terça-feira, 29 de dezembro de 2009

#ACABOU

ju mancin

d °_° b let it be, the beatles

dois dígitos no final da data não mudam nada. bobagem pensar que o novo virá só porque o ano mudou. o novo vem todo dia. ou não!

em 2010 beatles ainda vai ser o ópio do povo. ainda vou amar enfiar os pés na lama durante uma chuva de verão ou olhar o céu numa noite fria desse inverno tropical. a orelha do van gogh ainda vai ser uma intrigante ausência. no ano novo eu ainda vou implicar com o mau gosto [o dos outros, é claro!]. their satanic majesties request ainda vai ser meu álbum de cabeceira. ainda vou cruzar um oceano ouvindo uma gaita estradeira. vou buscar um novo lar. um outro bar. o sol ainda vai me ver nascer ora com os novos baianos, ora com o syd barrett. e moprhine, morphine, morphine!

velhos amigos bebendo no balcão.

vou sambar e amar até mais tarde e odiar mentalidades medianas, burocracias, cebolas, impostos. e vou chorar de novo ouvindo Cartola [disfarça e chora]. ainda vou me indignar com a capacidade limitada das pessoas grandes. e me lamentar numa noite suja, sussurando o poeta da Vila e seu último desejo. vou me abastecer de cigarros, cafés, chocolates e literatura barata na vã tentativa de me afastar de você. ou não!

mas isso só em 2010. no ano novo!

quero mais um carnaval. uma libertadores. flor de laranjeira. canto do sabiá. banho de mangueira e vagalumes colorindo meu sonhar-acordada. mais pessoa. mais clarice. mais neruda. mais e mais e mais…

uaréva, o futuro é pra depois, aqui trata-se do fim…

e eu encerro esse 2009 das reviravoltas, com um sincero, estrondoso e retumbante “VAITOMANOCU!”

Feliz Ano Velho!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Insônia [2]

Lu Minami

Ouvindo: Wake Up
(Mad Season)


Desejava dormir. Sonhar de novo.

Insônia.

Formava pensamentos embaçados. Incompletos.

Diálogos confusos. Não conseguia terminar uma frase, sequer um pensamento.

Esquecia nomes, lugares, letras de suas canções prediletas.

Seus olhos brilhavam de tanto permanecer acordada. Lubrificados.

Sem descanso. Sem parar.

Olhava o calendário e odiava os últimos dias do ano. Os planos. As saudades. As malas. Os medos. O futuro. As listas. As esperas. Os atrasos. A ceia. Os votos. Os desejos. O de sempre.

Tentava escrever, botar no papel as letrinhas que poderiam dizer algo lúcido ou esperançoso.

Se esforçava para lembrar de tudo, ou do que era mais importante. Sua alma calava profundamente com as batidas sempre aceleradas do seu peito. Disritmia de estimação.

 

No fundo, sabia.

 

Queria encostar num balcão e beber até dormir. E permanecer sem muita memória. Permanecer aparentemente leve.

Como todos os outros meses do ano.

 

The cracks and lines from where you gave up.

They make an easy man to read.

 

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

.insônia.

ju mancin

…o mais difícil

é perceber que o pesadelo

ainda vive

nos meus sonhos…

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

.na bagunça do meu coração.

ju mancin

d °_° b eu te amo, chico buarque

eu queria uma daquelas conversas de botas batidas.

[veja você, onde é que o barco foi desaguar]

pra poder dizer, sem jogos ou entrelinhas, sem segredos, todas essas bobagens que ainda me tiram o sono.

queria assim, que fosse na beira do rio, debaixo de uma mangueira, num fim de tarde dourado e que entrasse à noite, sem lua mesmo, pra que a gente pudesse contar segredos sob a luz dos vagalumes e de uma velha lamparina, queimando querosene.

não seriam segredos picantes. só coisinhas assim, bobaginhas que me atormentam em silêncio. na verdade, essa saudade, que é só saudade mesmo, de um sei-lá-que-tempo onde a gente foi feliz.

tem hora que cansa ser um baú. dá vontade de abrir a porteira e deixar passar essa turba de pequenos tumultos que chacoalham por dentro. tem hora que o abalo sísmico sente vontade de sair da posição discreta aqui dentro do peito, tem hora que ele deseja aparecer num sorriso, nos olhos, nos dentes. tem hora que o maremoto deseja crescer tsunami.

a droga do amor. me faz falar besteiras. esquecer das regras. fugir dos padrões. furar greves. quebrar barreiras. romper acordos. lá vem o sonho de novo, querendo ser realidade.

tanta palavra lançada ao tempo. logo palavra, que não vale nada…

e essa saudade que é só saudade mesmo…

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