quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

.dezembro.

ju mancin

d °_° b candy says, velvet undergroung

nem dez e lá se foram seis cigarros, quatro cafés
algumas lágrimas
e a vontade de viver.

a um dia do fim do mundo, já não comemoro mais o bi-campeonato
nem o verão e a chuva que alaga as ruas.

a um dia do fim

me pego pensando que se acabasse
eu acabaria triste, que ironia!
logo eu
sorriso aberto, abraço largo, a boba da corte

nem a possibilidade de ver o mundo ruir, me causa maior estranheza do que me olhar no espelho e não me ver.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

.fobia.social.


ju mancin

Segunda-feira, 12/11/2012. Consultório de acupuntura, São Bernardo.

Entre uma reclamação e outra, enxaqueca, cólicas, TPM [ah os hormônios!], digo “sou ansiosa e ultimamente não tenho conseguido ficar a vontade em meio a reuniões, mesmo de amigos ou família”. “O nome disso é fobia social”, diz o médico, com certa displicência. O_o

Passada a fase da avaliação, “vamos às agulhas?”, sugere o doutor. Vamos.

40 ou 50 minutos em silêncio, na penumbra e o pensamento começa a fluir.

Fobia social. Que diabo é isso?

Volto pra casa e claro, aciono o Google, pai dos burros moderninhos. Mil novecentas e tantas páginas encontradas. Wikipédia, o pai dos burros moderninhos com um tema mais específico. Começo a ler. Começo a chorar.

Me vejo nos sintomas, nas situações embaraçosas, na timidez extrema, dissimulada quase sempre com a forcinha da cachaça ou baseado. Às vezes, na tagarelice sem fim.

Uma leitura breve, claro, sou burra moderninha, mas tenho a sensatez necessária para saber que uma pesquisa no Google não pode ser um diagnóstico.

Páro a leitura e dou vazão aos pensamentos mais profundos. As coisas parecem ganhar um novo sentido. Me pergunto de quando sofro desse mal, se é que sofro. Meu pai não é autoritário, não fui criada em regime militar, sempre fui livre para escolher meus caminhos. Honestamente, não sei.

Choro.

Recapitulando, começo a pensar em tudo que deixei de lado, pra trás. Enterrei a primeira faculdade , ciências sociais, meses antes de concluir. Estou enterrando a segunda, história da arte, meu sonho de profissão, um pouco entediante, confesso, uma certa desilusão me acometeu ao longo do curso. Cogito enterrar a terceira, a que viria a tentar, que na verdade, sempre foi a primeira, um sonho de infância, acho, jornalismo. Em 100% das vezes que pensei nesse curso, não consegui me ver desinibida, falando em público. Entrevistas de emprego? Eu? Trabalho com meu pai, há tantos anos que nem me lembro de como foi que arrumei outros empregos. Se gosto do que faço? Uma risada de lado, meio cínica, responde minha pergunta.

Penso.

Fobia social. Talvez explique o porque de eu ter me enfiado no jardim de uma festa aos onze anos de idade, mesmo estando linda como só minha mãe era capaz de me ajeitar. Talvez explique o porque de tanta insegurança na quinta-série. Talvez explique o porque de eu não frequentar academias, mesmo sabendo que eu ficaria com o corpo que sempre quis ter e o porque dos atestados nas aulas de educação física, mesmo amando os esportes.

Talvez explique minha fama de preguiçosa e mei largada. Nada me encoraja a seguir, porque seguir, significa enfrentar.

Explica algumas de minhas difíceis escolhas. Minha eterna angustia solitária e por que não, minha queda por fármacos que me expandem? Penso que na verdade, meu encanto pelas anfetaminas, nada mais era do que uma rota de fuga, deste caminho estranho, que sigo há tanto tempo, sem saber que se trata de algo mais parecido com doença do que com a minha personalidade.

Penso que nunca pude tocar um instrumento, mesmo sendo apaixonada por música, por medo dos olhos alheios.

Penso.

Choro.

Lembro-me que no primeiro ano da primeira faculdade, uma diretora de teatro muito bacana, tentou em vão me incentivar a atuar. Nem no teste eu passei. Me apavorei, perdi a fala [e o chão]. Até os dez anos eu dançava em público, sozinha, num palco. Adorava aquilo. Hoje, quando tento me imaginar em situação similar, sinto um frio percorrendo a espinha.

