quinta-feira, 29 de março de 2007

Reflexão paulistana

Lu Minami

Ouvindo: Ta douleur, Camille.


Você pode mudar.
Ouvi isso no rádio pela manhã. Eu adoro a voz do Boechat me narrando as noticias do dia, com a risada debochada e o humor ácido.
Eu não sei, posso mesmo mudar, Boechat?

Pode, não pode, Megale?
Pode sim!

Bom, se eu posso mudar, no que eu me transformaria? Eu vi as folhas do inicio de outono caindo na Av. Brasil e umas borboletas temporãs atravessando corajosas na frente de um ônibus. Eu vi a 9 de julho engarrafada e a falta de ar condicionado. Eu vi meu cigarro apagar e acabar. E vi meu médico sair do consultório, de relance.
Penso se eu deveria ter feito outra faculdade e conhecido outras pessoas. Penso se a vida vale o peso, se paga o custo todo. Paga?

Eu me transformei numa moça independente demais, uma mulher cheia de si, dona de uma reunião com 20 pessoas que discordam e não acreditam. Eu me transformei na piscadinha para levar um desconto naquele vinho caro, num caminhar de balanço gostoso para convencer o manobrista a deixar meu carro na sombra e tomar o máximo de cuidado. Eu me transformei nessa que escolhe quem quer do lado dela e não tolera mais absurdos sem precisar se sentir culpada ou com vontade desesperada de ser amada. Eu me transformei nessa mulher que sabe conversar sobre tudo sem ter vivido nada.

Com a voz de Boechat na minha cabeça, vi que as mudanças sempre vão acontecer e que é burrice tosca impedi-las. É como represar a vida e tudo que vem junto. Todos a minha volta estão mudando para melhor e a felicidade que os envolve é verdadeira. Nunca vai deixar de ser, só por parecer madura demais. E tem coisa melhor do que felicidade madura, bem deliciosa e suculenta, sem poréns e cheio de aléns?

É claro que eu mudei e ainda não sei quantificar ou explicar o quanto isso aconteceu. E, vou mudar ainda mais, né Megale?
É claro que sim!

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