terça-feira, 31 de outubro de 2006

Gramática do Caos

Lu Minami

Ouvindo: It´s oh so quiet, Bjork.

São muitas pessoas dentro de mim. Falo em primeira pessoa ou em terceira. Falo no plural às vezes e, mesmo quando o sujeito é oculto, dou um jeito de encontrá-lo e usá-lo no meu discurso. Fica mais difícil quando o sujeito é inexistente. Daí acabo no singular, virada para a parede.

Pois é, sujeitinho... sumiu, hein? E eu aqui, falando pelos cantos, cantando o futuro e o passado imperfeito. Deixo o pretérito mais que perfeito para um ideal distante, um mundo paralelo no qual não apito mais nada. Aciono o modo subjuntivo e conjuntivo para recolher as teorias do caos que imperam dentro de mim. “Se eu fosse, se eu fizesse”. Mas que porra, porque não fiz?

Faça, oras! Imperativo, você de novo? Fica mandando e eu fico tentada a obedecer. Dentro desse nó gramatical, continuo a procura do meu sujeito.

Mas quer saber a maior piada de todos os tempos? Você é uma figura! E eu quase sempre te acompanho nesse assunto, como antítese. Com as suas alegorias, você completa a minha metáfora. Bailamos por entre ironias e sarcasmos para ver quem é que define o nosso maior paradoxo que é o de ficar juntos, sendo que você se oculta em minhas orações. Nessa sinestesia constante, você me anestesia e eu fico a sua mercê, como sempre.

O fato é que, meu modo indicativo continua acionado e ligado no 220. Apesar de eu estar à sua procura, a fila anda, meu caro.

Mas que grande merda!

Jú Mancin


Ouvindo Dyslexic Heart, Paul Westerberg (soundtrack Singles)

Carai, a pasmaceira continua.

Parei com as bolinhas, aliás, já paguei mó mico por causa dessas bolinhas, no hospital, em casa, entre os amigos, já ouvi o que queria e o que não queria (nem merecia) por causa dessas porras. PAREI!

Eis que hoje, a mesma merda de novo. AVASEFUDÊ!

Tô cansada de mim e desse coração mei chatim, que vive procurando sarna pra se coçar. Basta eu estar quieta, no meu canto e pronto. Lá vem o coração disléxico me causar problemas. É um tal de entra e sai de pessoas, que já não sei mais onde é dentro e onde é fora.

Ó, vocês, por favor se comportem aí! Tô avisando que não vou aturar mais essas arruaças aí dentro. Tão pensando o que? Não é a casa da mãe Joana, não. Que é? Tão parecendo presidiário reinvindicando mais espaço! NÃO DÁ, PESSOAL! O espaço é esse aí, vocês entraram porque quiseram (tá! a porta tava aberta), mas agora comportem-se, porque sair daí também não é fácil!

Acendam um béqui, sentem a bunda aí nos pufs, e cantem felizes "Don´t worry, be happy!" e me deixem em paz por alguns dias.

SACO!

Mala e erudito!

Jú Mancin

Ouvindo Off he goes, Pearl Jam

É mala mesmo hein Lú...

Não tem aparência suja? O cabelo tem corte? Bebe vinho em vez de whisky barato (ou qualquer veneno que custe menos de dez reais o litro)? Faz a barba diariamente? Não fuma? Não fuma nada? Venera o Deus Piazola, mas não considera Seattle um Paraíso? Só falta você dizer que ele não tem chiliques/espasmos...

Foge disso! Ele não te merece!!!

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Prince Charming

Lu Minami


Ouvindo: Dodo, Dave Matthews Band

Eu acho você perfeito. Acho mesmo.

Você gosta de trabalhar muito, igual eu. Gosta de cinema, mas não de qualquer um. Para você cinema é conteúdo e se for para ver qualquer coisa, é melhor alugar o tal filminho besta, com os pés no sofá e um colinho para dormir sem fazer feio.

A gente anda de mão dada e todo mundo acha que somos perfeitos um para o outro. Seu cabelo cai bonito na testa e seu sorriso é largo e fica meio torto quando fica sem graça. É um charme!

Eu com você fico mais feminina, deixo de ser moleca para ser mulher. É, você sabe me fazer gritar como mulher, não como menina.

Gosta de livros, mas prefere os russos. Mas não tem problema, porque eu te convenço a ler um pouco do lirismo latino e eu finjo que li Tolstoi. Você finge que acredita, apesar de ter lido Cortázar por mim.

