d °_° b chick habit, april march
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
sou-lhe submissa. - ah! sou louca!
d °_° b chick habit, april march
sábado, 27 de outubro de 2007
Carpideira
Ouvindo: A certain sadness
(Astrud Gilberto)
Quando você morreu, eu chorei. Fiz daquele jeito, que toda viúva faz. Acende uma vela, pede para ir com os anjos e que você viva a sua morte dentro de mim até o dia que eu esquecer os detalhes miúdos de quando a gente foi feliz.
O tempo passou e hoje, ouvindo essa música, penso na herança filha da puta que você me deixou. Porque eu preciso amar a imperfeição que me faz mal, que planta úlceras tão grandes quanto os olhares que você largou dentro da minha córnea?
Você é esse pedaço de ouro sujo, de trouxa, valioso só para mim, que contamina tudo que eu toco. A única coisa que você me faz sentir é dor, a qual eu já me acostumei e vivo meus passos por essa alameda de tempo, medida por neón, jantares, porres, depredação, perversão, risos altos, música descartável, café e amores expressos. Ando nessa alameda como uma homenagem ao seu universo, que não me deixou, diferente de você.
Guardo seu testamento e passo os olhos pela única linha escrita, depois de me dizer que eu era a sua rua sem saída... Leio-a todos os dias, entre as duas vírgulas mal colocadas, sobre a minha incapacidade de amar.
Se você ainda vivesse, diria que você foi a minha contramão.
Mas, fazer o que? Meu único caminho.
Em nome do pai, do filho e do raio que o parta.
as baratas
d °_° b Hold Tight, Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick & Titch
As baratas, o Plágio
As baratas estão mesmo fadadas a serem bichos escrotos. Para elas não há salvação. Nunca ninguém fundará a sociedade protetora das baratas, nem levará os filhos para visita-las no jardim zoológico ou no circo. As baratas estão sozinhas nesse mundo cão.
. Atento para o fato de que apesar das adversidades as baratas continuam firmes. Inventamos inseticidas cada vez mais potentes, venenos cada vez mais eficazes mas elas resistem e não dão nem sinal de que podem entrar em extinção algum dia. As baratas não estão nem ai. Não ligam pra nada mesmo . Não são de fazer cerimônia. Nunca são bem vindas mas sempre comparecem. E são vistas com maus olhos.
As baratas não servem nem de cobaia porque não são de confiança. Ninguém coleciona baratas como fazem com as borboletas. E elas parecem não ser tão unidas quanto as formigas. Embora aparentemente sejam mais livres. Elas sobrevivem sem celular, não vão nunca a teatros e não navegam na Internet, ou seja, elas não tem o mínimo de sofisticação. As baratas não lêem a bíblia. Elas mofam e ficam a espreita. Na calada da noite surgem timidamente e se instalam onde não foram chamadas. Acho que as baratas já sacaram que os humanos não vão com a sua cara. Elas são bem espertas. Parecem tolas mas não são não. Elas se acham espertas em seu mundinho de bosta e assim como nós vão sobrevivendo.
As baratas são meio chatas e possuem antenas além de patas articuláveis, ah! e também exoesqueleto. Baratas não tem sangue de barata. No lugar do sangue elas tem linfa – uma meleca branca que serve muito bem para elas viverem. As baratas não tem medo de barata mas não se arriscam muito com outros bichos. Elas ficam na delas. As mais audaciosas saem voando para desespero das fêmeas da espécie humana que quando estão naqueles dias choram. Com as baratas não tem frescura, mesmo as baratas fêmeas são duronas e cospem em tudo. As moscas podem voar bem mais alto embora sobrevivam por apenas algumas horas. A vida de uma barata pode durar semanas para o desespero das pessoas. Como já foi dito as baratas não lêem a bíblia, mas nem por isso vão para o inferno, elas acreditam no seu deus baratão que vai salva-las no final . Não sabem rezar mas mexem as antenas para manifestar seu apreço pelo inseto superior.
As baratas são alegres e calmas e às vezes agitadas e tristes. Às vezes elas se fingem de mortas ficando de barriga pra cima mas depois ressuscitam e dão no pé. As baratas comem de tudo menos barata, o que já demonstra um certo grau de civilização.
As baratas não dormem nunca, nem escrevem poemas. As baratas são simples, modestas e até simpáticas, quando estão mortas. As baratas não gritam nem se desesperam, pois não são de fazer alarde. Elas suportam.
As baratas velhas ensinam aos seus filhos baratinhas a temer os humanos e a mexer as antenas em louvor ao todo poderoso deus baratão, pobres baratinhas indefesas que são.
Cada transa de uma barata dura em média um segundo. De uma transa bem sucedida podem surgir mais de duzentas baratinhas de uma vez. Essa deve ser uma possível explicação para haver tanta barata assim no mundo. Dizem os cientistas , aqueles caras que estudam as baratas e tudo mais, que somente as baratas resistirão a um desastre nuclear. Como se pode notar as baratas são obstinadas e não são de morrer por qualquer bobagem.
