quinta-feira, 2 de abril de 2009

.c.o.t.i.d.i.a.n.o.

ju mancin

d °_° b celeste, donovan

ela te deixou.

já não podia mais sentir aquilo tudo sozinha. até solidão, só vale, se for a dois. ela não tinha forças, mas lutou, chorou e partiu.

já não podia mais olhar o vazio em seus olhos nem falar e ouvir o eco da própria voz! ela quis o silêncio.

era impossível se lembrar das noites quentes, das tardes chuvosas e dos dias frios, de lareira acesa ou da rede preguiçosa. ardia com as memórias. chacoalhava a cabeça numa tentativa de te apagar da memória, como se dissipasse a nuvem tensa da lembrança. abria os olhos entre lágrimas, e lá estava você. imóvel, impávido. uma tortura. ela já não sabia se doía mais a saudade do que haviam sido ou a verdade do que tinham sobrado. torturava-se, em vão, buscando respostas [onde foi que eu errei?]. ficou surda. ficou cega. quase louca.

passava horas juntando recortes imaginários, daquilo que tinha sido uma vida boa. daquilo que tinha sido um grande amor. tinha fotos, músicas, poesias. lembrou-se com angústia, dos poucos versos que lhe dedicou. poucas [e boas] mentiras sinceras. projetou-se pra dentro daquele universo. lembrou-se dos cheiros. de mato, do mate, de chuva. dos cantos. sabiá-laranjeira, dos galos, dos grilos. e o canto dos sinos da igreja, dizendo, ritimadamente, que o tempo voa.

o tempo. a velha inocência de antes. [íamos mudar o mundo?]. a velha revolta. a velha cidade. o velho sapato. tudo tão velho e tão vivo.

ela lá. de olhos fechados, pensando as coisas como seriam se não fosse tudo assim tão desse jeito.

lembrou-se do quanto ela tinha sido bonita. cabelos sedosos. olhos vivos. boca ardente. e do quanto ela podia parecer interessante. lembrou-se, não sem um certo rancor, o quanto VOCÊ a fazia parecer interessante.

ela nao queria mais abrir os olhos. voltou num tempo tão singular na linha da sua vida, que desejou morrer ali mesmo. em silêncio e no meio daqueles recortes. no meio daquelas saudades. adormeceu sem querer e acordou, horas depois, atrasada, para morrer aos poucos um pouco mais.

8 comentários:

Niela Bittencourt disse...

AHHH, MALVADA...SEMPRE ME EMOCIONDA...FAZ CHORAR...

BAITA TEXTO...

cazuza disse...

enfim
a noite acabou como gim...

Anônimo disse...

eu quero aprender a escrever assim que nem gente grande!

beijoooo

ju mancin disse...

vcs são muito gentis!

obrigada! (f)

Daniel disse...

O amor é algo fascinante mas dependendo do momento ele é maldoso, ingrato.

É tão bom amar e ser correspondido, mas porque um dia ele tem que nos deixar?

Beijos

ju mancin disse...

Dani,

o amor é uma agonia, vem de noite, vai de dia é uma alegria e de repente uma vontade de chorar!

Lu M. disse...

A gente sempre fica mais bonito e triste quando ama.
Devia acontecer mais vezes nao?

Lindo, Ju!

ju mancin disse...

sabe, lu...

eu acho mesmo q a gente fica mais bonito qdo ama e mais triste qdo confunde amor com dor de barriga...rs

as duas coisas são bem diferentes, mas no começo tem os mesmos sintomas...

rs

boXta!

valeu, japa!

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