A gente sai para jantar e você vai ao restaurante certo, pede o vinho que combina comigo e com o prato que eu pedi e ainda segura a minha mão enquanto olha eu comer errado, com o garfo na mão errada e a faca que parece não ter corte.

Você deixa eu escolher o CD no quarto porque sabe que assim eu vou me sentir melhor. Você escolhe quais velas vai acender e quais palavras vai dizer. Não muitas, porque eu prefiro o silêncio.

Você não reclama da minha barriga porque acha bonito o meu ombro, junto com o colo e tudo o mais. Você elogia meu cabelo e o jeito que eu olho para você quando estou por cima, ou por baixo.

A gente dorme bonito, sem babar, no peito do outro. Você cuida dos meus sonhos e participa deles, enquanto eu me aninho no seu peito largo, grande e protetor.

Você gosta de ouvir eu falar sobre as bandas barulhentas que eu gosto, enquanto tenta me convencer que Piazzola é um gênio e, apesar de eu concordar com você, continuo querendo dançar igual a Shakira e que Pearl Jam é a melhor banda do universo.

Você não manda flores, escolhe qualquer flor que esteja perdida para que ela se encontre nas minhas mãos. Eu fico sorrindo igual idiota e você só acena a cabeça.

Puta que pariu, como você é mala!

domingo, 29 de outubro de 2006

.T.A.Q.U.I.C.A.R.D.I.A.

Jú Mancin

Ouvindo Miss lexotan 6mg, Jupiter Maçã

As 150 batidas do meu coração, ontem, só estavam me avisando que ele está superlotado.

Alguém vai ter q sair dessa porra!

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Noite de primavera

Lu Minami

Ouvindo: Are you in, Incubus

Ela estava inquieta naquele dia. Ficou um bom tempo pensando se realmente iria sair à noite, ver aquele mundo de gente embriagada, ver todos os pecados dançando juntos. Pensou se ir para casa e terminar de ler aquela revista não seria melhor. Pensou que estava feia e fora do peso. Pensou e calou. Vestiu e comprou uma cerveja. Interrompeu o tratamento médico tomando um porre daqueles bem alegres.

E foi. Numa noite de primavera linda, seca e cheia de calor. Bebeu, riu, calou, dançou, pensou, não pensou mais, dançou, conversou e cumprimentou, amarrou o cabelo e depois soltou. Entre beijos e abraços, "prazer, meu nome é", olá como vai, ela ficou perdida e braços enchiam seu copo do líquido gelado e que descia macio. Como é que ta lá, ta bem sim e você? Ótimo, vai tudo muito bem, que calor. É, que calor, onde você mora. Que fila, mais cerveja? Sim, mais cerveja.

Brincadeira, vamos dar uma volta, quem sabe, talvez pagar a conta. Vamos, sim. Eu duvido, como assim duvida, sei lá eu duvido. É pena, não duvide, então vai. Ok, eu vou. Foram. Daí ficaram sem graça, mas como a risada vale mais que tudo e o tesouro era grande demais, continuaram a rir e pagaram a conta.

Tchau. Tchau. Não some. Não sumo não.

Coé, neguinho, coééé?

Jú Mancin

Ouvindo Caipirinha, Peeping Tom (Mr. Patton e Bebel Gilberto)

Venha fazer parte do mais novo grupo de extermínio do Estado de São Paulo. GAAosDPMMVC, Grupo Armado AtéosDente Para Matar Motoqueiros Violenta e Cruelmente.

Por que? Porque eles merecem. São uns filhosdumasputas! A escória do trânsito da cidade. São folgados. Répteis. São covardes! Chutam retrovisores de mulheres, pra mostrar que são machos. São burros, não reconhecem os sinais de trânsito! Acham que seta é pisca-pisca de árvore de natal, e que se não andarem de capacete a polícia é quem vai se ferrar.

Risos...tá vai, vou contar o que aconteceu.

Claro que todas as ofensas acima podem ser aplicadas à todos os motobostas, mas essa está destinada e UM motomerda desgraçado que cruzou o meu caminho hoje.

