sexta-feira, 31 de março de 2006

Uma poesia...

Jú Mancin
Ouvindo Lost in the supermarket, The Clash

Uma poesia de Beto Renzo, nosso amigo poeta!

Não

Eu não resmungo mais esperando que você possa me ouvir.
Eu não me permito ser à todo custo aquilo que eu não sou…
E tudo mais que espreme o olhar quando se quer a verdade.

Eu não espero que um dia alguém aqui possa realmente me ver.
Eu não insisto em bater onde não quero entrar…
E tanto jeito adequado eu deixo pra você…

E tudo mais dos teus amáveis absurdos não cabem no que vim aqui apanhar!

“Aperte essa lágrima, pois no rodízio hoje é o dia de sorrir.” – Não, isso eu não vou fazer!
“Estique esses lábios, pois é preciso sempre sorrir na sala de estar” – Não, isso eu não vou fazer!

Eu não me preocupo em me vender pra aquilo que não quero ganhar.
Eu não me cuido em ser moderninho pra esquecer como inventar…
E tudo mais que seja a equação da beleza estúpida do cartaz.

Eu não acho efêmero o bem querer que à outra pessoa se dá.
Eu não participo da torrente suja que solicita o calar da alma.
E tanto mais que você queira me obrigar…

E tudo mais das infindáveis cópias da tua mesma solidão jamais quero carregar.

“Aperte essa lágrima, pois no rodízio hoje é o dia de sorrir.” – Não, isso eu não vou fazer!
“Estique esses lábios, pois é preciso sempre sorrir na sala de estar” – Não, isso eu não vou fazer!

De meu pai, o olhar que se pode confiar.
De minha mãe, a força em ser pequeno e muito maior!
De meu irmão, o lado que me completa…

De Orlando… muito além das histórias… o não pra qualquer falta de amor!

quinta-feira, 30 de março de 2006

Vruuuuuuuuum...

Jú Mancin

Ouvindo Babylon, Zeca Baleiro

...como se não bastasse tudo, tem brasileiro no espaço. Queria tanto estar no lugar dele. Imagina, ver essa porrinha de planeta bem pequeno e azul? Um ponto azul no meio do nada. As vezes é assim que me sinto (um ponto gordo no meio do nada)...

...pior é que o presidente Lula disse que também gostaria de fazer essa viagem, hahaha, a gente sabe presidente, a gente sabe!!!

...alguém assistiu Elisabethtown??? Que coisinha mais bonitinha.

...ah, não posso deixar de comentar o tal do PLANO PERFEITO. Spike Lee + Clive Owen + Manhattan = Duas horas e vinte de puro entretenimento. Genial!!!

Um artigo.

Lu Minami

Ouvindo: Meu Amor, Meu Bem, Me Ame, Zeca Baleiro

Eu sempre procuro colunas bacanas com artigos ímpares. Às vezes esbarro em coisas repetidas, outras vezes me deparo com algo realmente bom. Acompanho esta redatora há algum tempo. Ela nem sabe porque eu descobri ela por acaso, mas está aí.

Ela é confusa, delicada, desbocada, forte e frágil como nós. Ela é uma mulher como todas nós. E hoje, vejam: ela traduziu, palavra por palavra, o que eu sinto.


A última

Sabe aquele medo horrível que você tem de sofrer? De perder algo que ama muito? De vomitar? De que tudo saia do seu controle? Eu torço pra que isso te aconteça, acredite, é maravilhoso.

Se um passarinho azul passar na sua frente e borboletinhas amarelinhas o acompanharem, isso é realmente lindo, não porque você ganha bem, ou porque tem um apartamento cheio de almofadas te esperando, ou porque tem uma pessoa especial ao seu lado te dizendo que eles são lindos. Eles são lindos porque existem simplesmente, igual a você. Eles são lindos porque você está completamente sozinho neste mundo, mas este mundo é maravilhoso, não tenha medo.

