quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Entre o peitoral e a avenida

Lu Minami


Ouvindo: Noite dos Mascarados
(Chico Buarque)



Meu amor, me espera na janela.
Vou até ali ver a gente passar, pisar em serpentinas, jogar confetes para o ar como quem joga flores para você.
Vou cantar e sentir o calor invadir minha boca, com força e ver o sangue jorrar.
É só um pouco, amor. É só até tudo virar cinzas. Já me guardei tanto até esse dia chegar.
Eu entrego essa fantasia para você me amar na manhã do sábado de carnaval.
Eu te dou meus cheiros e pego o seu gosto no domingo, para não confundir o resto da gente e bandolear sem querer, sem rumo.
Eu vou ali um pouquinho só, amor... respirar purpurina e chorar brocado.
Abraçar a avenida e desfilar o cetim prateado.
Não seja tolo, claro que me lembrarei de você.
Na segunda, deixo o vestido afrouxar, a pele respirar e o sorriso brotar. Na cidade laranja do meu coração.
A voz sumiu com a dona da voz na última noite, na despedida.
Sim amor, eu sei que não precisa se despedir de mim.
Não, eu não vou embora.
Eu volto, fica na janela me esperando, me vendo passar.
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr.
Vem, fica comigo porque tudo acabou, amor.
Me consola... acorda e mata-me de rir, nessa quarta-feira que ninguém ama.
Esse dia que vai embora pela estrada e que demora a voltar.
O dia nem chegou e eu já choro de saudade em pensar no salão e nas máscaras que caíam no chão.

4 comentários:

Anônimo disse...

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Fim da tempestade
O sol nascerá
Fim desta saudade
Hei de ter outro alguém apara amar

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Anônimo disse...

-Quem é você?
-Adivinhe, se gosta de mim
-Hoje os dois mascarados
-Procuram os seus namorados

Perguntando assim:
-Quem é você, diga logo
-Que eu quero saber o seu jogo
-Que eu quero morrer no seu bloco
-Que eu quero me arder no seu fogo
-Eu sou seresteiro, poeta e cantor
-O meu tempo inteiro só zombo do amor
-Eu tenho um pandeiro
-Só quero um violão
-Eu nado em dinheiro
-Não tenho um tostão
-Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
-Eu, modéstia à parte, nasci pra sambar
-Eu sou tão menina
-Meu tempo passou
-Eu sou Colombina
-Eu sou Pierrot

Mas é carnaval
Não me diga mais quem é você
Amanhã, tudo volta ao normal
Deixe a festa acabar
Deixe o barco correr
Deixe o dia raiar
Que hoje eu sou
Da maneira que você me quer
O que você pedir
Eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser

Anônimo disse...

Todo carnaval têm seu fim, ainda bem?!
belo texto, passarei sempre por aqui.

beijos
Che

Passargada Square disse...

Beautiful!

Não me leve a mal
Hoje é carnaval.

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