To lá, andando tranqüilamente, voltando da padaria, com meu cigarro aceso, pensando, sei lá em que, mas eu tava. Decido atravessar a rua. Na faixa, como deve ser. Tô no meio da pista, sai um cachorro louco de cima de uma calçada, na maior velocidade que o aquele jegue que ele chama de moto poderia alcançar na arrancada, joga a moto em cima de mim, e como se não bastasse, grita: QUÉ MORRÊ, GORDINHA?

Veja bem, eu tenho consciência das minhas medidas, exageradas de fato. Mas precisa um, provável, semi-analfabeto, desprovido de massa encefálica, cheio de pinos metálicos espalhados pelo corpo, frustrado, porque só usa o pênis pra urinar (se é que tem um pênis), que não sabe diferenciar caqui de tomate, nem cacau de côco, sair por aí berrando que eu sou GORDINHA?

Desnecessário. Pra mim pelo menos...rs

Num primeiro momento fui tomada por indignação.

Num segundo, comecei a rir. De raiva e depois de mim mesma, essas coisas sempre me aconteceram, não ia mudar porque cheguei nos “quase trinta”.

No terceiro momento, aí sim, voltei a mim mesma, e dispensei, mentalmente - porque não sou barraqueira e porque o desgraçado já tinha se enfiado em algum bueiro – todas as maledicências que aprendi com minha avó portuguesa.

Desejei profundamente que aquele verme caísse no Rio Tiête, à beira da Marginal, depois de duas horas de chuva torrencial na cidade de São Paulo. Que um canhão desgovernado, por acidente, explodisse na boca do estômago dele. Que ele sofresse um ataque de abelhas africanas genéticamente modificadas. Que um avião, vazio – porque ninguém tem culpa pelo motoporra – caísse em cima do dedinho do pé direito dele. Que uma Tsunami o pegasse de surpresa naquele fim de semana chuvoso em Long Beach. Que a mãe dele fosse um macaco. Que a canela dele se encontrasse com a quina de mármore mais afiada que a lâmina da Hattori-Hanzo. Que ele fosse o Bill e desse de cara com a Beatrix/Mamba Negra. E enfim, que ele se encontrasse com um espelho e se visse de frente.

Bom pra ele, que hoje eu to de muito bom humor. E que o Portal 818 se fechou.

APAputaquipariu mano!

Coitado do Snoopy




Jú Mancin


Ouvindo High and Dry, Radiohead

Olha q coisinha mais linda!
Eu amo esse menino e esse cachorro...
Não sei como nunca tinha postado eles aqui.
*quadrinhos extraídos do blog Tiras Snoopy (o link pra lá é a cara do Minduim aí do lado)

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

...mistério sempre há de pintar por aí...

Jú Mancin

Ouvindo A Little Game, The Doors

Então é isso. Raios UV cruzam a terra, atingem o chakra do meu coração, nossas emoções se intensificam, se ampliam numa escala de hum milhão de vezes, nossos desejos se realizam mais rápido. Muito mais rápido.

Deve ter acontecido mesmo. Liguei o rádio e disse ao Ruds: - Putz, queria escutar aquela música da Shakira...
Na mosca!
...oh baby when you talk like that, you make a woman go mad, so be wise and keep on, reading the signs of my body...
Sou burra pacarai, devia ter desejado alguns milhões de dólares. TACANHA!

O fato é que na semana do evento cósmico denominado PORTAL 818 eu fiz as pazes com as bolinhas, dormi pouco, falei muito, quase não bebi e nem comi, tive vontade de matar gente, entrei num universo paralelo e encontrei meu amigo imaginário, que merecia um post só pra ele, mas não vai ter não, porque é deveras egocêntrico, vai ganhar uma linha só (e um conselho).

Amigo Imaginário: CUIDADO COM VOCÊ!

Foi a semana das conversas engraçadas, quase inintelígiveis, mas esclarecedoras, o trecho de uma delas tá aí ó:

o louco: Essa semana eu sou o Jim Morrinson...
eu (pensativa): Sério? E antes? Quem você era?
o louco: Iggy Pop. Foi foda!
eu (preocupada já virando as costas e desistindo de um diálogo): Putz...foda hein!!!
o louco: Aaaah! Essa semana eu fiz votos pra você!
eu (preocupadíssima voltando pro diálogo): Que dia?
o louco: Ah sei lá, num lembro. Rolou um negócio cósmico aí...
eu (de joelhos): O portal 818 dos raios UV, que potencializa a força do que a gente deseja?
o louco: Éééé. Isso aí! Nesse dia mesmo...
eu (conformada): Valeu! (Pensando: fudeu! nunca mais volto ao normal!)