Apesar de entender bem a língua inglesa, e gostar dela, nunca me animo de seguir em frente na prática.  Espanhol a mesma coisa.

Penso. Choro.

Fobia social, talvez explique que minha preguiça é medo e o enfrentamento, como o próprio nome define, é uma batalha, que quase sempre me deixa na lona.

Talvez eu consiga, descobrir se tem cura, esse mal que me atormenta e que agora tem nome. Talvez eu consiga, explicar aos meus, [e à mim], que não sou tão errada por opção, que trago algo na alma, que vem de algum canto mal resolvido nesse já não tão recente passado.

Talvez...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

.ao.deus.dará.

ju mancin

d °_° b amigo é para essas coisas, mpb4


"- pois é, pra frente é que se anda"

é tanto amor pela vida, que me perco no medo da morte.
de repente, todos os anos que não me pesavam, parecem sentar sobre os meus ombros.
tanta luz vinda da rua, que chego a cegar.
de longe, mei à deriva, vejo tudo acontecendo e só o que sou capaz de sentir, é medo.
a vida me atropelou. era inevitável. uma hora ia acontecer.
agradeço aos laboratórios pelos fármacos que endossam minha covardia.
preciso voltar. ao mundo, à vida.
no entanto o que me resta, é o telefone de uma terapeuta.
a vida já foi mais brilhante...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

.jurupema.

ju mancin




"terra tombada, solo sagrado, chão quente
esperando que a semente, venha lhe cobrir de flor"

em casa. é como me sinto, quando sinto o cheiro da terra molhada. e quando vejo a estrada, velha amiga, ali, me esperando com  a serenidade da mãe que acolhe o filho que mora longe. o sol que me aquece, ali, me aquece um pouco mais. é um colo carinhoso, que me afaga os cabelos, como que dizendo “tudo vai ficar bem”. a paisagem que muda, nunca muda [e que nunca mude!] é linda, por ser como é, me avisa que assim é, como tem de ser todas as coisas boas e valiosas: simples e verdadeiras.

Seja sempre [a minha] Jurupema!

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

[in].decisão.

ju mancin

d °_° b back to black, amy winehouse

I go back to...


Mais um cigarro. Aquele último, antes do fim.

Nada demais.

Quando se está em queda livre, tanto faz pender para a esquerda ou para a direita. Lá embaixo, tudo é chão.

Mais um cristal se quebrou.

Nada demais, quando o coração é feito de remendos de saudades e despedidas.

Aquelas tormentas que duram um dia e devastam parte de uma vida.

Solidão é o meu cigarro aceso, diria o poeta.

Atrás daquela porta há uma vida, duas ou dez. Há música e dança.

Festa.

[mas não é pra mim]

Nada demais. É só mais um remendo num coração mei maltrapilho, mei rasgado.

É só mais um cristal quebrado.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

.secreto,sagrado.

ju mancin


"you, you are so special
you have the talent to make me feel like dirt"

dessas coisas pequenas, que guardamos com carinho, dentro de um baú de coisas intocáveis.
pequenas coisinhas sagradas, relíquias, que carregam muito mais do que boas lembranças.
segredinhos que contém um pouco da gente.
não são jóias raras, com alto valor no mercado.
trata-se de pequenos cristais disfarçados, sabe? daqueles que as pessoas que olham, nem notam o valor que pode ter.
daquelas coisas invisíveis, que são essenciais aos olhos...
são pequenas bobagens que a gente esconde em caixinhas, por puro zêlo. bobaginhas que de tão sensíveis e delicadas, a gente tem medo que o vento carregue.
coisas sutis e absolutamente importantes pra gente. pequenos presentes que a vida nos dá, que nos faz sorrir discretamente, só de pensar que estão ali.
coisinhas que além de secretas, são sagradas.
essas coisas, que muito raramente, dividimos com alguém, [não a coisa em si, claro! a coisa é sagrada, é só nossa, deve ser intocável, né?] dividimos a existência desses pequenos tesouros, só pelo prazer de confiar em alguém.
coisas que nem parecem existir, presenças, quase sempre marcadas pela ausência da coisa em si. são esses pequenos silêncios que falam muito mais que as mil palavras.
uma coisa sobre essa coisa, é que quase sempre, nem ela sabe o quanto é importante e normalmente a recíproca não é verdadeira. quase sempre a gente sabe que não passa de uma coisa assim quase nada, mas mesmo assim...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

