d *_* b Pixies
Fui ficando sonolento e não me lembro quando deixei que caísse de minhas mãos o Misto Quente. Deve Ter sido quase um desmaio, uma espécie de morte. Foi quando beijava tua boca loucamente como nos velhos tempos. E sentia que você era minha. Sentia-me forte e confiante. Sentia que era o dono da situação e, portanto, não estava nem ai. De repente você sorriu aquele seu riso inconfundível e me pegou pelas mãos. Foi me arrastando pra um lugar cheio de gente que eu não fazia idéia quem fosse. Você me dizia coisas sem parar num ritmo frenético e eu não entendia uma só palavra. Fui achando tudo muito estranho. Só piorou quando durante um átimo de tempo você sumiu, andei te procurando em meio aquela gente toda e logo te encontrei cercada por seguranças, homens negros sorridentes de dois metros de altura que me olhavam com escárnio e deviam me achar um bosta, o que me fez sentir-me isso mesmo. O que eu ia fazer? Naquele instante pensei que se tivesse um revólver mataria todo mundo naquela bosta, mas na verdade me sentia tão fraco que se tivesse mesmo uma arma provavelmente não conseguiria nem segurá-la e antes que eu me desse conta você apareceu em minha frente com um bebê no colo. Não dava pra saber se era o seu filho, pois era uma criança muito pequena. Você parecia preocupada e melancólica. Eu não tive reação mas me senti esquisito. Você me olhava como quem dizia – a vida é assim mesmo fazer o que?!... foi quando apareceram dois coroas , um casal, que pareciam ser conhecidos seus. Eles não falaram nada que eu me lembre, mas parece que eles queriam que fossemos para sua casa. Então eu te segui novamente você me puxando por uma das mãos. Eu ia sem saber pra onde, mas um pouco aliviado por sairmos dali. Havia um grande tumulto e quando passamos por uma janela lá estava debruçada Samantha Abreu, que não era mais escritora e sim nadadora que havia acabado de conquistar uma medalha de ouro nos jogos inter-regionais e todos a parabenizavam. Eu queria parar para falar com ela, mas você estava com pressa e me puxava... de repente eu hesitei e você sumiu mais uma vez na multidão. Samantha acenou para mim e fechou a janela para escapar daquela gente toda querendo se aproximar. Eu fiquei totalmente perdido. Não conhecia aquelas ruas. Todas estreitas e mal iluminadas. Fortes subidas por onde eu me arrastava sem forças para me mover. Sentia vontade de chorar, mas nem isso conseguia. Estava paralisado. Sentia medo. Sentia-me como uma criancinha que se perdeu dos pais nas ruas da cracolândia. Uns caras mal encarados vieram me pedir uns cigarros para fazer cinza e eu dei. Eles se mandaram me avisando que a polícia iria pintar por ali. Que merda de amor, eu pensava. Eu só queria acordar. Estava quente, eu rolava na cama. O ventilador estava quebrado. Eu sabia que era sonho...
O despertador tocou as quinze pras oito como de costume; e pensei novamente... que merda de amor.
Caguei, limpei o cu porcamente e dei a descarga. Bebi um copo de água provavelmente contaminada com coliformes fecais, vesti a máscara, acendi outro cigarro e fui pela rua do correio fumando e pensando; EU TE AMO, PORRA!