Risos...mentira, eu adorei saber que o louco me desejou coisas boas...

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

*que dia*

Jú Mancin

Ouvindo o ronco do Rudney (sinfonia pros meus ouvidos depois do dia de hoje).

Diálogo engraçado do dia

Pergunta: - Ow, vamo assisti O Grito 2 hoje?

Resposta: - Cê acha?! Se eu for, quem vai sair com medo de mim vai ser o Toshio. Mato ele de novo!

Agora eu tô rindo, porque já passou, mas tava foda.

A propósito, eu descobri. SOU O BURACO.

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

[MODE Down in a hole = ON]

Jú Mancin

Ouvindo Cure for Pain, MORPHINE

Sabe o que é ficar num buraco frio, úmido, fundo (mas fundo mesmo), escuro, aterrorizantemente silencioso?

Agora, sabe o que é ficar dentro do tal buraco sozinha e com a cabeça cheia de anfetamina?

Tô num ponto de não saber mais se eu sou eu, ou se sou o buraco...

[MODE Down in a hole = StandBy]

Reticências

Jú Mancin

Ouvindo O mundo é um moinho, Cartola.

Tem hora que eu preciso falar e não consigo, tem hora que eu não posso e, acontece às vezes, de não poder e não conseguir, assim juntos, sabe?

Tô assim, vou deixar os três pontinhos, e quem quiser, entenda como quiser.

...

terça-feira, 17 de outubro de 2006

[nenhum]

Lu Minami

Ouvindo: Fly me to the moon, Frank Sinatra
(porque o meu bom humor é precioso demais)


Eu não ia escrever nada não. Mas aí li o post da Ju e pensei um pouco. Se essa pessoa quer atenção, porque não dá-la?

Quem sabe assim ela perceba que a vida pode ser bela afinal de contas! Assim ela pode ver que usar palavras de baixo calão para xingar as pessoas não adianta muita coisa, porque no caso eu só consegui rir. E olha, ri por muito pouco tempo, porque eu tinha mais o que fazer, ando muito ocupada ultimamente.
Mas mesmo assim, eu ri. Ri para não chorar.

Porque me deu vontade de chorar por você ser tão fraco e tão pouco. Fiquei com pena. É, eu sou magnânima às vezes, o que fazer?

Mas resolvi dar risada porque o problema não é meu e, se você resolveu descarregar em mim, azar o seu.
(Pois é, eu também pouco me fodo pelos outros às vezes)

Mas olha: existem bons terapeutas que podem te ajudar, viu? Você pode trabalhar sua auto-estima, seu orgulho ferido e seus relacionamentos fracassados. Não pense que não tem jeito. Tem sim! Acredite!
Mas como eu não tenho o dom de ser psicóloga, meu único conselho é que você procure um médico, porque sinceramente estou cagando para os seus problemas mentais e emocionais.

Eu espero que esse post te alegre. Afinal de contas, veja!!!! Já são dois dedicados exclusivamente a você!

Mas lhe aviso que é o último, pois não vou tolerar e nem vou gastar meu tempo com pessoas como você, ok?

Então, tchau.

Só pra constar...

Jú Mancin


EU NÃO SEI QUEM É VOCÊ!
NÃO QUERO SABER!
NÃO SEI O QUE A LÚ PENSA DE VOCÊ.
E NÃO SEI SE EU DEVERIA RESPONDER A UMA OFENSA DIRIGIDA A ELA.
MAS FODA-SE, O BLOG TAMBÉM É MEU, E VOU RESPONDER.

SABE O QUE VOCÊ É?
UMA COISINHA RECATADA, FEIA, ASSEXUADA, ABSOLUTAMENTE SEM GRAÇA, SEM CARÁTER, INVEJOSA E COVARDE!
OU VOCÊ É UM COISINHO BICHA, BROXA, FEIO, ASSEXUADO, SEM GRAÇA, POBRE, PODRE, INVEJOSO E COVARDE!

E SEJA QUAL FOR, É CORNO. ISSO É COISA DE CORNO!

O BRILHO DELA TE INCOMODA NÉ?!

Em homenagem à essa personalidade incrível e anônima (nem culhão tem pra mostrar a fuça pra apanhar) vou citar minha avó portuguesa, que sempra tirava do bolso as mais sábias palavras...

