terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Parece revolta, mas não é!

Lu Minami

Ouvindo: Miles Away, Yeah Yeah Yeahs

De repente, tô em 2006. Quando eu era pequena, achava que haveriam ETs passeando entre a gente, teletransporte gratuito, combustão nuclear regulamentada para pessoas idiotas e que não merecem viver e, finalmente, que eu teria uma casa no campo, 5 filhos e uma torta de maçã na janela.

E fazendo um balanço bem meia boca, ando às mínguas. Eu só me apaixonei por gente louca e psicopata. Isso quando não eram homens babacas e escrotos. Eu gostava de publicidade, até entrar no meu primeiro emprego. Ou seja, no primeiro mês de faculdade. Depois, fui me desiludindo e perdendo a coragem de desistir. Hoje virei uma publicitária bem mais ou menos, que trabalha com preguiça e descrença. Ainda não escrevi um livro e isso me deixa emputecida porque toda vez que tenho uma boa história para escrever, os meus personagens cometem suicídio ou se perdem e eu nunca mais os encontro. Deve haver uma terra paralela de personagens perdidos. Pracinha de encontro, sabe? Lá, eles ficam conversando com as falas que lhes deram, tentando entender como foram parar ali e maldizendo seus criadores.

Bem, essa insatisfação não é ruim. Eu quero deixar BEM CLARO que não sou revoltada e nem amargurada. A vontade de mudar é grande e eu planejo todos os dias as minhas soluções. Às vezes dá certo e eu encontro alguém fantástico que passa horas comigo, falando sobre a vida, a música e os amores mal-vividos, o que me proporciona a paz que eu preciso para refletir e tomar a decisão de ir embora do país com uma mochila nas costas e uma carteirinha de albergue. Ou fazer faculdade de cinema e me especializar em roteiro de cinema. Ou gastronomia, com especialidade em culinária francesa (adoro os nomes dos pratos). Para chutar o balde, ir embora dessa cidade alucinógena e morar numa vila de pescador, dançar ciranda na areia e dormir com o barulho do mar, com tempo de sobra para assistir o nascer e o pôr do sol, sem nenhuma desculpa.

Aí você me diz: Ô sua retardada, toma uma decisão e bota um rumo nessa vida!!!

Você tem toda a razão, mas vá com calma. Se dar conta de tudo isso, dói um bocado. Leva tempo para costurar todos esses remendos. Mas já estou no finzinho, quero um bordado bem bonito. Você vai ver e se orgulhar.

Caso contrário, vá a merda.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sempre parece fácil pra quem olha de fora... Dá uma vontade de gritar, né? "Calem a boca todos!"

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