ju mancin
d °_° b chega de saudade, joão gilberto
"Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste."
de repente o ar se agita, como se um pé de vento passasse, levantando a poeira guardada debaixo dos móveis, chacoalhando as cortinas, as miçangas. como se de longe, muito longe, chegassem respingos daquela tempestade. "é o universo, Juliana! é o universo conspirando em seu favor" insiste aquela voz misteriosa, que vive rebatendo as minhas solitárias indagações. "concordo", penso, "concordo com você, sra. voz misteriosa. é o universo em meu favor" e fecho os olhos e me entrego ao frescor dessa brisa que vem de longe. subo, acima das nuvens e me acomodo na mais fofa. [um tapete que flutua por aí]. tudo o que vejo, ali do alto, se parece com um quadro do monet. visito meus bons amigos. observo-os em silêncio, em seus afazeres cotidianos, sinto, como que em mim, seus anseios e suas angústias, sinto-os em mim. agora, deitada em minha nuvem, me acomodo melhor e vislumbro o céu acima do céu, de um azul atordoante, não mais nuvens sobre mim. uma imensidão cheia de vazio, um vazio cheio de ar. respiro. mais respingos, a longíqua tempestade vem chegando perto, o que era brisa, agora é vento. abro as portas, na esperança de ser arrastada pro olho do furacão [fugir do Kansas pra desejar voltar ao Kansas].
são variações do mesmo tema. tanto verbo pra pintar saudade, a palavra sem tradução!, dessa vez, é a tua saudade que me alcança, teu cheiro me invade, eu sorrio [sua saudade, assim como a minha, também independe do teu desejo frouxo de querer-me ou não-querer]. meu peito sorri! é como se sempre tivéssemos paris.
mais um cigarro. mais um café. e a chuva. a chuva na janela, jogando na vala todos os meus devaneios.
4 comentários:
sabes que és bem vinda na minha casa tb?
dia desses veja se aparece.
Jú, eu acho demais as coisas que leio aqui, profundas e são escritas de uma forma que dão ar a imaginção de quem lê.
Eu, por exemplo, pensei em alguém morto enquanto lia seu primeiro parágrafo.
Valeu!
Saudades é bom
Beijosss
Daniel
vai ver era isso mesmo!
uma carta pra um amigo morto!
essas coisas q saem de mim, nem sempre tem um rumo certo...são bem parecidas comigo!
obrigada pela visita e volte sempre, Dani!!!
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