"...se falares mal de mim, que eu não mereça, quero que o pinto lhe caia, que o cu lhe apodreça, e que os miolos lhe saltem, fora da cabeça..."

Sinceros votos da Jú...

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

...Oco...

Jú Mancin


Ouvindo I Can´t Get No (Satisfaction), [Versão ao vivo do dueto entre PJ Harvey e Björk]

Lista de emails com uns dez participantes ativos, orkut, msn, gtalk, torpedo sms, telefone celular, telefone fixo. Noivo, família, amigos vizinhos, amigos da faculdade, amigos de infância, amigos da família, colegas de profissão. Feriadão chegando, tempo esquentando, música no fone, dinheiro entrando (e saindo), Buenos Aires a vista...

NUNCA ME SENTI TÃO SOZINHA!

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

A faca de dois gumes

Lu Minami

Ouvindo: Diamond Sea, Sonic Youth.


É engraçado contar com as pessoas.
Por mais que você as ame e elas também te amem, um dia vocês vão se decepcionar um com o outro e você vai se sentir mal por pensar assim. Ah vai... mas eu te garanto que também vai sentir vontade de esbofetear a cara daquele que a magoou com palavras duras e olhares tiranos. Vai querer jogar um monte de coisa na cara e vai ofender, xingar. Quantos amigos você já perdeu quando era criança por causa disso? Quantos colegas descartáveis você manteve por não fazê-lo por pura preguiça? Quantas amizades alheias você viu se despedaçarem por causa dessas atitudes? Quantos amores, quantas paixões... Quanta raiva não se converteu depois em afeto?

É uma larga avenida de duas mãos.
Numa mão, você engole espadas e punhais que foram capazes de te machucar profundamente, mas os digere até que seu organismo os tenham absorvido. Apesar da cicatriz, você ignora e vangloria-se da coragem, pois esses golpes te deixam mais forte e potencializam o amor que você sente, fortificam o elo que existe entre as pessoas.
E na outra mão, você tem a oportunidade de ser você custe o que custar, não interessa quem possa se doer ou não. Se a pessoa desferida por seus golpes sobreviver, é porque ela merece conviver contigo. Todo mundo merece ouvir a verdade. Egoísta para caralho, mas me diga a máxima clichê... quem não o é?

E aí, meu irmão... me responda.

É melhor ser verdadeiro ou corajoso?
Qual dos dois te deixa mais forte?
Qual é a medida da balança?
Quem vai ficar do seu lado?
Quem vai ficar com preguiça de você?
Você prefere andar numa direção só ou prefere transitar no canteiro cheio de flores, podendo ir e voltar quando quiser?
Prefere a passarela ou a contramão?
Vale a pena descobrir?
Vale?

É a famosa faca de dois gumes.

Ou seja... vai doer sempre. De um jeito ou de outro.

E no confessionário...

Jú Mancin


Ouvindo Eu sei que vou te amar, na voz mais bonita do Brasil, Nelson Gonçalves.

Ela me disse que deseja você "no silêncio de seus momentos sozinha". Só em pensamento, sem que seja profanado o templo sagrado da lembrança. Sim, um relicário.

Ela não precisa do seu corpo, nem da sua voz. Nem tampouco de seus acordes de guitarra. Não faz questão do seu mau gosto, nem da sua pouca cultura. Dispensa seus tênis sujos, suas bermudas xadrez, seus bonés dos times da segunda divisão do futebol americano.

Ela não quer seus problemas, seu dinheiro, sua família, seus amigos e essencialmente, ela não quer sua namorada.

Ela me disse que seu riso franco tá tatuado na memória. Não precisa ouvir de novo.

Ninguém precisa lhe soprar notícias sua. Ela sabe que tá tudo bem agora. Sabe que você mudou, mas nem tanto. Sabe da suas crises, e sabe que vai passar. No fim tudo será como antes.

Ela deseja sucesso à você, e muita felicidade, mas acima de tudo, ela te deseja vida longa!

Ela me disse que te ama, assim à distância, em silêncio e em segredo. E disse ainda: Eu sei que é recíproco.

Sorriu e saiu. Como se nada tivesse me contado.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Inspiração buarquiana...

Lu Minami


Ouvindo: Valsinha, Chico Buarque

Era verão e o calor abafado da cidade entrava pela janela de seu quarto. Atravessava as cortinas leves de musselina branca e invadia, num doce hálito, sua cama, por debaixo dos seus lençóis imaculados.

