quinta-feira, 30 de abril de 2009

.não adianta.

ju mancin

d °_° b bizarre love triangle, new order

é segredo e é sagrado,

essa doce sensação de amar

[ou ser amado],

não adianta se esconder,

nem tentar dissimular,

em caso de bem-querer,

eu deixo a chuva molhar

.

.

.

vivo entre a puta e a santa,

e fugir não adianta….

a vida é doce!!!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

.sonhei com você.

ju mancin

d °_° b superstar, sonic youth

“don´t you remember you told me love me baby

you said you´d be coming back this way again baby

baby baby baby oh baby

I love you, I realy do!”

“…eu caminhei no escuro pra entender o valor da luz do sol…

adoeci. adoeci por amor, por você e por mim… hoje você é aquele belo quadro na parede, aquele mesmo que você queria que eu fosse, que chama a atenção de quem passa, e que orgulhosa eu digo aos que me perguntam “quem é?”, sou eu, é o melhor e o pior de mim. hoje só sinto saudades, apaguei da memória aquela coisa sem paz, só me lembro das tardes de luz dourada, quando nos perdíamos ouvindo os mutantes [não vá se perder por aí]. teimei com eles… me perdi por aí, por aqui, me perdi em você, que nunca me achou… me perdi por você, cérebro sexy. sinto saudades daquele velho emaranhado de idéias absurdas. corro pra velha estante de livros, buscando nas entrelinhas alguma coisa que te traga de volta. sem dor. sem medo. esqueço que me traiu e te perdôo, por cada um dos seus passos errados. amo-te ainda e amo-te sempre e longe, cada vez mais longe. se não fosse a distância você já tava morto aqui dentro. poupei tua vida fugindo de mim. sou covarde. poupei a minha do jeito que pude [I throw my drugs away, when they find a cure for pain]. saboreio, deliciada, o brilho eterno de uma mente sem lembrança e te apago a cada segundo um pouco mais. escrevo pra não esquecer… me lembro pra não te perder…”

[fragmentos das páginas arrancadas do meu diário]

sábado, 25 de abril de 2009

.identidade? crise?.

ju mancin

d °_° b solitary man, johnny cash

a voz do trovão me arranca do mundo. me joga pra dentro de mim. e me deixa à sós com tantas dessas coisas que a gente esquece o tempo todo. com todas dessas coisas que a gente lembra o tempo todo tentando esquecer.

e lá vou eu, juliana adentro! como naqueles filmes dos anos 80, que passam na sessão da tarde…quando menos espero, um alçapão se abre sob meus pés e desço ou caio, via escorregador colorido, bem lá dentro, no fundo de mim.

silêncio!

me aquieto na estranheza do momento. espero uns segundos.

bem baixinho e ao longe, um coração pulsando devagar, quase falho.

nada ao redor. nem luz, nem calor. nem a escuridão também. nada que me amedronte ou acalme. também não faz frio aqui dentro.

caminho vacilante entre os corredores de mim…me admiro diante de tanto nada. absurdamente caí num canto de mim que não se parece comigo. sem veias ou artérias. sem sangue, plaquetas e leucócitos. sem orgãos vitais. rins, estômago ou fígado e pulmão. só o som, fraco, meio morto de um quase coração.

observo atentamente mais de mim. não me reconheço. não me vejo em ponto algum. [eu por dentro sou coisa nenhuma!]. páro um pouco. pra tentar recuperar o ar. penso que mais um tempo ali dentro, e enlouqueço pra sempre. e penso que não me importo mais, decido continuar e decido que a loucura é quem vai velar meu sono um dia ou outro. noto que minhas paredes, essas lá dentro de mim, são forradas, por, creiam-me, espelhos…bonitos espelhos, como aqueles dos antigos camarins de cabaré. luzes mortas, apagadas, parecem fazer mais negro o blackout aqui desse lado. me lembro doloridamente, que algo em mim já brilhou. essa estranha sala de espelhos sou eu. essa estranha sala de espelhos apagados sou eu. não me vejo, não me reconheço.

caminho, caminho.