.adeuses.

ju mancin

d °_° b I don´t want control of you, teenage fun club

de tudo, o que vai sobrar é aquele velho rabisco dizendo "você vale a pena".
nada além de umas poucas palavras que se desfazem no vento,
algumas porções de mentiras bobas, sem grandes prejuízos,
outras porções de não-promessas juradas ao pé d'ouvido
e a doce lembrança de uma única verdade...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

.tatuagem.

ju mancin


fiz uma esses dias. a segunda. uma rosa. vermelha, como deve ser toda rosa. [sangrando]
o intervalo entre a primeira e a segunda foi enorme, seis ou sete anos, não sei.
precisei sangrar, quase desistir, me afundar, conhecer a escuridão, aprender a rezar e rezar pro sangue estancar. precisei morrer um pouco e me enterrar, tal e qual a semente da rosa... e esperar a chuva para florir.
duas horas nas mãos de um artista, sob um sem fim de agulhadas assim, à seco, sem anestésico, como se faz na vida. duas horas de dor incessante. uma vontade enorme de fugir, de chutar a cara do artista e correr pra montanha mais próxima, exatamente assim, como na vida, né? quando a gente quer fugir pra não encarar a dor. duas horas de choro engolido, pra parecer forte e confiante na nossa escolha, bem assim como se faz na vida.

e FINALMENTE um sorriso do artista, satisfeito com a obra.

um sorriso meu no espelho. "ficou bonita!". a perna bamba, como na vida, depois de uma surra sem anestésico.
e no final, a rosa vermelha, como deve ser toda rosa, cicatrizando como na vida, como a gente faz quando se machuca.
tatuei uma cicatriz em formato de rosa, para lembrar como são belas essas coisas que não consigo esquecer.
tatuei minha dor, na esperança que ela se torne uma flor.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

.3.

ju mancin




"all I do is drink black coffee
since my man is gone away" 

E quando o miserável lhe puxava os cabelos, ela sabia que era o fim. Não tinha forças pra reagir.
Não que ela quisesse...
Tudo o que ela queria, era seguir em frente, deixar-se engolir pelos beijos famintos do canalha.
Ela adorava aquela fome toda. E aqueles olhos de amêndoa e aquela febre sem cura e aquela dança quase inconsciente, quase inconsequente.
Aquele jeito de trancar o mundo todo para o lado de fora e viver uma vida inteira ali, entre quatro paredes.
Quatro horas que pareciam minutos e que quando menos esperava, era a hora do adeus.
Mais um adeus... Menos amargo, cheio de esperanças de, quem sabe, um breve regresso.
Ela amava aquela angústia quase adolescente. Aquele eterno "será?"
Mal podia controlar o coração.
Não que ela quisesse...
No fim, ela sabia que era o fim e corria esconder os olhos, na esperança de que o segredo continuasse segredo e o fim, quem sabe, se tornasse um novo começo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

.que.nunca.será.

ju mancin


"este pobre navegante, meu coração amante"

não foi sem querer, disso tenho certeza.
não foi por mal, acredito.
apenas foi. [como tinha que ser]

é vontade ou saudade ou qualquer bobagem, dessas que a gente sente e acaba confusa, dizendo adeus quando quer ficar, não quando só cabe um sim e engolindo o choro enquanto a alma sangra.

e este vácuo, não sei se sou eu, fugindo do que os olhos não querem ver, disfarçando o que o coração insiste em sentir.
ou se é você, sendo você [me protegendo até de mim]

essa coisa de falar demais tem calado o essencial.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

.sua.música.

ju mancin




"Anyway the thing is what I really mean
Yours are the sweetest eyes I've ever seen"


a música que não tocou no show que nós não fomos.