Cansada, levantou-se e pôs um vestido branco rodado, de rendas bordadas pela sua mãe que há muito partira, sem deixar rastro. Colocou as sandálias de corda e saiu pela cidade adormecida. O dia mal havia clareado e ainda havia orvalho nas mudas de romã, plantadas pela vizinha do lado.

Caminhou por entre pedras e galhos, trazidos pela chuva da noite anterior; por entre confetes e serpentinas rasgados pelo vento desolador e pelas pisadas da última romaria. De tão leve que seus pés chegavam ao chão, parecia estar dançando pela cidade deserta.

Quando chegou na praça da cidade, havia um seresteiro que cantava uma melodia triste e desafinada, solitário, com sua fantasia colorida já desbotada pelo maltrato do tempo. De longe, avistou um rapaz que também vestia branco e que andava sem rumo pela sombra das grandes mangueiras para fugir do calor que castigava aquela terra.

Os seus olhares se cruzaram. Primeiro, de maneira casual, quase sorrateira, por medo de rejeição ou de conhecimento antigo. Depois, de maneira tímida, como quem encontra o consolo há muito procurado. E assim caminharam, um em direção aos braços do outro, mesmo sem saber, sem querer. Quando chegaram mais perto, pararam um defronte ao outro. Ele conseguiu sentir o aroma dos cabelos negros daquela moça que tinha olhos amendoados e pele brilhante. Ela conseguiu sentir o calor do abraço daquele rapaz que tinha sorriso largo, cheio de dentes brancos e reluzentes.

O seresteiro os observou e tocou aquela canção, em que todos choram e gritam de tanto amor, mesmo sabendo que seu coração talvez não agüentasse ouvir aquela canção novamente.

Ele a enlaçou devagar, com cuidado e a tirou para dançar. Rodaram e acertaram os passos de uma dança suave e cálida, tão singela que todos saíram à janela para admirar. Dançaram com os olhos, as bocas e braços, enquanto o seresteiro cantava sua última canção.

De repente, do céu começaram a cair pétalas vermelhas. Devagar, uma a uma, preencheram o chão da praça daquela cidade que agora despertava. Enquanto a chuva aumentava, o casal que continuava a dançar, imaginou que uma revoada de borboletas temporãs passeavam pela cidade. O mesmo vento da noite anterior que soprou as flores vermelhas e suas pétalas desgarradas trouxe, no mesmo instante, gotas da chuva, pesadas e quentes que começaram a cair do céu.

A tempestade tingiu as roupas dela e dele e aquele rapaz possuía agora roupas vermelho sangue e sua bela acompanhante tinha seu vestido da cor do céu poente.

E assim dançaram para toda a cidade se lembrar daqueles que celebraram o amor da última canção do velho seresteiro.

Esse conto foi escrito em fevereiro de 2004, logo depois de uma 4a feira de cinzas em plena R. Augusta.

Uma quinta-feira qualquer

Lu Minami

Ouvindo: No one knows, QOTSA.

Um telefonema. Um sorriso babaca. Apertar o "end" com cóceguinhas na barriga. Olhar para a janela. Descer para fumar um cigarro. Vento com cheiro de chuva. Sorriso babaca no elevador. Rod Stewart na cabeça. Preguiça de fazer relatório. Pausas e olhadas para o horizonte paulistano. Um email engraçado. Uma reunião atrapalhada. A volta para o escritório. A janela do taxi com gotinhas quase secando. O encosto para a cabeça do banco do taxi. O sorriso babaca. Elevador. 10º andar. Recados com a recepcionista. Mais emails engraçados. Um relatório para terminar. Enrolação. Sorriso babaquíssimo. Celular gritando. Um nome piscando. Pausa. O sorriso babaca virando um ranger de dentes ofensivo. "end". A cara de palerma. Serotonina em gotas. Os palavrões. Resignação. QOTSA na cabeça. Trânsito. Maquiagem borrada. Boteco do amigo. Jogo do Corinthians. 3 x 0 para o adversário.

