mademoiselle marchand
d°_°b fire, jimi hendrix
depois de algumas doses fica tudo tão claro.
um cigarro queimando no cinzeiro, o copo suando algo entre o mel e o fel... a mente vaga entre dois, talvez três, mundos... sem espaço para o que é real...
a chuva que bate na vidraça musicalmente deixa no ar um cheiro fresco de mágica que está por vir. mágica que se desenha no ar, entre nuvens de fumaça que vagueiam rubro-verdes.
a indescritível mágica das sombras. paixão ou algo mais. o mistério de olhos que estranhamente me seguem no escuro. olhos que, para meu absoluto deleite, me desejam no escuro.
bocas que se tocam, mãos que se beijam. sussurros entre silêncios.
te quero!
como um gato à minha espreita no breu da noite…
não te esperava assim de repente.
era esse o momento de me guardar. de me acalmar. meus cigarros não são tantos assim.
eu não quero querer o que não devo ter. busco em mim, algo que me proteja do que eu desejo....
mas desejo. e contra mim não tenho forças. sinto-me invadida... delicio-me com tanta falta de decoro. são olhos que brilham no escuro que me buscam e mãos que me caçam e lábios que me mordem. decifra-me e devora-me.