uma linha que resume uma vida. [a que não vivemos]
agora, o silêncio que me cospe na cara a covardia que dissimulei, é quebrado pela música que o rádio, displicentemente, toca, sem notar meus olhos cheios d'água...
a música que você nunca me deu, pra que eu jamais esquecesse de ti.

sábado, 21 de julho de 2012

.longe.

ju mancin


d °_° b joana francesa, nara leão


mata-me de rir
fala-me de amor


já é madrugada [acorda, acorda, acorda, acorda]


noite fria, coração quente
aos poucos a vida volta a brilhar


a velha fúria, aos poucos


de repente tudo faz sentido
aos poucos, o medo escorre entre os dedos [nada faz sentido]


coração quente [uma saudade ardente]
e o desejo de ser quem eu sou
quem me enfeitiçou?


já é madrugada. acorda, acorda, acorda, acorda.

terça-feira, 17 de julho de 2012

.post.scriptum.

ju mancin


d °_° b Insensatez, Toquinho e Vinicius

vai, meu coração, ouve a razão, usa só sinceridade
quem semeia vento, diz a razão, colhe sempre tempestade

com um pouco de esforço consigo dizer o que quero, dizer o que espero, o que desejo.
não é nada muito elaborado, nada que envolva juras de amor ou essas coisas que a gente diz no calor da cama e esquece no minuto seguinte. também não quero sangrar minha ira contra tudo o que me desalinha. não quero falar de um coração partido, nem de um adeus indigesto. não quero falar de sonhos, já que meus sonhos são pesadelos que se repetem em looping eterno. fantasmas e mais fantasmas me assombram.

queria falar de amenidades. sentar à soleira da porta, ver o sol se pôr e esperar a noite cair silenciosa, com uma lua sorridente no canto da cena. ouvir música na velha vitrola, cantar pros cachorros, sorrir pras crianças.

queria falar do futuro, mas o passado me prende. fazer planos, pensar na próxima viagem, nos próximos amigos, na próxima cerveja. queria sentir o corpo leve para abraçar a quem quero bem e agradecer aos anjos que se colocam em meu caminho e me defendem de mim mesma.


na verdade isso deveria ser uma carta, mais uma daquelas cartas que a gente escreve e não manda, que acaba enroscada numa página no meio de um caderno velho e que a gente relê todo dia e pensa, mando ou não? não. pra que dizer essas coisas? ninguém precisa saber.
daí a gente olha e olha e olha e pensa que poderia ser uma mensagem na garrafa, se o mar entregar, bem, assim quis o destino.

não, não é uma história de amor. digo, não dessas de mocinha e mocinho que se apaixonam e coisa e tal. é de amor, sim, mas de amor de verdade. [sei lá como é amor de mentira, acho que nunca amei alguém de mentira]. também é de amizade, mas aí tem que separar amor de amizade e porra, num dá pra ser amigo sem amar. é, vou falar de amor então. ah, enfim... era uma mensagem na garrafa, pra dizer coisas que eu deveria dizer numa carta que optei por não mandar, porque afinal, ninguém precisa saber. sentimentos são feitos para sentir.

e sinto. sinto muito, todos os dias me lembro de Drummond dizendo "tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo" e rio baixinho, pensando "é isso! esse velhinho me entende". sinto tudo, sinto amor, tristeza, saudade, calor, frio e dor. medo também. aliás, vou escrevendo e sentindo um medo enorme de que alguém leia e confunda tudo, confunda os destinatários e confunda a história toda, sabe, as pessoas distorcem tudo. e o que era belo, acaba se tornando vulgar. não que me importe, eu sou vulgar, não tenho modos, mas sei lá, gosto das coisas belas também.

mania boba essa que a gente tem de querer dizer tudo, né? ainda mais quando essas coisas que a gente quer dizer, não são feitas para dizer.

penso que com um pouco de esforço, eu conseguiria sim, dizer todas as coisas que quero dizer. e falar de amor e amizade, lealdade, carinho e pedir desculpas pelas bobagens furiosas ditas numa manhã fria de um sábado qualquer.

mas pra que dizer tudo?