[nada novo sob o céu. nada de novo ao luar!]

o som do pulsar daquele quase morto coração, some aos poucos enquanto as paredes se afunilam. não. não que esteja parando, esse velho e tonto coração, sinto, ainda, o vibrar das batidas, meio fraco... só o som é quem se afasta. não consigo deter meus pés. sigo em frente, mesmo notando a falta de espaço que vai se evidenciando. a falta de ar. me encontro pequena, sonolenta. caída em mim…num coma, talvez…me bato, me chuto e me chacoalho. tento, insistentemente, me acordar dessa inércia estranha… pareço drogada, mas não uso drogas… desespero…choro ao lado de mim mesma, ali, no chão dentro disso que sou eu… e me acordo, lentamente… meus olhos se olham, confusos, como se eu me visse e não me reconhecesse… minha parte mais lúcida me bate na cara…minha parte doente, apanha, sem revidar…

a voz do trovão me puxa pro mundo. volto. confusa.

[há dias eu tento concluir esse meu encontro comigo mesma e há dias eu não consigo…the lunatic is in my head…não sei como acaba essa coisa toda…]

segunda-feira, 20 de abril de 2009

.aos que vem de longe.

ju mancin

d °_° b saturnalia [full album], the gutter twins

eu devo um post aqui… aos meus amigos de longe…

não gosto dessa bobagem de escrever discursos e tal, detesto falar em público…

mas tem gente que merece. tem gente que só por existir melhora o mundo, o meu mundo, e é só ele que me importa… tem gente que não precisa estar perto pra acalentar a alma… as vezes um bom dia virtual melhora o dia, ou um boa noite que salva a noite…

eu sempre soube que distância era pouco pra corações gêmeos… e nessas horas a tecnologia se faz uma dádiva…

já fui feliz. e já fui muito triste… e de um jeito ou de outro atingi o lado de lá. matei velhos fantasmas, ganhei vida nova… e tudo assim, quase silencioso aos ouvidos do mundo. do mundo, porque aqui dentro, a vitrola não pára. estou em festa e cheia de novos convivas.

amigos distantes que vêm na brisa do minuano, no cheiro de chuva do pé da serra, na maresia preguiçosa e dos bueiros do centro da babilônia. amigos que viajam e se acomodam em mim, numa fração de segundos. são olhos e bocas, sorrisos distorcidos bem aqui no canto esquerdo [do peito].

não é segredo pra quem me conhece, que a estrada é meu segundo lar, e que não fosse toda essa porcariada que a gente assume como compromisso, que nos enraiza bem no meio da cidade grande, ela seria meu primeiro lar, e que prazer seria acordar um dia em bagé e no outro em joão pessoa. são tantos cais em tantos portos. do oiapoque ao chuí, cruzando meu querido rio grande e floripa, curitiba, londrina e maringá, são paulo, ribeirão e o rio de janeiro [continua lindo!], jurupema, matão. london, london [london calling! já já eu chego aí pra matar as saudades e a sede!!! rs], paraíba, salvador e teresina [deussalve os poetas!!!]. saudações aos patrícios, que se chegam devagar, meio timidamente, cruzando o além-mar, assim meio discretos… se não fossem por essas pequenas [e fortes] raízes, acordaria num dia em nova iorque e só voltaria a dormir, na cama de uma espelunca qualquer em Seattle… seguindo, rigorosamente os passos de quem me ensinou a viver [K E R O U A C way of life!]

um dia eu chego lá… por hora, me resta agradacer aos que vêm de longe e se fazem presentes tal e qual estivessem aqui, pra brindar comigo mais uma noite vazia…

um abraço será sempre um abraço, insubstituível, pessoal, intrasferível e inesquecível… mas diante da distância me restrinjo a desejar à todos que me enxergam no escuro, toda a vibe de boa sorte!