Não tenha medo de descer até o inferno e queimar como um papel cheio de regras e certezas, queime, vire cinzas, chega de querer controlar a vida, chega de querer amar, existir e desejar pelo seu ego. A vida é muito maior do que você, acredite nela, colabore com ela, tenha fé nela, faça a sua parte, mas em hipótese nenhuma sonhe que você pode simplesmente enfiá-la amassadinha dentro da sua bolsa, ela com certeza vai se vingar de você.

Deixe, deixe a onda da dor passar por você, ela pode até te derrubar, te afogar um pouco, te chicotear com o sal, te assustar com tanta grandeza, mistério, profundidade e experiência, mas acredite em mim, você não vai morrer. Você vai se levantar, ainda que a praia inteira ria de você, ainda que a força tenha levado suas roupas e você esteja completamente desprotegido para a vida, nu, entregue, sem dignidade. Ainda assim você vai se levantar e seguir em frente.

Acredite no Deus que mora dentro e fora de você, acredite que, para cada vez que você diz “eu odeio”, algo ou alguém vai te odiar. Acredite que, para cada vez que você diz “eu não acredito”, algo ou alguém vai perder a fé em você. Então diga agora, bem alto, para que até aquele seu lado mais surdo e teimoso ouça, “eu amo e acredito em mim e na vida”.

Siga nu, quase sem vida, quase sem vontade, sem sono, sem fome, sem desejos, mas siga, o passo que está na sua frente já carrega uma dor menor do que o anterior, aos poucos você deixará para trás essa carga horrível que você mesmo juntou e então poderá voar. Aos poucos cairá tudo e só sobrará você, e você é feliz, sua essência é feliz.
Onde estava você, escondido embaixo de tantos sonhos frustrados? Você é real, não tenha medo de apenas ser e ser agora, sua felicidade não está nem no útero e nem no dia perfeito, ela está aqui e agora, o resto você inventou porque ainda não sabia que podia contar com você. A verdade é que você só pode contar com você.

Amar de verdade é esquecer um pouquinho de si mesmo, se você já se esqueceu num cantinho como uma criança de rua carente por causa do amor, não se culpe, você só mostrou, ainda que seja difícil mostrar alguma coisa nesse mundo de aparências, falsidades e medos, que você tem coragem para amar, parabéns. Mas chega, se não houve troca, chega, porque amar sozinho é solitário demais, abandono demais, e você está nessa vida para evoluir, mas não para sofrer.

Essa criança carente agora precisa dessa mesma coragem para ser amada e ela merece mais do que ninguém, ela é, de verdade, a única coisa que você realmente tem e terá para sempre. Por favor, está na hora de levá-la tomar banho, tomar sol e tomar sopinha de mandioquinha. Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma muleta, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim.

Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coracão, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz.

Tati Bernardi.

quarta-feira, 22 de março de 2006

Vira-lata não. Bipolar sim.

Lu Minami

Ouvindo: I wanna be your dog, Iggy Pop.

Tem gente que me acha louca. Tem gente que me acha normal e paciente. Eu já ouvi que sou revoltada. Já me pediram para eu não perder o foco. Já me disseram que, ao mesmo tempo que sou medrosa, não tenho medo de nada. Já ouvi que minha velocidade confunde e que minha lerdeza brocha as pessoas. Vai entender. Quente, fria. Impulsiva, sem-atitude.

Você conhece alguém bipolar? Prazer, sou a Luciana e você, quem é?
Sinceramente, eu não me importo.

Sabe o que aconteceu ontem? Eu estava limpando umas gavetas cheias de pó e eu sempre tive a mania de guardar tudo. Pois então, eu tive conversas bem comprometedoras via email ou essa merda de msn com algumas pessoas "congeladas" (é, você mesmo que está achando que eu não seria capaz de me dar ao trabalho de copiar aquela conversa que tivémos para o Word e depois imprimir tudinho) e estavam elas todas lá guardadinhas.

(Para o seu alívio) Eu rasguei tudo.
Tudo no lixo. Mas não foi por revolta, juro que não foi.
Eu nem fiquei com raiva ou tristeza.

Mas sabe o que é?
Ontem eu estava a fim de me livrar do lixo.
E o fato de ser bipolar não vai fazer com que eu me arrependa amanhã.