PS - adoro você!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

.hide.what.you.have.to.hide.

ju mancin


d °_° b policy of truth, depeche mode


hide what you have to hide
and tell what you have to tell


outra daquelas verdades feitas apenas para serem sentidas. uma verdade daquelas que te pega pelas pernas, te arremessa na lona, que te tira do eixo e te faz perder o sono pra sonhar acordada.

uma verdade mei vagabundona, que anda por aí arrastando as chinela, distribuindo galanteios e roubando sorrisos, feito as damas de um cabaré.

uma doce verdade travestida de maldade. jeitão dela...
inconveniente, às vezes... como aquelas coisas que pinicam a gente quando se enfiam na roupa.

verdade daquelas que a gente sente falta quando se mandam no vento.

verdade que deixa saudade...
[e que ateia fogo na palha, quando volta sem avisar]

mais uma verdade que não serve pra ser dita, que na verdade, a gente sabe que é mentira. mas né...quem nunca???

quarta-feira, 6 de junho de 2012

.quase.nada.




d *_* b at last, etta james

"oh you smiled and then the spell was cast"


vontade de voltar no tempo e parar as horas naquele momento em que eu poderia ter dito “não quero” mas disse “eu vou” por pura teimosia. 
vontade de adiantar o tempo até o dia em que as coisas param de me afetar, aquele momento em que se quebra o cristal do encanto e nada mais importa, quando seus olhos não pesam mais sobre os meus, quando eu sequer os procuro. a hora que sua voz se torna apenas mais uma voz e suas ligações perdidas, não passam de números gravados na memória do telefone, a única memória, diga-se de passagem, já que todas as outras correm praquele baú que escondo no quartinho das tralhas no fundo do quintal. vontade de correr os dias para o dia em que você se torna nada, que teu nome em outras bocas não signifique nada além de um nome. praquele dia em que meu coração não desfalece no desejo de um abraço ou até o dia em que não brotará um sorriso ao sentir teu perfume passando por mim numa esquina qualquer.

vontade de não sentir saudade, e por enquanto é só vontade...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

.a.florista.[ou poetisa, ainda não sei]

ju mancin


d *_* b it ain´t me [babe], johnny cash & june carter



Ela era florista. [ou poetisa, ainda não sei]

Sonhava acordada com rosas nas mãos. Passava horas e horas sorrindo para suas amigas imaginárias. Tinham nomes, as rosas: Ofélia, Camélia, Simone... Conheciam seus sonhos, seus segredos. Conheciam seus olhos, que brilhavam tristes quando caía de uma nuvem fofinha, daquelas que a gente dorme e sonha com príncipes. E sorriam de volta.

A florista [ou poetisa, ainda não sei] que sonhava acordada com rosas nas mãos, não sonhava com príncipes em formato Disney, sabia ela, que essa vida de castelo era meio monótona, meio cafona, fora de moda. Sonhava com sapos. Isso! Sapos.

Ela gostava de pensar no dia em que estaria ali, perdida pos lados de um pântano, colhendo, sei lá, frutos silvestres, numa tarde de sol não muito quente e seus olhos dispersos se encontrassem com os dele, um sapinho mei vagabundo, mei sem classe, sem a pompa da realeza. E que por alguma razão, dessas que a própria razão desconhece, seus olhos pudessem permanecer no encontro por alguns segundos, pra que um pequeno laço se desenhasse, [sabe, aquele vínculo instantâneo que a gente cria com estranhos que a gente nem sabe explicar de onde vem ou para onde vão?]. E que aos poucos, sem muitas palavras, pudessem chegar mais perto, sem muitos sorrisos, somente o essencial [que normalmente é invisível aos olhos]. Depois o formal, um bom dia aqui, outro ali... Um sorriso pra quebrar o gelo, um segredo contado meio sem querer [daqueles que a gente conta e um segundo depois se pergunta “por que falei isso?”] e aos poucos cumplicidade, um aperto de mãos, um afago... Daí, o dia que ela acorda, longe do pântano e antes mesmo do café da manhã, se pergunte do sapo. Ou se pegue olhando no espelho e trocando o vestido de retalhos meio-furado-meio-gasto, por algo assim, mais bonitinho [“pra ir pos lados do pântano?” estranham as rosas, amigas imaginárias... “aí TEM, ô se tem!”]e saia porta afora, não andando ou correndo, mas flanando, como bailarina do Bolshoi, que flutua ao som da valsa, pra chegar ali, perto das moitas de frutos silvestres e encontra-lo, quieto, mei vagabundo, mei sem classe, mas de olhos atentos à sua espera, com um sorriso mei bobo no rosto na ânsia de um beijo. O beijo que o torne assim, não um príncipe daqueles Disney, coisa mais cafona, uuum... MOTOQUEIRO[?] Isso! Um motoqueiro daqueles estradeiros, que cruzam um país em busca de... sei lá, emoção. Um motoqueiro mei cansado dessa vida, mei disposto a aposentar a Harley e comprar um motor home, daqueles que caibam a florista, suas amigas Ofélia, Camélia e Simone, poesia, seus sonhos em nuvens fofinhas com sapos que viram príncipes motoqueiros que querem se aposentar pra comprar um motor home pra carregar uma florista [ou poetisa, ainda não sei]...

