segunda-feira, 31 de março de 2008

...até que enfim eu encontrei você! ;-)

Jú Mancin

d °_° b bike, pink floyd


Mais uma daquelas voltas que o mundo dá.
Mais uma vez o coração parou e disparou, e em seguida o mundo girou, mais uma vez...
Ainda sangrando, pisei numa flor...
Por sorte ouvi sua voz e por sorte sorri...
E mais uma vez o mundo girou.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Mi vida sin mi


Lu Minami


Ouvindo: Stella Was a Diver and She Was Always Down
(Interpol)



"...Esta é você, na chuva.
Nunca pensou que fosse fazer algo assim.
Você nunca se viu como - não sei como descreveria - como uma dessas pessoas que gostam de olhar a lua ou que passam horas contemplando as ondas ou o pôr-do-sol. Deve saber que tipo de pessoas estou falando. Talvez não saiba.
Seja como for, você gosta de ficar assim: lutando contra o frio, sentindo a água penetrar na sua camisa e a sensação do chão ficando fofo debaixo dos seus pés e do cheiro. Do som da água batendo nas folhas e todas as coisas que estão nos livros que você não leu.
Essa é você.
Quem teria imaginado?
Você."

Tarde vermelha

Lu Minami


Ouvindo: Big Black Smoke
(The Kinks)


Ela parou frente ao caderno de folhas brancas, sem linhas, sem pauta. O céu tinha cheiro de morte, e as cores das flores subiam com a brisa daquele dia morto, quente, exausto.

Delicada, saias farfalhantes azuis, mordia a ponta do lápis. Queria escrever algo que não fosse sobre o amor. O amor entre pessoas, o amor ligeiro que a gente mal percebe, ou o amor longo e etéreo. Também não ousou escrever sobre a paixão de uma noite, o sexo inebriante. Não quis, seria pouco. Havia muitos poros e fluidos nessas histórias. Sem amor ou paixão.

O conto deveria ser sobre suas caminhadas e as canções que cantarolava. Sobre os desenhos que rabiscava sua mente confusa, sempre com calor, sempre sedenta. Queria traçar o mapa de suas pernas, o passeio de suas sapatilhas pretas, até onde a levavam? O trilho do trem, a espera do café, a hora do filme, o resultado do jogo, o parágrafo em que parara antes de pegar no sono.

Ela e suas vésperas. Pensou em como se livrar do preâmbulo dos acontecimentos de sua vida, enquanto as pás lentas do ventilador levavam os segundos daquela hora. E que não se repitam. Ou então sim, repitam, sublinhem a sua desventura de cair e não se machucar.

Escreveu sobre ladeiras, o topo e a descida. O vento que soprava do mar no fim da tarde. O chapéu que se abaixava quando passava. O olhar no salão. O barulho dos sapatos enquanto a banda toca. O cheiro vagabundo, a bebida, a vadiagem ferida, a lua violentada pelos seus amantes. A rua. O chamado da rua. Os bancos de praça.

Escreveu sobre a noite e seus habitantes. Escreveu sobre si mesma.
Escreveu sobre o amor e a paixão da vida que a cerca. Apaixonara-se por si mesma e escrevia a ode em homenagem ao seu reflexo no espelho quebrado.

Alice e seus amores. Alice e suas maravilhas.

terça-feira, 18 de março de 2008

...I´m falling [into the night]

Jú Mancin

d °_° b You know I´m no good, amy winehouse

If I fell in love with you
Would you promise to be true
And help me understand?

Ainda bem que ele não ouve Beatles!

'Cause I've been in love before
And I found that love was more
Than just holdin' hands.

Se ele ouvisse Beatles, o que eu deveria pensar?

If I give my heart
To you,
I must be sure
From the very start
That you
Would love me more than her.

Ele é surdo!
[Ou burro]


If I trust in you
Oh, please
Don't run and hide.
If I love you too
Oh, please
Don't hurt my pride like her

Leviano?
Cruelmente negligente…


'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad if our new love
Was in vain.

Love in vain, love in vain, love in vain!
Todo amor é vão…


So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she
Will cry
When she learns we are two.
If I fell in love with you.

Ainda bem que ele não ouve Beatles!!!

sexta-feira, 14 de março de 2008

Lust for life

Lu Minami

Me chamaram há uns meses para escrever num site engraçado. Se chama latrina literária [http://latrinaliteraria.blogspot.com] e o desafio era escrever uma história nos cenários de Tarantino´s Mind.
Deu no que deu aí embaixo.