Uma coisa é certa: lixo é lixo.

segunda-feira, 20 de março de 2006

Neurologia

Lu Minami

Ouvindo: Manifest Destiny, Jamiroquai.


Começo de um jeito bem clichê, quase ditado popular: Ciúme é um monstro de 7 cabeças devoradoras de rins indefesos.

É estranho, isso acontece com vocês? De repente, alguém de um passado muito ou pouco distante reaparece nos seus pensamentos já bem desencanados de tudo o que aconteceu e uma imagem de propaganda de empréstimo pessoal faz uma transmissão neural para seu cérebro já meio cansado. Ele de camisa e calça pula-brejo brancas, colar de côco, abraçando uma moça magra e linda, de cabelos bem-resolvidos com o vento, ambos rindo, rindo, girando, girando, na areia branca e que não gruda na pele suada.

Não é um porre?

Porque aí você pensa: e se fosse eu ao invés dessa loira aguada de dentes brancos? A felicidade ia parecer tão banal assim? Ah ia... porque toda felicidade é banal e estúpida. Eu adoro esse meu jeito de encarar as coisas poética e melancolicamente porque dá sentido, aprofunda, explica. Mas, quem nesse mundo, não deseja ser banal por alguns momentos? E que seja com aquele babaca idiota de calças brancas pula-brejo?
Quando você se convence de que aquela imagem foi uma falha dos seus pobres neurônios cospiradores, outra transmissão é feita. Ele caminhando por acaso em alguma rua movimentada de São Paulo e um crepúsculo quase impressionista, feito à mão, pinceladas gordas e suaves pelo céu multicolorido. Ele de jeans e camisa amassada e um botão solto casualmente. Ele na sua direção e você linda, num vestido mais bonito que o da loira, cabelos mais seguros do que nunca. Ele sem graça por te ver e, você sem saber para onde olhar, pisa numa poça suja de lama, tropeça e vai de encontro - não aos braços dele - a uma lixeira pública, onde segura firme para não cair e atola a mão numa embalagem de sorvete nojenta, cheia de formigas.
Ele ri. Você ri.
Viu só como seus neurônios te recompensam?
Com pura felicidade. A mais banal de todas. E, feliz da vida, você os perdoa e pede que a transmissão siga adiante.

Terminando com um jeitinho bem clichê: a vida continua.

Me deixa...

Jú Mancin

Ouvindo Morphine (minha droga favorita aqui na fábrica)

As pessoas têm me perguntado se eu estou bem, ou, o que está acontecendo comigo.
Nada. Comigo tá tudo bem. Só ando meio avoada, meio impaciente, meio apaixonada, meio melancólica, meio qualquer coisa.

Na verdade, meio tudo o que eu sempre sou, a diferença é que ando instrospectiva.
Não! Individualista.
Acho que egoísta define melhor.

Não quero saber se você tá feliz. Eu tô feliz. Que me importa se você se apaixonou? Eu me apaixonei. Ahhh, tá rico é? E eu com isso? Minhas contas só cabem a mim.

Sei lá...

Hoje eu tô cansada da sua vida. Dos seus hábitos. Da sua presença e, mais ainda, dessa sua ausência. Tô cansada do seu nome. Dessa sua ladainha. Tô cansada da sua gentileza e tô cansada da sua finesse (sua etiqueta limpa minha bunda). Tô cansada e com preguiça de você. Hoje quero cuidar da minha vida. É só isso. Nada pessoal contra ninguém, só a favor de mim mesma!

sexta-feira, 17 de março de 2006

...blá-blá-blá...

Jú Mancin


Ouvindo Claire, Morphine

...ai, ai

...faz tempo que não escrevo aqui

...e não tenho muito o que dizer hoje não

...exceto o de sempre

...só que não vou dizer


...cansei de blá-blá-blá...

...foda-se que eu tenho saudade
...foda-se que ninguém me leva a sério
...foda-se que o brasileiro é burro
...foda-se que nem tudo é como eu gostaria que fosse
...foda-se que a tarde tá linda e eu tô trancada no escritório (o pôr-do-sol daqui é lindo)
...foda-se você
...foda-se! foda-se! foda-se!

