terça-feira, 12 de novembro de 2013

.obsceno.

ju mancin

d °_° b I put a spell on you, nina simone


não. ela não vai dizer que gostou de você [logo de cara]
ela não vai dizer que cansada do frio, precisava mesmo desse banho quente ou dessa dose de conhaque, que você, às vezes parece ser.
ela não vai dizer que já busca sua voz quando está em silêncio.
e também não vai dizer que no meio da praça quando a banda passa, ela deseja o silêncio, para, de-repente-quem-sabe, ouvir sua voz.
nem passa pela cabeça dela, dizer que está escrevendo, justamente, para não te dizer isso ou aquilo.
ela não vai dizer que precisa saber seu nome, para que possa chama-lo, assim, mentalmente, mesmo.
ela não vai dizer que sorri para o acaso.
nem vai dizer que apanha dele por ser atrevida.  [e segue em frente...]
ela não vai dizer que não importa seu endereço. [penso que ela pense que seu endereço é ela]
ela não vai dizer que te quer, que te quer, que te quer.
nenhuma palavra, nenhum detalhe.
ela não vai te dizer nada.

e nem precisa...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

.imaginário.

ju mancin

d °_° b almost blue, chet baker

um livro emprestado,
um retrato mofado numa parede rachada,
um quarto verde-bosta
e aquele disco riscado que você lembrou de me dar quando me esqueceu

nada além de poemas rabiscados nos muros que imaginamos derrubar um dia...

sexta-feira, 14 de junho de 2013

#SP13J

ju mancin

d °_° b bullet in the head, rage against the machine


São Paulo, 13 de junho de 2013


Havia uma greve. Não me afetou, não dependo do transporte público. Busão aumentou 20 centavos. Também não me afetou. Um movimento, pra mim, utópico, se levanta. 10 mil pessoas nas ruas defendendo o Passe Livre. Péra... Livre? Livre mesmo? Transporte público de qualidade e gratuito? Pára! Nem nas oropa, né?!? É. Mas tem 10 mil na rua. São estudantes, filhinhos de papai, não trabalham, mal usam busão, são maconheiros pseudo-intelectualóides depredando o patrimônio. Será? São 10 mil pessoas na rua, gritando por algo.

Cadê o prefeito? Paris. Com o governador. Mas... Pois é! E a mídia? Tá contra. Chama de baderneiros e diz que tem que apanhar. Mas... Pois é!

5 da tarde e a promessa de uma [outra] grande manifestação em SP. São muitos! Quantos? Quase 10 mil. De novo? Pois é... Vândalos! Mas... Tem polícia? Muita! Vai dar merda.

Manifestação pacífica, altamente televisionada. A mídia veio ver de perto. Tem jornal, TV e rádio. Links ao vivo, narração simultânea.


A turba caminha lentamente pelas ruas do centro. Polícia ao lado. Polícia decide que a brincadeira acabou, a turba não aceita. Apanha. Reage. Guerra!


Governador? "Parabéns Guaratinguetá, pelos seus 388 anos e boa noite!" Governador!

Prefeito? Aquele da renovação, da promessa de mudança. Existe amor em SP? RISOS...

A marcha segue. Cantando alto e pedindo SEM VIOLÊNCIA! Apanha. Apanha muito. Apanha até o fim. Dispersa.

Centenas de relatos de uma mesma história: a polícia bate, todo mundo apanha. E muito! Mas berra... Não eram mais vândalos, não mais estudantes, filhinhos de papai, que não trabalham e mal usam busão, nem maconheiros pseudo-intelectualóides depredando o patrimônio. Eram o povo! Que unido, jamais será vencido! e o velho clichê ganha força. Os ativistas saíram do sofá e foram às ruas. A internet foi usada para veicular informação em tempo real. Aos poucos cada um ia fazendo seu papel.

Era um levante! E sim, era popular. Sem partidos, sem oposições. Não era mais pelos 20 centavos. Era pelos 500 anos de podridão dessa pátria amada ó mãe gentil. Pela falta de educação, de saúde, segurança. Pelo salário de fome. Pelo saco cheio de ver crescer o bolso de quem não tem mais espaços nos cofres, para guardar o dinheiro que toma de quem não tem o que comer.