Elas não fundaram um sindicato para garantir os direitos da classe por que não leram Marx e portanto estão alienadas. As baratas se trabalhassem numa fábrica certamente seriam exploradas. Ainda bem que elas são autônomas.
As baratas não contam o tempo, elas apenas se entopem de porcarias e depois defecam. Ainda bem que as baratas não são do tamanho dos elefantes. Acho que as baratas não sabem de nada. Nem imaginam o que está por trás de tudo. As baratas são tão distraídas que nem sabem que existem. Elas apenas aparecem ali e ficam.
As baratas não sacam Nietzsche nem nada. Do contrário se tornariam super baratas e zombariam do deus baratão. Além do mais diriam que o deus baratão morreu e que foram as reles baratinhas que o mataram. Mas de fato isso não acontece.
Eu não seria capaz de comer barata nem mesmo por grana. Mas se estiver passando fome quem sabe? Não tenho menos nojo de barata do que de gente. Gente também é bem nojenta. Não gosto de barata mas se fosse um costume antigo ou uma nova moda tê-las por bicho de estimação talvez eu tivesse uma. Seu nome seria Kafka. Mas como diz um velho ditado humano – Barata boa é barata morta!
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
bilhetinho pra um amigo morto
Onde foi parar aquele menino,
Que queria cantar como um beatle George?
Pra quem já pensou em estourar os miolos, as drogas são inofensivas. Não é mesmo, Cobain?
Em pensar que você nem tinha uma arma. [quem deu uma arma pra esse filhodaputa?]
Vamos lá! Conquiste o mundo e acabe com você. Assim é que é, superstar...
Toque sua guitarra triste. Faça-me chorar. E morra em paz...
SHINE ON YOU CRAZY DIAMOND!!!
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
...e lá se vão os anéis...
d °_° b Whatcha' Gonna Do, Nat King Cole
Em dias assim, de chuva na vidraça, quando minha voz se encerra, meu peito rasga, um imenso nada parece haver dentro de mim...
O piano de Hancock me carrega até a ilha de Cantaloupe, mas não há cores festivas. O vôo de um albatroz me remete a outros portos...
As mãos calejadas desses pescadores, a força bruta em harmonia com a arte de viver em paz. [No pain, no gain] a velha máxima da cidade grande não faz sentido em Cantaloupe. O inferno são os outros, o inferno é você. O inferno está em mim...
A cada passo penso em parar. O mar explode em ruídos secos, e silencia logo em seguida.
E novamente Hancock me dá as passagens, agora de volta ao velho trem dos sonhos. Estou a milhas de mim mesma, atrás do arco-íris, e surpresa, não há potes de ouro. Em algum lugar por aqui existe algo bom, eu já fui feliz comigo mesma, e isso parece ter sido numa outra vida.
Vejo a chuva descer pelo vidro...pequenas lágrimas de cristal.
Não pode chover o tempo inteiro, dizia o corvo. Não, não pode! Uma hora vai parar e vai passar nessa avenida o samba popular, o carnaval vai chegar e eu preciso me guardar.
Inside me I feel alone and unreal...o inferno está em mim e a culpa é minha.
Mais um cigarro pra espantar o tédio. [nisso eu até acho graça, só não quero é que me falte a danada da cachaça]...
Penso em Peter e suas aventuras, Hook com seu gancho fatal e o crocodilo tic-tac. O tempo não pára e não volta, a estrada não tem fim.
Saudades daquele pub, meio abandonado no acostamento. Saudades do velho garimpo, minhas pedras preciosas, que guardadas num cofre não me valem nada. Minhas velhas pedras negociadas no escambo. Minhas pedras que cantam e brilham e encantam. Valiosos anéis que se foram...
O piano de Hancock se cansa, adormece. Eu me canso, adormeço.
sábado, 13 de outubro de 2007
Uma tarde
Ouvindo: Playground Love
(Air)
Eu precisava respirar. Sentir no rosto o hálito morno daquela tarde quente. Depois de tanto, de tudo, de tão pouco... eu sentia os olhos arderem e outros olhos que passeavam por aquela praça pousarem curiosos sobre mim, enquanto eu lia, acendia um cigarro e lia mais. Lia um conto sobre encontros.
Aquele lugar era meu, aquela paisagem que cabia dentro dos meus olhos e registrava as mesmas casas vistas lá de cima, as mesmas arvores, os mesmos carros e as mesmas pessoas. Era tudo meu. Quando meu amigo chegou para me fazer companhia, foi como se 10 anos voltassem para trás. Sem se preocupar com o tempo e seu grande crocodilo faminto, a gente gastou toda aquela tarde numa brasa que há muito achamos que tinha se apagado. Passeamos entre as nossas ruas, olhamos as nossas calçadas e lembramos de todos os erros e acertos sob esse mesmo céu. Juntos.