hora ou outra a gente se esbarra na mesa de um inferninho qualquer, pra mais uma festa, mais um café, um cigarro e muitos abraços!!!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

.de-lí-ci-a!.

ju mancin

d °_° b retrato pra iá-iá, los hermanos

jardim das delicias

a coisa muda na medida em que me reconheço um pouco em você. sou ego [ísta]. amo me achar por aí.

de repente o chão treme na terra do nunca. TERREMOTO!

no embalo da minha rede, só sinto a brisa, que chega fresca, vinda de um canto qualquer. minha calma inabalável estremece. “não! de novo, não!”, meu superego se inflama. mas o id responde suave e sereno: - abraça!

a velha vitrola volta a girar. numa outra rotação…mais rápida.

e o chão continua parecendo macio, a ponto de tornar irresistível a queda.

a vida é doce!

…mas gosto mesmo é de travessuras!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

.seu coração tem mania de amor?.

ju mancin

d°_°b supersex, morphine

o meu tem…

não daquele amor estranho que as pessoas insistem em errar. não quero ter. não me faz a cabeça com essa coisa “ser meu”. o que me encanta é isso de ser livre pra sonhar todas as possibilidades, até as impossíveis…

dia desses me apaixonei por um ator. vivi com ele toda aquela baboseira hollywoodiana. todos os seus personagens, do bang-bang ao épico de guerra. o fim? o mocinho morreu no final. uma pena, porque ele valia a pena…

já passei por estrelas do rock, poetas do submundo, lixeiros do undergound. por ilustres desconhecidos, que tomabaram minh´alma…

meus amores são simples [mas às vezes se complicam]. nada sérios, como tudo em mim. amores trigueiros, que não passam de tardes no playground [ou na fruteira, se é que você me entende…]. não aceito compromissos que não posso cumprir. não me encanto com planos futuros. me importa o agora.

amor de amigo, amor de irmão. amor de carnaval. amor de novela. amor carnal. amor na terra. amor no ar. [por mar, por terra ou via embratel]. amor de infância. primeiro-amor…amor de samba. amor de bamba. amor de bossa. amor de fossa. amor de soul e claro, amor de rock and roll…

todo o amor que houver nessa vida!

I´m falling in love again…there´s nothing I can do…

quarta-feira, 8 de abril de 2009

.outono.

ju mancin

d ¨ > ¨ b sob medida, chico buarque

“quando me cobiçou, sem querer acertou

na cabeça…

…sou filha da rua,

sou cria da sua

costela…”

foi assim…

…de repente eu acordei

o galo cantava

sol raiava

e o trem apitava.

[tô em casa!]

era a vida que voltava.

sun is shining, ja disse o poeta!

nada é tão ruim que não possa piorar. mas o bom do fundo do poço é que do chão não passa. de repente a gente enche o peito de ar, e volta a flutuar…

subi.

***

no consultório do cardiologista…

- então dotô. meu problema tem solução?

- e qual é o teu problema?

- coração, dotô. coração partido…

- bebe, filha. bebe que passa.!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Uma canção sem dono

Lu Minami



Ouvindo: Verano Porteño

(Astor Piazzola)



Eu queria, precisava de novo, apesar de tudo.


Foi sem querer que adquiri um novo vício. Caminho pelas ruas dedilhando notas musicais fantasmas do que fora um dia a canção que lembrava somente ele. Pareço louca, buscando notas em um piano imaginário e flutuante. Fico como se fosse pianista erudita ou então como se estivesse numa peça de ballet, uma estória inventada, vestidos longos, desespero, galanteios, doçuras e tragédias. 


Ainda é a minha música favorita, aquela que preenchia os instantes de desejo, de calor, de tristeza e perda. E não dava para perder aquela linda canção, a voz perfeita, quase muda, cheia de intenções veladas, de significados oblíquos, de frases escancaradas.