A rua era nossa! [ou deles, que gritavam por mim, que senti medo e não fui]

13 de junho de 2013. Se acordamos, não sei. Pode ter sido um sonho. Um bom sonho com o dia em que o povo conheceu a força que tem!

terça-feira, 28 de maio de 2013

#WhoDatNation

ju mancin



Aqui no brasil, a maioria de nós já nasce torcedor, né? Eu não virei corintiana. Quando me dei conta de que adorava futebol, já tinha um time, que não era o do meu pai, por sinal. O Corinthians é minha paixão, daquelas bandidas, que rasgam a gente por dentro, que a gente jura que nunca mais, mas no primeiro abraço longo, a gente chora e ama como sempre, como nunca.

Depois de grande, descobri outra paixão, o futebol americano e aí sim, pude escolher meu time, o New Orleans Saints, no ano que venceu o Super Bowl, mas escolhi antes da vitória, um pouco para contrariar o palpite ~certeiro~ do meu primo, Gui Mancin, meu mentor na NFL, que apostava tudo nos Colts do Peyton Manning, e muito por ser da cidade que, mesmo sem conhecer, já me fascinava pela música, pelo povo e pela história. Sequer me dei conta da importância do estádio, casa do time, o Superdome, na história da reconstrução da cidade e das vidas da maioria daquelas pessoas que haviam perdido tudo.

Me emocionei quando, nos últimos minutos de estadia por lá, depois de conhecer a noite na Frenchmen St, da brisa fresca em dia quente à margem do Mississippi River e de uma tarde no Lower 9th Ward, o bairro devastado pelo furacão [roteiro no qual o estádio tinha ficado de fora por falta de tempo], o trem que me levava à Memphis, fez um contorno na estação e me colocou cara-a-cara com a abóboda gigante e dourada. Não precisei entrar, pisar o gramado ou sentar na arquibancada, pra entender que meu coração pertencia um pouco àquele black-and-gold. Toda a energia de uma nova vida estava concentrada ali, não era apenas um estádio, era parte da história da vida de um sem-fim de pessoas, que ali, recomeçava.


A cem dias do início da temporada, me pego sentindo saudades de uma realidade que mora bem longe de mim, que por paixão, adotei como minha.

Tracy Porter intercepta Peyton Manning no Super Bowl XLIV ["um retorno para a história" incrivelmente narrado pelo Everaldo Marques na ESPN] [foi aqui que caí de amores]


Who dat, who dat? [Brees convoca o time]

WHO DAT NATION! [Brees convoca a torcida] [a qualidade do vídeo tá péssima, mas é legal]



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

.16.

ju mancin

d °_° b Pearl Jam Live Reading 2007 [full concert]

acho que era aquele jeito bobo, meio sujo, surrado.
aquela cara de sono o dia todo, todo dia.
a calça jeans rasgada, desbotada. a velha camisa xadrez.
o tênis imundo...
era um pouco daquela preguiça contagiante e da fala mansa que contava histórias inocentes.
e era a inocência, que fazia com que a paixão desfilasse bem distraída, em um cenário bem propício para uma boa conversa de banco da praça.
eram os sonhos do que qualquer dia desses a gente seria.
e a promessa de um ou outro show de rock n´roll.
eram os cigarros escondidos nos pés das árvores.
e o peso das chinelas arrastadas e das mochilas nas costas.
.
.
.
era o futuro dormindo tranquilo, enquanto a gente, feliz, vivia o presente.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

.uma.saideira.muita.saudade.

ju mancin

d °_° b canção da eterna despedida, orlando silva


"madrugada chegou
e a sua luz me diz que devo partir
mas meu coração..."

Era um acordo simples, aparentemente fácil de manter. A partir de um determinado ponto, cada qual para o seu canto para que pudessem seguir juntos. Assim falando parece complicado, mas era simples. Eles nunca souberam que bons ventos os trouxe, cada um pra vida do outro. Eles nunca quiseram saber. Um precisava de ajuda, o outro precisava ajudar. Eram humanos, falhos, fracos às vezes, às vezes fortes. Eram amigos. Um mentia que amava, um mentia que não amava e vez ou outra, invertiam os papéis, quem não amava, amava e quem amava não amava. Quando um mentia, os olhos do outro se fechavam, passava. Mentiras bobas...
Um queria mais, o outro, tanto faz. "Sim" era bom, "não" era péssimo, "tanto faz" era pouco, um não podia aceitar, apressou o nunca mais pra que aquilo pudesse durar pra sempre, conforme o acordo, que era simples mas, agora, nem tanto.
No fim das contas, tudo foi como tudo é no fim das contas, um partiu, um ficou, um chorou, outro não...
Eram amigos e isso bastava.

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