Telefone toca, florista [ou poetisa, ainda não sei] acorda, as rosas não falam e o sapo? Vagabundo, né? Não cria romances e segue na estrada, fazendo brilhar um olhar aqui e outro ali.

terça-feira, 22 de maio de 2012

.filho.de.ogum.


ju mancin

“Ele nunca balança, ele pega na lança, ele mata o dragão”


Aqueles olhos de gato que te tiram o sono quando você quer dormir.

Um sorriso safado dizendo “vem” e a voz rouca, cantando um verso daqueles dos mais sem-vergonha.

Aquelas mãos, que mesmo quietas [e sacanas na medida], provam que ele sabe exatamente em que cumbuca está enfiando os dedos.

Um jeito charmoso de acender um cigarro, que de veneno vira mel...

E aquela certeza que ele tem ao dizer coisas sobre você, que nem você é capaz de enxergar. E quando enxerga, esconde...

Aquele ar de quem não liga, que liga quando ela não espera. [e que ela não atende por distração, por não esperar que o improvável mude de lado]

Fúria que desassossega.

E às vezes silêncio, dizendo “PARE! Você não sabe onde está pisando”. Um alarme discreto e incessante, gritando “PERIGO!” seguido de um afago na alma e um sorriso sincero, como quem avisa que amigo é.

E aquele jeito de ser amigo, de dizer a verdade mesmo quando a verdade não precisa ser dita. Aquele jeito que agrega valor a algo que bem poderia [e deveria] ser efêmero.

Ou quando mente que diz a verdade que aqueles olhos traiçoeiros desmentem só pra confundir.

E a cara de sono que prova que ele é terreno e não desceu de uma estrela ou saiu de um sonho bobo que ela sonhou acordada em uma madrugada virada em cachaça.

Aquele ar de justiça a qualquer custo e o tom de ameaça que usa quando diz “é só meu jeito...”

Um jeito besta de gostar do que ela gosta e de apagar, ainda que por instantes, uma dor que ela chama de adeus.

Isso é coisa daqueles olhos de gato...
[que Jorge te guarde!]


Texto inspirado por um Arlequim da Commedia dell’Arte
E dedicado a um malandro do Chico Buarque

quinta-feira, 10 de maio de 2012

.dessas.coisas.


ju mancin


leave all your loving, your loving behind
you can´t carry it with you
if you want to survive

Dessas coisas que a gente nem sabe de onde vem ou para onde vão. A gente sequer sabe se elas realmente existem.

Coisas que transitam entre o real e o surreal, sabe? E que passam despercebidas pelos olhos que, desatentos, vagam por aí. Um sorriso, um abraço apertado e um franco aperto de mãos.

[Carinho n'alma que agora parece partida em mil e um pedaços]

Dessas coisas simples como um café e mais um cigarro, despretensiosas como um copo d’água e cristalinas como a verdade que sai da boca de um canalha. [nada mais puro do que as verdades de um mentiroso]

E dessas coisas raras como o silêncio da noite em uma cidade que nunca pára. Um silêncio daqueles que nem sempre existe, que a gente cria, numa tentativa de congelar esse ou aquele momento. Parece que o mundo pára [nunca pára] e tudo ao redor muda de cor. É como a alma fotografa a vida que acontece aos pouquinhos entre uma cerveja e dois conhaques.