- - -

Tocava no recinto Barry White.
Ela estava com a roupa da semana passada, que ainda cheirava bem. Mantinha o punhal perto da coxa esquerda. Era destra, mas preferia assim.
O cabelo era vermelho, com mechas castanhas.

Andou pelo bar e atraiu os olhares vagabundos e mal-cheirosos. O punhal arranhava a sua pele, com prazer. O salto que fazia tremer as tabuas velhas de madeira do chão marcava passos determinados.

1 dolar e a jukebox se mexeu. Virou as capas dos discos, enquanto sentia cada olhar cravado em sua traseira. Sorriu e a lamina do punhal fez um corte mais profundo em sua coxa.

Escolheu Lust for Life. Pensou em matar o Iggy Pop, mas achou prudente fazer amor com ele antes. Pensou em David Bowie. Pensou em Al Green. Cantarolou Quincy Jones.

"With the liquor and drugs...."
Virou-se.

"Yeah, something called love..."
Mirou todos no balcão, afastou uma mecha castanha dos lábios. Sorriu brevemente.

"Well, that's like hypnotizing chickens."
Um deles se levantou, com as suas mãos abertas, ávidas para agarrar seu decote.

"Of course, I've had it in the ear before."
Ela segurou as duas mãos. Levantou uma sobrancelha. "Ainda não"

"Yeah, I'm through with sleeping on the sidewalk"
O sangue jorrou. O homem segurava ainda na mão esquerda sua orelha direita.
O punhal pingava. A pedra no cabo já era rubi.

"Your skin starts itching once you buy the gimmick"
O punhal girava. Voaram dedos, que pousavam em copos de rum vazio. A poeira do chão virou um creme escarlate. Brilhava.

"about something called love"
A estante de bebidas caiu por cima do barman, que chorava e pedia por sua mãe. Suas duas mães que delicadamente faziam vestidos para ele cantar à noite. Gritava. Arremessava garrafas contra os cabelos vermelhos. Ela sorria, sorria, dançava.

"Yeah, a lust for life. I got a lust for life"
Ria muito, dançava muito. Excitada, lambeu uma gotinha que pendia acima dos lábios. Gosto de metal, ela enlouquecia. Subiu no balcão, dançava, arremessava cada braço e cabeça longe. Ouvia o estalar de ossos. Parecia criança com sua primeira boneca e sentia aquela surpresa bem-vinda ao constatar que pode arrancar os braços e pernas dela.

"I got a lust for life
Lust for life
Lust for life
Lust for life
Lust for life"

Não havia mais música. Não havia ninguém. A jukebox retirou o disco, pediu mais 1 dolar.
Ela largou 10 dolares no balcão e pegou a garrafa de tequila quebrada.

"Obrigada, mas eu só queria saber qual a rota para Denver".

quinta-feira, 13 de março de 2008

(L)

Jú Mancin


d °_° b back to black, amy winehouse

Eu tenho uma porção de coisas pra te contar, coisas que eu sei que não fazem diferença, que não fazem sentido, coisas que sequer são importantes, e, a bem da verdade, quero te falar de coisas que não existem...
Queria te contar as coisas da ilha.
Essa ilha em que vivo depois de você. Onde o céu é azul, à noite chove estrelas, de dia o sol brilha, e muitas vezes, à tarde, bem no fim da tarde, o sol vai caindo, vai marcando de dourado por tudo o que vai passando, todas as coisas ganham o “banhado à ouro”. Rouxinóis, bem-te-vis, pardais e pintassilgos, belos canários e todas as vozes que voam embalando meu sono na rede.
Drummonds, Hilsts, Nerudas e Lispectors sussurram amor e lágrimas e sexo e toda a safra de sonhos que se vão na alma dos poetas.
Aqui na ilha, às vezes o tempo fecha, e chove por dias. E parece que o sol não mais brilhará [mas ele brilha].
Aqui na ilha é só saudade. [sô saudade!]
Há um cais, um porto e uma vela. Há uma festa pra sua chegada, e um silêncio pras partidas. E há o melhor de mim, melhor ainda por você, que me prendeu nessa ilha!
Eu queria mesmo, era te contar os segredos de nós dois e as verdades sobre o mundo, sobre o nosso mundo.
Se lhe fosse ser sincera, eu diria que o queria mesmo aqui...
Mas eu não sou sincera. E isso que deveria ser mais uma carta de amor, não passa de um bilhetinho azul, esquecido num canto perto do telefone, com cinco ou seis rabiscos sobre as coisas que não existem e que eu queria te contar!

terça-feira, 11 de março de 2008

.felicidades!.