Eu precisava de um novo dono para aquelas notas treinadas no ar, um novo sentido, o velho ar de loucura. 


Estou apaixonada. Pelo manobrista do bar lotado que me olha como se andasse nua pela rua [olhando a lua], pelo velho que empalha cadeiras e trabalha numa oficina cheia de velhas cadeiras sem assento, sem encosto, cheia de vasinhos de violeta. Pelo vendedor da livraria, que gosta de mim só porque eu gosto de quadrinhos sacanas. Pelo jornaleiro e pelo porteiro: "Bom dia, dona Luciana, que lindo dia!". Pelo menino da bicicleta que fila um cigarro meu toda vez que paro para ver o pôr do sol. Pelo moço do programa da televisão que disse que eu era linda que doía os olhos. 


Por você? Nunca mais. 


Confesso. Tentei gostar de novo, chorar mais um pouco, sentir saudade, beber à você. Cavei em busca de algo que parecia estar apenas soterrado. Mas tudo me parece rancoroso demais. Foi sem querer que deixei de te amar, é verdade. Tão simples e tão pouco, que nem parecia real. 


Foi quase sem dor que a canção que um dia levava seu nome virou anônima nos meus discos, que eu cantava com alegria descompromissada no chuveiro e nem ligava quando ela tocava no rádio. 


Mas ainda a amo tanto. 

Mesmo que eu não ache um novo nome para ela, ainda vai lembrar a mim mesma por muito tempo. 


quinta-feira, 2 de abril de 2009

.c.o.t.i.d.i.a.n.o.

ju mancin

d °_° b celeste, donovan

ela te deixou.

já não podia mais sentir aquilo tudo sozinha. até solidão, só vale, se for a dois. ela não tinha forças, mas lutou, chorou e partiu.

já não podia mais olhar o vazio em seus olhos nem falar e ouvir o eco da própria voz! ela quis o silêncio.

era impossível se lembrar das noites quentes, das tardes chuvosas e dos dias frios, de lareira acesa ou da rede preguiçosa. ardia com as memórias. chacoalhava a cabeça numa tentativa de te apagar da memória, como se dissipasse a nuvem tensa da lembrança. abria os olhos entre lágrimas, e lá estava você. imóvel, impávido. uma tortura. ela já não sabia se doía mais a saudade do que haviam sido ou a verdade do que tinham sobrado. torturava-se, em vão, buscando respostas [onde foi que eu errei?]. ficou surda. ficou cega. quase louca.

passava horas juntando recortes imaginários, daquilo que tinha sido uma vida boa. daquilo que tinha sido um grande amor. tinha fotos, músicas, poesias. lembrou-se com angústia, dos poucos versos que lhe dedicou. poucas [e boas] mentiras sinceras. projetou-se pra dentro daquele universo. lembrou-se dos cheiros. de mato, do mate, de chuva. dos cantos. sabiá-laranjeira, dos galos, dos grilos. e o canto dos sinos da igreja, dizendo, ritimadamente, que o tempo voa.

o tempo. a velha inocência de antes. [íamos mudar o mundo?]. a velha revolta. a velha cidade. o velho sapato. tudo tão velho e tão vivo.

ela lá. de olhos fechados, pensando as coisas como seriam se não fosse tudo assim tão desse jeito.

lembrou-se do quanto ela tinha sido bonita. cabelos sedosos. olhos vivos. boca ardente. e do quanto ela podia parecer interessante. lembrou-se, não sem um certo rancor, o quanto VOCÊ a fazia parecer interessante.

ela nao queria mais abrir os olhos. voltou num tempo tão singular na linha da sua vida, que desejou morrer ali mesmo. em silêncio e no meio daqueles recortes. no meio daquelas saudades. adormeceu sem querer e acordou, horas depois, atrasada, para morrer aos poucos um pouco mais.

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