Todas as nossas viagens, mesmo aquelas em que nós não estávamos. A gente estava sim, sabia de tudo, como não estava? Todos os nossos amores, mesmo aqueles que deram errado. Deram certo sim, senão como hoje todos nós permanecíamos juntos desse jeito? Todos os nossos amigos que se foram, que não voltam, que voltam e não ficam, que ficam, mas deviam ir embora ou que se foram, mas permanecem ali por perto, por precaução. Todos para os mesmos quarteirões, porque ali, naquele imenso parque era onde brotava aquela vida louca, inconsequente, sem perigo e sem medo. Era ali o grande jardim da nossa vida, o quintal da nossa idade. Ali, onde todas as nossas histórias foram contadas como contos de fadas às avessas e a gente achava graça. Ali... onde a gente volta para amolecer o coração e voltar a ser criança. Voltar a sorrir sem se preocupar com nada, acender cigarros sem se preocupar com pulmões, amar sem se preocupar com o futuro. Quando tudo era possível, inclusive as pessoas.
Conversamos sobre aqueles que escolhemos para fazer parte da nossa história. Sobre aqueles que eram exceção e haviam vencido de um jeito único e merecedor nesse mundo cruel. Sobre todos, porque todos são as nossas, as minhas exceções. Meus amigos são meu único acerto. Meus amigos, os filhos deles, os nossos pontos de encontro em todas essas encruzilhadas... são todas as únicas vitórias bem sucedidas da minha vida. Meu porto, meu caminho de volta para casa.
É ali, onde eu me encontro de novo, depois de tempos perdida. É ali, onde há amor e desamor. Mas o desamor é só o amar um pouco menos e isso nunca me preocupou.
Contanto que haja amor.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
um sonho
d °_* b andrea doria, legião urbana
Chegava com meus pais numa festa da parte abastada da família. Era noite. A poucos passos da entrada, éramos abordados por um garoto, com 17 ou 18 anos no máximo. Um estranho, de olhos profundos, maltrapilho e sujo. Puxando no ombro um carrinho, desses que se usa para recolher papelão, carregado de papéis e sujeira. [A imagem desse garoto habitou minha mente por anos, não me lembro exatamente dos traços, mas me lembro dos cabelos, castanho-acobreado, desgrenhados...e dos olhos de cor indefinida entre o castanho e o verde, mas o olhar dele pesava sobre mim. Algo na voz dele me assombrava, era calma, musical. Era um estranho enigmático.] Eu tinha sete anos. Via-me ali, acuada atrás dos meus pais, como que prevendo o absurdo...
A dor que eu senti naquele momento, num sonho, tenha sido talvez, a dor que eu jamais senti em sã consciência. Avistava meu pai de costas pra mim, entrando numa festa da família, todo o meu mundo estava ali, pra dentro daqueles portões que não cruzei. Vi, com assombro minha ilha da fantasia se perder na neblina. Quando não mais avistei a casa, a festa, olhei pro céu. Escuro. Pelas ruas mal iluminadas sentia meu corpo desfalecer. Nem lágrimas eu verti. Não podia acreditar naquilo...
Ao mesmo tempo em que eu temia aquele garoto, me sentia à vontade. Ele realmente gostava de mim, me queria com ele. Nós seguimos por ruas escuras e esburacadas. Juntos até não sei onde. Acordei.
Passei muito tempo tentando esquecer a náusea que aquele sonho me provocou, sempre que fechava os olhos me via sendo arrastada pra noite, por um magnético desconhecido.
Fui crescendo, até que um dia meus sonhos eram outros. Hormônios em ebulição. Eu gostava pacas dos garotos, esqueci o sonho e me ocupei com a adolescência, com o ginásio, me ocupei com música e fotografias. Aprendi a ler. Fui crescendo...
Um dia, já bem crescida, misturei malte destilado aos Stones.
POESIA! Estava ali o meu estranho de olhos profundos, encarando-me novamente, com o mesmo ardor. Meu anjo de asas negras. O rei de todos os ladrões. Minha passagem de ida para todas as estradas erradas. Minha noite estrelada. Minha carona num carrinho de carregar papéis. O veneno da serpente...
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
S.O.S.
Raulseixisticamente falando sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, e tapanacara faz parte da brincadeira...
Eu quero é mais...
Eu quero mesmo é cantar iê-iê-iê...
E eheee! ahaaa! Quando acabar o maluco sou eu...
[baby, baby, baby eu preciso parar]
paranóia...para nóia...pááááára nóia!
Mentir sozinha eu sou capaz, mas sonho que se sonha junto é realidade!
E o que eu quero, eu vou conseguir...pois-quandoeuquero-todosquerem-quandoeuquero-todomundopedemais-e-pede-bis!
Babilina, minha filha, sai desse bordel, e foge pra morrer em paz...Joga no rio esse sapato 36 e cospe o caroço da manga, isso é indigesto menina!!!
Eu quero mesmo é gostar de você!!! E o que eu quero, eu vou conseguir...
Ai, ai, ai...eu quero é muito mais! [eu sou que nem um vira-lata vagabundo, meu maior prazer do mundo é ter você pra fareja-a-aaar] rs
O moço do disco voador tá olhando pra minha cara com cara de veado que viu caxinguelê, e tá na hora do trem passar [trazendo de longe as cinzas do velho aeon]
PS – com tanta estrela pra pouca constelação o best-seller vai pra milésima edição...