Jú Mancin

d °_° b diz que fui por aí, fernanda takai

e só o que vejo são os teus olhos
a boca, a mão, os dedos
e só o que vejo sou eu
nos teus olhos e boca e mão e dedos
é só o que vejo.

[two worlds colided]

e palavras e sonhos e sonhos e sonhos...
te desejo o mundo e toda a sorte,
e todo o amor que houver nessa vida.
te desejo!

feliz des.aniversário!

Dias perfeitos

Lu Minami


Ouvindo: I am the ressurection
(The Stone Roses)


Te desconstruí aqui dentro, em pequenas partes. Cada dia um capítulo interminado, uma canção pela metade. Cada dia um prólogo estranho, quase como se não conhecesse. Parei naquela esquina e não disse adeus. Você sorriu com esse azul pálido dos seus olhos enormes e a jaqueta preta surrada. Enfiei minhas mãos nos seus bolsos e me deixei segurar por mãos calejadas.

Eu ainda lembro da guitarra encostada, mas gosto daquele espelho redondo da sua sala, onde me via com aquela camiseta encardida de uma banda antiga que a gente gosta. Lembro de cada nota dita por você em mim, lembro das nossas partes... partituras... jogadas pelo chão. E eu não ligo se quando eu canto, você compõe e nada combina, não ligo porque a minha voz combina dentro de você e a sua cabe perfeitamente nas curvas dos meus ombros.

Cada dia um dia diferente, com os meus e seus romances e as nossas esquisitices. E a gente apostando o nosso coração até não sobrar gota nenhuma dentro da gente, só para ver quem é que perde antes do outro. Eu sempre ganho, não? Me perdoa um dia, porque no fim das contas quem anda perdendo tudo sou eu.

O tanto que você amou é mais do que eu precisava, mas eu com a população de reis e rainhas aqui no meu estômago, achei tudo errado e fora de compasso. E você, que toca tão bem não soube marcar meu refrão. E se soubesse como, eu diria que eu nunca me repeti antes. [mentira]

Te amo sem saber como começa e onde termina. Você fica por perto sem saber por quanto tempo eu suporto. E nunca é tempo suficiente. Me perdoa de novo. Não nasci para ser feliz. Não deu para ser o padrão que você queria de menina louca que percebe a felicidade que bate à porta.

Eu prefiro ir até a sua porta quando convém e me jogar na nossa tristeza de canções partidas no chão.

segunda-feira, 10 de março de 2008

.L.ouvado.S.eja.D.eus que nos deu o rock n´roll.

Jú Mancin

d °_* b blonde on blonde (o álbum), bob DYLAN

Sem palavras pra expressar! Eu vi deus empunhando uma guitarra. E a voz rouca e sincera do caipira simplista já não é mais a mesma. Agora é melhor. Vem carregada de um mundo que ele guarda dentro do peito.

Bob Dylan no Rio. Eu fui! E irei quantas outras vezes tiver...

...liKe a roLlIng sTONE forever!!!...

+-+

e na poltrona 32 do busão das 23, eu conclui que tudo vale a pena!

terça-feira, 4 de março de 2008

Sonhos de verão

Lu Minami


Ouvindo: Just
(Radiohead)


Quis que o vento entrasse com força pela janela. E derrubasse os móveis, os discos, misturasse as páginas dos livros esquecidos. Levasse embora o cheiro. Cheiro maldito teu que fica esparramado no meu quarto, dentro das gavetas, debaixo do travesseiro, nas frestas das lagartixas, entre fotos e bilhetes que há tempos já rasguei. E o vento brincando com a cortina e nada de te levar embora. Quis a chuva. Que ela lavasse a sua presença, deixasse o carpete molhado e gelado, sem o contorno morno que teu corpo fazia quando deitava ali. E a chuva só me fez lembrar das tardes, de tantas tardes e noites. As madrugadas umidas.Desejei que o sol secasse sua sombra, evaporasse seus suores, seus olhos molhados de despedida. Ou eram os meus? Deviam ser os meus. Que evaporasse sua boca para calar-te então. Que sangrasse e morresse. De nada adianta essa incerteza do verão, esse calor que empurra para dentro de mim o pavor que não consigo mandar embora. O pavor de você não chegar se um dia o inverno retornar.

[Pavor. Apavoro. Devoro. Evoco. Adoro. Invoco.]

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