terça-feira, 29 de janeiro de 2008

apatia

Jú Mancin

d °_° b down in a hole, alice in chains

estou trancada no silêncio.
meu coração parou e o sangue estancou...
ta chovendo há dias na minha janela, não tem poesia, nem lua e nem raio de sol.
a cachaça azedou e o meu cigarro apagou,
meu rock n´roll desafinou...
serotonina em gotas é uma coisa sem graça, vou voltar pra vodka...

to precisando mesmo é de uma pequena ajuda dos meus amigos!
alguém aí em cima pode por favor jogar a bóia???

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Entre o peitoral e a avenida

Lu Minami


Ouvindo: Noite dos Mascarados
(Chico Buarque)



Meu amor, me espera na janela.
Vou até ali ver a gente passar, pisar em serpentinas, jogar confetes para o ar como quem joga flores para você.
Vou cantar e sentir o calor invadir minha boca, com força e ver o sangue jorrar.
É só um pouco, amor. É só até tudo virar cinzas. Já me guardei tanto até esse dia chegar.
Eu entrego essa fantasia para você me amar na manhã do sábado de carnaval.
Eu te dou meus cheiros e pego o seu gosto no domingo, para não confundir o resto da gente e bandolear sem querer, sem rumo.
Eu vou ali um pouquinho só, amor... respirar purpurina e chorar brocado.
Abraçar a avenida e desfilar o cetim prateado.
Não seja tolo, claro que me lembrarei de você.
Na segunda, deixo o vestido afrouxar, a pele respirar e o sorriso brotar. Na cidade laranja do meu coração.
A voz sumiu com a dona da voz na última noite, na despedida.
Sim amor, eu sei que não precisa se despedir de mim.
Não, eu não vou embora.
Eu volto, fica na janela me esperando, me vendo passar.
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr.
Vem, fica comigo porque tudo acabou, amor.
Me consola... acorda e mata-me de rir, nessa quarta-feira que ninguém ama.
Esse dia que vai embora pela estrada e que demora a voltar.
O dia nem chegou e eu já choro de saudade em pensar no salão e nas máscaras que caíam no chão.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

a letter

Jú Mancin

d °_° b better man, pearl jam

mas o que eu queria mesmo era te dizer todas essas coisas, sabe (?!), essas coisas que não se diz, que ficam por aí, de um canto a outro, que circulam em silêncio, como se não existissem, todas essas coisas que existem, mas se mesclam aqui bem no fundo e a gente acaba fingindo que não as vê...
essas coisas assim meio bobas das quais a gente se rasga pra esquecer, porque são bobas, mas que se tatuam nas lembranças, pequenas tolices sussurradas ao pé d'ouvido que nem sabem se estão sendo escutadas, e não deveriam ser, mas são...essas poucas palavras ao vento...
ou falar das tantas verdades que te soprei mentindo, daquilo que eu tava sentindo, que era maior que o mundo acima dos meus ombros, que era maior do que você e eu e que era muito mais pesado do que isso tudo que eu posso suportar [e que eu suportaria]...
queria ainda mais, que fosse mais simples te contar da falta que tu me faz, ou, da falta que tu me fez, a vida toda até ontem, quando havia você aqui, não sei bem se vou chegar onde eu quero, mas, preciso te dizer que a vida era pouco antes de você chegar...
eu queria mesmo era te dizer todas essas coisas que eu não sei dizer, porque talvez, não possam ser ditas, porque devem permanecer em segredo aqui dentro, todas essas coisas que eu sinto que existem em mim e em você e queria mais ainda, mais que tudo era te encontrar no escuro, mais uma vez como foi ontem!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Não-inspiração

Lu Minami

Ouvindo: Don´t leave the light on, baby
(Belle & Sebastian)


Ando sem inspiração.
Mal respiro.
Esse soco que você me deu na boca do estômago tirou meu ar.
Depois de tanto transpirar?
Tenho culpa se você se encheu de culpa?
Não. A culpa veste bem em você.
A lufada de vento nessa parte da cidade invade com brutalidade meu peito.
Outros idiotas cercarão. [Sempre haverá um idiota ao redor]
Descobri o não-amor. Descobri que não é o quase-ódio.
Ter você entre as minhas mãos e na minha boca não reviveu nenhuma das borboletas já falecidas dentro de mim.
Nada. Nem se quisesse e ousasse, nada nasceria ou cresceria.
Nada vem.
Queria ter coisas para contar depois de tanto tempo.
Volto a ter o coração gelado e as pernas quentes de tanto correr, de tanto querer.
Inspiro com força a sua covardia.

E nada em você me inspira...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

...

Jú Mancin

d °_° b love for sale, billie holliday

"...eu poderia escrever os versos mais tristes essa noite..."