...e foda-se se alguém achar que tem muito foda-se nesse post...

sexta-feira, 10 de março de 2006

Um aroma

Lu Minami

Ouvindo: Doze anos, Chico Buarque

Hoje de manhã, senti um cheiro diferente. Eu não sei, mas deu uma vontade imensa de chorar muito, estrebuchar até cair no chão. Mas não foi tristeza. É que era um cheiro muito grande que me lembrou coisas que eu achei que já tivesse esquecido. E a razão do choro foi esse. Como esquecer disso tudo?

O pão de manhã e o café com leite cheirosos. A janela que tinha o vidro todo ondulado e que deixava entrar a luz amarela e fazia prismas pela cozinha que eu e meu irmão tentávamos pisar. A minha cachorra enorme e que não sabia brincar ou a gente que tinha medo demais dela. A minha mãe pintando quadros. A gente embaixo de um endredon na sala com os meus pais, vendo filme e fingindo que estava super acordado, porque não queríamos dormir tão cedo. O pé de romã que eu plantei no quintal e que deu um monte de fruta. Eu me pendurando nas portas de casa, subindo com as mãos e pernas, como se fosse uma aranha. A empregada que brigava com a gente, mas que imitava o Zacarias do Trapalhões como ninguém. O caminho para a escola. O primeiro soco que meu irmão me deu porque eu batia demais nele. O bar da Sônia e os doces (e os bêbados) que tinham lá. Gelinho que vendia na vizinha da frente. A caixa d´água da casa ficava numa laje, que parecia um terraço do meu quarto e eu escapava para lá às vezes, para sentar no chão e olhar a rua deserta. O aquário de peixes dourados que morriam toda a semana e meu pai os repunha toda semana para não deixar a gente perceber a morte. O Fabinho, quando chegou da maternidade numa manta branca. O jardim, onde a gente tomava sol que depois foi cimentado. O telhado da vizinha que a gente subia para pegar as bolinhas. A minha escrivaninha que virava casa para a Barbie. Cada estante era um cômodo. O cigarro que eu roubei da empregada para ver como era e quase morri dentro do banheiro dela. Os saquinhos com água e purpurina que eu usava para brincar de fada. O cotidiano de brincadeiras. Uma rotina de tardes inteiras para brincar depois da lição de casa. Meu pai, que levava a gente dormindo no colo para dentro de casa, depois de uma festa na casa dos primos. Aqueles malditos baús de cama onde eu me enfiava para brincar de esconde-esconde e quase morria asfixiada. O carpete verde. O toca-discos. A Tatiana, minha boneca com os dedos todos comidos (por mim) e que a empregada nova jogou fora porque achou que a boneca era velha e suja demais. Os livros que eu lia encostada na parede do quintal enquanto comia uma maçã.

O cheiro que eu senti hoje de manhã foi de Xangri-lá.

terça-feira, 7 de março de 2006

Vida janelada.

Lu Minami

Ouvindo: Argumento, Paulinho da Viola


Eu tenho uma janela agora!
Ela é grande, deve ter uns 1,70 m de altura e fica bem na frente do meu nariz! Ela é transparente, sem insulfilm e fica no 10o andar. É bem agradável ter uma janela dessa e nessa altura em São Paulo, para ver a paisagem urbana, cheia de backlights e de congestionamentos, o mundo parece longe demais dos nossos pés. Ontem, por exemplo, o fim do dia estava fantástico. O céu estava meio amarelo, azul, rosa e lilás, com algumas nuvens de tom ocre e, se não fosse pelo ar-condicionado, eu teria sentido o cheiro da chuva. Isso tudo eu vi pelas frestas da persiana, é! É pena que tenham de ficar semi-fechadas durante a maior parte do dia, porque "a iluminação exterior afeta a visibilidade dos monitores", disseram.

Mas que se dane! Eu tenho janela!!! Deixei de ser um tatu confinado no 2o subsolo.

quinta-feira, 2 de março de 2006

The end

Jú Mancin


***com o coração apertado***

TODO CARNAVAL TEM SEU FIM!

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