Dessas coisas belas que vez ou outra despencam de uma nuvem e vêm fantasiadas de gente, mas que na real são luz, clareando um tantim desse túnel estranho que chamo de vida.

Coisas que de tão genuínas fica fácil enxergar até de olhos vendados.

Dessas coisas que a gente não diz porque são feitas para sentir e que a gente não sabe de onde vem, para onde vão ou se realmente existem, mas que estão espalhadas por aí.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

.abraço.


ju mancin


"não sabia da nossa amizade, porque a gente era unido"
04/05/2012

Acordei estranha. Pensando em amigos. Pensando em amizades e pequenas lealdades que fazem da vida, essa brincadeira quase sempre de mau gosto, um lugar melhor.

Tinoco, o da dupla, morreu às duas da manhã.


E daí? Ele tinha 91 anos de vida bem vivida e nem era meu amigo. Foi assim que pensei, ao me perceber entristecida pela morte. E o rádio tocou Chico Mineiro, das canções mais famosas imortalizada pela dupla.

O coração apertou.


Me lembrei das coisas belas que já perdi pelo caminho. Das vezes que o som da viola perdeu o brilho. Dos poucos e grandes amigos que já enterrei.

Me lembrei que a #vitrola anda calada e cabisbaixa, porque perdeu um pouco a razão de ser. Desses adeuses que secam o coração e nos torna assim, meio insensíveis.


Meu luto é musical.


Chorei quietinha, ouvindo meu pai cantar Chico Mineiro enquanto dirigia. Penso que ele também se lembrou das coisas belas que já perdeu pelo caminho.

Mas a tristeza não pode durar, né? O sol brilha e a vida segue. Pensar em amigos é um afago para a alma. Me lembrei dos meus. São tantos os que já ganhei nesta vida, que de brincadeira de mau gosto, passa a ser um bom lugar. Sempre digo que morreria por qualquer um deles, mas é errado, na verdade, eu viveria por todos.

Sei lá, acordei estranha, acho que com vontade de abraçar um por um dos que fazem minha vida melhor. Não dá. São muitos. Alguns de muito longe. A roda viva leva a gente para lugares distantes e a gente dança, sem querer dançar. E se afasta, às vezes se perde. E dá aquela sensação de que a amizade morreu. Errado. Amizade vence distância, tempo e dimensões.

Penso que este texto, nada mais é do que um abraço em todos aqueles por quem eu viveria. E um desejo ardente de que vivam, senão para sempre, por tempo suficiente para que eu possa guardá-los na memória sem medo de esquecer-lhes a cor dos olhos, o timbre da voz e essas pequenas coisas que não reparamos por estarmos tão próximos.

domingo, 22 de abril de 2012

.um.sorriso.


ju mancin


É como entrar na antiga casa de verão.

Poeira nos cantos, os móveis cobertos por lençóis, o sol, timidamente se enfiando pelas frestinhas das janelas de madeira, aquela luz, meio amarelada se espalhando pelo ambiente. Sépia, né? Uma foto antiga. Um lugar onde fui feliz.

A gente entra assim, meio timidamente, tal e qual o sol pelas frestinhas, tentando encontrar a lembrança dos dias leves. Encosta a mão nas paredes, como se fosse possível sentir de novo o coração batendo. A gente se arrasta buscando um sentimento, que a gente tem certeza, está ali, coberto por um lençol, no meio dos móveis, dos discos, dos livros.

E a gente descobre o piano e abre a janela pra primavera entrar. Corre na cozinha fazer bolo e café, pro cheiro espalhar.

E liga a vitrola, num blues qualquer.

O mensageiro dos ventos anuncia a tempestade, a gente corre sentar na varanda pra ver a chuva passar. Um arco-íris, a brisa fresca e um campo de girassóis.

É como sonhar que a vida voltou.

terça-feira, 10 de abril de 2012

"cacos de vidro entre os lençois"

ju mancin


d °_° b your song, elton john


quando minha voz se cala, só ele quem fala...


"Carta Anônima" do Caio Fernando Abreu, que eu bem poderia ter escrito numa tarde vazia qualquer.

"Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você – seria, seriam? Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.
Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo."


