me querido por alguns instantes, deixe-me sentir em casa, permita-me crer que isso aqui é o meu lar...]

a moça se afasta, ainda sentindo a cabeça girar pelo golpe da dura resposta aos seus pensamentos. se afasta no intuito de preparar uma bela refeição que alimente o triste homem...

o triste homem se afasta, sente o corpo desfalecer e sorrindo meio inconsciente, aos poucos rememora dias felizes. aquela bela, sorrisos e abraços e beijos e sonhos, milimetricamente sonhados a dois. no feno, na grama, no trailer, na cama, na água, na lama...longos dias de frenesi. a linda e louca MISS ALABAMA. era assim que ela se chamava...

miss alabama surgia na noite, cantando qualquer nota, no seu velho violão desboatdo, contando um conto sempre à caça do ponto, falava da terra, do fogo, da água e do ar. falava da vida e da vida após a morte. falava de amor, como que sentisse amor, mentia bem a danada, sabia do amor uma grande bobagem, mas gostava de amar... no feno, na grama, na cama. em todas as camas. longas semanas e a louca caiu no mundo. levou a alma, o coração e a grana...deixou o homem, que era feliz, triste, deixou o trailer...deixou um câncer.

o homem chorou. chorou. chorou. comeu, se lambuzou nos sabores daquele café sujo, preparado com zêlo por alguém que apiedou-se de sua dor. levantou-se, pagou e agradeceu a moça, deixando o troco, gorda gorjeta. correu pra estrada de ferro em frente, ali na estrada, pulou da ponte. se jogou bem na hora do trem passar. matou seu câncer.

a moça, voltou pro tablóide, antes um pouco de ingressar nos bastidores de sua vida imaginária, se pegou pensando, com um riso meio tímido...

[Pobre homem triste! Amanhã lhe faço um bom almoço!]

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

E bem no meio, pelos cantos

Lu Minami


Ouvindo: Off the Hook
(CSS)



Ah mas que coisa!
Coisa de quê? Questionava, enquanto caminhava meio tropeçando, meio caindo, meio de pé, meio quase deitado no meio da avenida, no meio do trânsito infernal. 9h da noite. Trânsito esquisito, meio mundo vem, meio mundo vai. Olha, vai vendo. Uns estão voltando do trabalho, esse aí coitado, cara de esgotado, cabelo já meio ensebado - deve ser a mistura de mão no cabelo para fazer charme e o choque do ar condicionado - gravata meio frouxa. A outra ali, toda arrumada. Saiu cedo do trabalho para passar na depilação antes porque ia sair com um rapazola. E ainda tomou um banho porque chegar ali perto com resto de cera não dá muito certo, o cara saca na hora. E deu risada, meio tropeçando pelos cantos da calçada. E calçada tem canto. Ô se tem. Tem canto desses malditos canteiros, cheio de árvore que esqueceu de crescer, mas se você olhar bem de pertinho vai perceber que a árvore tá velha, cheia de folha dura e empoeirada, tronquinho mijado, cerca de proteção esgarçada. Coitada, violada por algumas latinhas, bitucas, panfletos "não jogue em vias públicas", papel de bala, maço vazio de cigarro. Ali vem outro, deve estar indo para a academia. Tá com cara de animado e botou um som alto para mostrar parte dos musculos para a moça que vai buscar pão e para se animar para a aula de quê? De Pilates. Outra ali foi buscar a filha no balé. Dá para ver que foi buscar porque a menina tá com o coque meio caindo e 9h da noite para a frente não tem mais aula de balé para criança. Jazz. Salsa. Tango. Coisa de gente grande e velha já. Que prefere beber. E lá ia, meio bêbado, lembrou da meia garrafa que tinha guardado no canto da cama. Cama tem canto? Canta enquanto tenta dormir. Meio pela metade. Meio copo vazio. De meia esperança.

Bem no meio da cidade.

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