Lu Minami
Ouvindo: Wild horses, Rolling Stones.
Parecia os velhos tempos. A noite, a rua, a cerveja... tudo tinha gosto e cheiro dos anos que já passaram.
Começou no sábado. Sabe como é, junta a galera na frente de casa, traz uma cerveja e uma tequila. Vira uma, duas, três, quatro! Alguém trouxe um taco de beiseball de criança para brincar e aquilo virou uma brincadeira bizarra, misturado ao relato confesso de um amigo durão que viu um filme suspeito do Alexandre Frota. Sem querer, é claro.
Para quê telefone, se existem walkie talkies? E para que se juntar em casa, se existe a rua, a música, a madrugada toda? Dava quase para ouvir os lostboys quase desaparecidos gritando: Dancem! Dancem! Pulem, rolem na grama!
Cá entre nós, a gente é bom em perceber esse tipo de recado e obedecer.
No domingo ressaqueado, amanhecido na dor de cabeça e no gosto de cabo de guarda chuva, a Copa do Mundo. Verde e amarelo. Churrasco e cerveja. Figurinhas e álbum da FIFA. Gol. Paqueras novas e antigas. Golaço. Discursos inflamados. Escapadinhas para buscar uma blusa, para pagar uma aposta, para tomar outra cerveja. Como se chama quem gosta de viver a vida de noite?
É, boêmios. Voltamos a ser boêmios e amigos, como nunca.
Durante a semana, outro jogo. Outra festa, um grande aniversário. Uma grande amiga. E tudo de novo, como anos atrás. Das risadas aos bons e velhos papos. Das músicas aos xavecos. Das alfinetadas esquecidas à esperança de ficar tudo igual sempre.
É assim mesmo. Quando a gente teima em crescer, Neverland nos puxa para dentro e nos oferece um cigarro e uma cervejinha.
Me diga você:
Dá para recusar?
E a gente grita, em coro: No fuckin way!