=´(
[tanx, @villaca!]

terça-feira, 27 de março de 2012

.retratos.

ju mancin


Lembro-me de como era estar viva.

Vento nos cabelos. O coração em disparada. O pé descalço. Riso fácil. Noite quente. Tarde dourada. Lenha na fogueira. Abraço de amigo. Beijo na boca. Festa de família. Cafuné no cachorro. Banho de chuva. Coca-cola gelada. Chocolate branco. Filme com pipoca.

Um café e mais um cigarro.

Cerveja gelada. Rede na varanda. Pé na estrada. Óculos de sol. Nervos de aço. Bonecas de pano. Comida de vó. Carinho de tia. Beijo de criança. Aperto de mão. Estrada de terra. Cheiro de mato. O canto de um pássaro. Música velha. Livro novo. Cachaça. Fumaça. Sorvete. Chiclete. Saudade.saudade.saudade.saudade.saudade.saud...

quinta-feira, 8 de março de 2012

.vá.pro.inferno.

ju mancin


d °_° b she´s a rainbow, the rolling stones


eu mereço um pouco mais. mereço voltar a viver e voltar a sentir a vida fluindo.


eu não preciso saber das coisas que já sei, esse mais do mesmo vira tédio e acaba em solidão.


preciso saber de mim, muito mais do que qualquer um. preciso encontrar um caminho que me leve até a calma, que se guardou dentro do meu peito, tão bem guardada e escondida, que deixou espaço para um caos nada poético.


mais amor, por favor!


a gota d'água pra um coração cheio de mágoas se transforma em tempestade e a xícara transborda.


vai minha tristeza, vai pra longe, vá se deitar à margem de qualquer outro lago de águas cristalinas. vá olhar o céu ou ver o mar. vá pro inferno, tristeza, e me deixe em paz, contando alegria dos dias que nunca chegaram ao fim.


uma batalha aqui outra ali e estou em guerra comigo mesma, tentando calar o que quer gritar.


eu preciso mais de mim agora, muito mais do que qualquer um. conto comigo, e apenas comigo, para encher os pulmões de ar e seguir adiante, levando a vida como ela tem de ser, como ela sempre foi. leve.
I´m like a rainbow diria um velho amigo.


quero sorrir da minha flor no cabelo e chorar, apenas de saudade dos dias que nunca chegarão ao fim.


vá pro inferno, tristeza!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

.a.little.help.from.my.friends.

ju mancin


d °_° b que deus me perdoe, amália rodrigues


eis que a Rafaella Villaça [@villaca], aos poucos, me devolve a poesia que falta.


nas palavras de Al Berto, poeta, português, pintor e etc, surge minha voz, calada à força.



aqueles que têm nome e nos telefonam
um dia emagrecem - partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz


arquivamos o amor no abismo do tempo
e para lá da pele negra do desgosto
pressentimos vivo
o passageiro ardente das areias - o viajante
que irradia um cheiro a violetas nocturnas
acendemos então uma labareda nos dedos


acordamos trémulos confusos - a mão queimada
junto ao coração
e mais nada se move na centrifugação
dos segundos - tudo nos falta


nem a vida nem o que dela resta nos consola
a ausência fulgura na aurora das manhãs
e com o rosto ainda sujo de sono ouvimos
o rumor do corpo a encher-se de mágoa


assim guardamos as nuvens breves os gestos
os invernos o repouso a sonolência
o vento
arrastando para longe as imagens difusas
daqueles que amamos e não voltaram
a telefonar

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

.não.há.ouro.no.fim.do.arco-íris.

ju mancin


d °_° b just breathe, pearl jam

falta um tanto ainda pra explicar para o coração, que aquela adolescência passou.

não mais chuva de verão, não mais noite de lua, não mais banda de rock.

e faltam palavras para explicar que o que era um coração, tornou-se pedra pesando no peito.

e o antigo salão de músicas, tem agora um piano coberto por um lençol manchado de mofo e saudade.

triste mesmo é lembrar que já fui feliz.

no espelho, marcas desenham o espectro daquilo que um dia já foi sorriso.

e as lágrimas mancham a tinta que rabisca o papel.

tudo isso e na vitrola, o disco riscado repete "but why, why, whyyy..."


can´t it be, oh, can´t it be miiine?

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