terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Bandeira branca, amor. Não posso mais...

Jú Mancin

Ouvindo a trilha sonora da Ópera do Malandro, Chico Buarque

"Não deixe o samba morrer,
Não deixe o samba acabar,
O morro foi feito de samba,
De samba pra gente sambar"

Será? Onde enfiaram toda a magnitude do morro do samba? Quem foi que jogou o malandro no trem da Central? Cade a glória dos longos desfiles, regados a cachaça e lágrimas, na passarela do maior espetáculo da terra? Não se ouve mais o canto gritado dos passistas, fica tudo abafado por alto-falantes new generetion. Agora quem leva a escola é o puxador.

Não, não! Desse jeito nenhum paralelepípedo vai se arrepiar.

Que foi feito do samba popular?

As pessoas parecem não ter mais tempo pra parar e ver a banda passar. Mas isso não é problema, afinal, em duas horas a banda já está na rede, em formato digital, com informações extras, bônus track e em 12 idiomas (incluindo Mandarim e Aramaico).

O Pierrot??? Putz, deu uma bica na Colombina, comeu o Arlequim, foi preso por porte ilegal de armas, cumpriu pena em Presidente Bernardes, encontrou Jesus e hoje prega nas Universais do Reino de Deus é Amor mundo afora. A Jardineira se encheu da Camélia que morreu, tirou o luto e tá plantando erva pra sobreviver. Tem sim, um ti-ti-ti danado vindo, mas não é bem da Sapucaí. A Maria se livrou, definitivamente, da lata d'água na cabeça, tava dificultando o alisamento. Chiquita tá mais bacana que nunca e só usa Daslu, Prada e Giorgio Aramani, casca de banana-nanica é coisa do passado.

Máscara negra??? Meu Deus é um assalto!!!

Lembra do Barracão de Zinco pendurado no morro? Então, despencou.

Aaah doutor, meu coração é corinthiano e se não me engano tá com saudade dos velhos carnavais!


PS - Lú, se o Bola de Fogo me ligar, avisa que fui pisar em folhas secas. MELHOR, diz que eu mandei ele atolar a mãe!!!

Um comentário:

ju e lu [e vice-versa] disse...

Tchuca, Parabéns!
É um belíssimo post! Um manifesto contra essa cultura de merda que o nosso carnaval tem hoje... O que era contra-cultura, o que era um brado de revolta, intelectual, libertário e lindo, cheio de cores e música se tornou banal, artificial e com etiquetas que ditam moda na avenida.
Saudades do velho carnaval...

Ai ai ai...
Lu

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