é neruda, eu poderia escrever também

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

para uma avenca partindo

Jú Mancin

d °_° b strawberry fields forever, the beatles

Olha, antes do ônibus partir eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? Olha, falta muito pouco tempo, e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, não, não é isso que eu quero dizer, não existe uma dimensão permitida e uma outra proibida, indevassável, não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer, é isso mesmo, você está acompanhando meu raciocínio? Falava do mais fundo, desse que existe em você, em mim, em todos esses outros com suas malas, suas bolsas, suas maçãs, não, não sei porque todo mundo compra maçãs antes de viajar, nunca tinha pensado nisso, por favor, não me interrompa, realmente não sei, existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás e além das nossas mãos dadas, dos nossos corpos nus, eu dentro de você, e mesmo atrás dos silêncios, aqueles silêncios saciados, quando a gente descobria alguma coisa pequena para observar, um fio de luz coado pela janela, um latido de cão no meio da noite, você sabe que eu não falaria dessas coisas se não tivesse a certeza de que você sentia o mesmo que eu a respeito dos fios de luz, dos latidos de cães, é, eu não falaria, uma vez eu disse que a nossa diferença fundamental é que você era capaz apenas de viveras superfícies, enquanto eu era capaz de ir ao mais fundo, você riu porque eu dizia que não era cantando desvairadamente até ficar rouca que você ia conseguir saber alguma coisa a respeito de si própria, mas sabe, você tinha razão em rir daquele jeito porque eu também não tinha me dado conta de que enquanto ia dizendo aquelas coisas eu também cantava desvairadamente até ficar rouco, o que eu quero dizer é que nós dois cantamos desvairadamente até agora sem nos darmos contas, é por isso que estou tão rouco assim, não, não é dessa coisa de garganta que falo, é de uma outra de dentro, entende? Por favor, não ria dessa maneira nem fique consultando o relógio o tempo todo, não é preciso, deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço, claro, claro que eu compro uma revista pra você, eu sei, é bom ler durante a viagem, embora eu prefira ficar olhando pela janela e pensando coisas, estas mesmas coisas que estou tentando dizer a você sem conseguir, por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, sim, esta é minha última tentativa, olha, é bom você pegar sua passagem, porque você sempre perde tudo nessa sua bolsa, não sei como é que você consegue, é bom você ficar com ela na mão para evitar qualqueratraso, sim, é bom evitar os atrasos, mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, não importa a cor, é, a cor, o tempo é só uma questão de cor não é? Por isso não importa, eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, disponível em relação a quê? Não sei, não me interrompa agora que estou quase conseguindo, disponível só, não é uma palavra bonita? Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? Dolorido-colorido, estou repetindo devagar para que você possa compreender, melhor, claro que eu dou um cigarro pra você, não, ainda não, faltam uns cinco minutos, eu sei que não devia fumar tanto, é eu sei que os meus dentes estão ficando escuros, e essa tosse intolerável, você acha mesmo a minha tosse intolerável? Eu estava dizendo, o que é mesmo que eu estava dizendo? Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, o fato de você achar minha tosse intolerável, por exemplo, eu poderia me aprofundar nisso e concluir que você não gosta de mim o suficiente, porque se você gostasse, gostaria também da minha tosse, dos meus dentes escuros, mas não aprofundando não concluo nada, fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um diadestes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas, espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, fecha a revista, por favor, olha, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, sei, sei, eu também gosto muito do Peter Fonda, mas isso agora não tem nenhuma importância, é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, está bem, eu espero aqui do lado da janela, é melhor mesmo você subir, continuamos conversando enquanto o ônibus não sai, espera, as maçãs ficam comigo, é muito importante, vou dizer tudo numa só frase, você vai ......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, mas é bom você botar um casaco, está esfriando tanto, depois, na estrada, olha, antes do ônibus partir eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? Escuta, não fecha a janela, está tudo definido aqui dentro, é só uma coisa, espera um pouco mais, depois você arruma as malas e as botas, fica tranqüila, esse velho não vai incomodar você, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê.
[eu tô cansada e pouco inspirada e pra falar a verdade, nem em mil anos eu conseguiria falar do jeito que o Caio Fernando Abreu falou aí em cima, então, poupei forças pra evitar a fadiga]

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

...vem na minha ;-)...

Jú Mancin

d *-* b fico louco, itamar assumpção

...deixa de conversa mole, luzia, já dizia um poeta, porque senão eu vou desconcertar sua fisionomia...
e o que eu quero agora é tudo ao mesmo tempo e mais do mesmo e mais de mim e mais de você e de vocês, eu quero é rock, samba, soul, bossa, quero um tango (ou um mambo).
...espero ver você curtindo o reggae deste rock comigo, grite forte, dê um jeito, cante, permaneça comigo...
e vamo que vamo que o som não pode parar!

FELIZ 2008! E 2009, e 10 e 11 e 69...

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