quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Furia [o Sonic Youth dos meus sonhos]

ju mancin

d °_° b teenage riot, sonic youth



Aquele monstro que toma conta da gente quando a gente tem 16, que a todo momento grita "EI, VOCÊ NÃO É MAIS CRIANÇA! SAI DA BARRA DA SAIA DA MAMÃE, TONTO!", que se mistura com o outro monstro aterrorizante, chamado "vida adulta".

Duas tormentas que se batem o tempo inteiro.

Um lado diz que você pode tudo, o mundo te pertence, um mundo aliás, que não te compreende, um mundo com o qual você não compartilha muitas idéias, um mundo velho e careta demais para o vigor da sua juventude, um mundo que precisa ser mudado, um mundo que VOCÊ vai mudar, afinal você não é mais criança, é forte e esperto e quer fazer a diferença e transformar as coisas e fazer barulhos e quebrar as vitrines, incendiar velhos costumes.

De outro lado, com muita força, você apanha do medo de crescer e de assumir sua própria vida, arcar com suas responsabilidades e aceitar que não, você não vai mudar o mundo, porque o mundo é grande demais e você é só mais um no meio de uma multidão de robôs que se movem de acordo com a maré.

E você se assusta, e do alto dos seus 16 anos, você corre pro seu quarto escuro e cheio de pôsteres na parede, e você se senta num canto qualquer entre o chão, a porta e a parede, e chora, quieto, um choro que mais poderia ser um grito, caso sua voz abafada se fizesse presente. Você chora, chora, chora, até que o corpo perca a força e te deixe ali, estupefato com o rumo que a vida toma.

Você não entende nada daquelas espinhas na cara, não compreende porque não consegue olhar nos olhos daquela garota que era uma pentelha até dois anos atrás, sem que um arrepio te percorra a espinha, você também não compreende muito bem o porque do seu pai, aquele seu velho amigo de sempre, ter se tornado alguém tão estranho e tão distante de você. E aquele velho papo de mesa de almoço no domingo em família, aquele papo de gente grande, que nunca fez nenhum sentido para você, que agora, você é capaz até de compreender o conteúdo, mas continua fazendo pouco sentido?

E dá uma vontade imensa de berrar até a voz acabar, de fazer com que sua mãe, seu pai, seus vizinhos, o português da padaria, o tiozinho da banca de jornal, o moço que distribui panfletos no farol, a diretora da escola, o professor de judô e Deus, esse ser mitológico que morava acima das nuvens até dias atrás, todos eles ouçam seu grito de raiva por fazer parte de um mundo ao qual você simplesmente não pertence.

Obrigada, Sonic Youth, por me fazer lembrar que nunca estive só.

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