Mas que grande merda.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

[MODE BRISA = ON]

Jú Mancin
Ouvindo a Brasil 2000, nos meus fones de ouvido.
Gente, ontem eu tava "viajando". Fiz um monte de coisa de gente meio besta das idéias. E não sabia por que. Hoje acordei melhorzinha, mas fiz uma coisa "meio" automatica, que fez pensar se não é isso que está tirando minha concentração.
Eu ganhei um celular legal, que tem rádio AM/FM. Eu não usava adereços como fones de ouvido, desde os tempos de colégio, quando a música portátil ainda vinha em fitas K-7. Sabia que eu ia brincar um pouco, mas descobri que fones de ouvido com música dentro são muito mais do que pura distração. São pílulas pra entrar na Matrix. Me habituei a enfiar a bagaça no ouvido e não falar, nem escutar nada mais do que acontece ao meu redor. O fato é que, quando pessoas insuportáveis param ao meu lado, e começam a vomitar besteiras nos meus tímpanos, eu frenética e automaticamente, ligo o rádio e não ouço mais nada.
Tô virando autista mesmo. Por opção, pooooorra!
A culpa é do celular com rádio e fone de ouvido. Ou de gente escrota que vem do meu lado falar abobrinhas, e me obriga a fugir pra ondas do rádio!

Estados alterados da mente...

Jú Mancin


Ouvindo Estados Alterados da Mente, Titãs (Titanomaquia, sensacional esse álbum)

Choro compulsivo, riso estreito, euforia, vertigens...

Tô assim, como na música dos "cabeça-dinossaouro".

Ah, será que "cabeça-dinossauro" significa cabeção??? Cabeçudo??? Cabeça gorda??? Cabeça inchada??? Fuma todas???

Acompanhando a dancinha que o Arnaldo Antunes fazia nessa época dá pra imaginar que sim...

Ai, tô falando que eu tô besta hoje. Mais que o normal!

Ah, sim, Ysys, você terá seu POST em breve, mas preciso de um tempo, OK?!

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Deu branco...

Lu Minami


Ouvindo: The Way You Look Tonight, Tony Bennett

Hoje me deu um branco.
Apagou tudo e eu não pensei em nada.

Ando acostumada a sentir raiva e vontade de me vingar de você. Fico na expectativa de te encontrar feliz, linda e de vermelho para você olhar e eu te desdenhar com pernas de 1 metro e meio e 95 cm de busto. Sonho infinitos pensamentos em todos os minutos do meu dia como seria se você estivesse aqui do meu lado e lembro de como era chorar na sua nuca, te xingar na sua boca, me surrar nos seus braços e trepidar em suas pernas. Sinto o tremor antigo em silêncio, que aperta meu estômago e o esmaga até parecer que só tenho uma ervilha lá dentro.

Eu mudo as estações do rádio em busca daquela música ridícula e que tinha o refrão mais idiota do mundo e ela não toca. E finalmente, quando consigo alcançá-la em alguma frequência, está sempre no finzinho, naqueles acordes finais, prestes a dar lugar a uma vinheta sem graça e escandalosa de um locutor que só sabe dizer se vai chover ou não.

Isso tem preenchido minhas horas nos últimos tempos, mas hoje... Hoje me deu um branco e eu não quis mais pensar nisso tudo. Foi como arrancar todas as sinapses responsáveis por estas reações que meu corpo tem há meses e meses há fio. Hoje eu esqueci a raiva e a decepção e fiquei com... saudades.

Uma saudade louca e terna; doce e sem mal nenhum. Deu vontade de descer e encontrar você para fumar um cigarro e conversar sobre o jogo do São Paulo de hoje. Debochar um pouco dessa sua cara de são-paulino e ouvir as mesmas justificativas. 3 campeonatos mundiais, blá blá blá. Eu daria todo o meu mundo para ouvir sua risada e rir junto, sem esperar nada em troca, como a gente fazia antes.

Era bom, não era? Esse branco que deu, esse vácuo que me puxou lá prá dentro das lembranças, me arremessou para fora de mim mesma. E eu vi essa garota toda boba com um sorriso que há tempos não iluminava seu rosto.

Foi um segundo, mas valeu a pena, depois de todo esse amargor.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Com licença?

Lu Minami

Ouvindo: Joker & The thief, Wolfmother

Neste tempo que fiquei de licença, fui obrigada a pensar em algumas coisas.

Pedi licença ao meu peito e perguntei um monte de coisas que ele, obviamente, não soube responder com precisão alguma. Mas alguma coisa mudou. Eu juro que não sei direito o que é e estou super tranquila em afirmar que isso pode ser bom ou péssimo.

No meu caso, as chances de ser um ruído péssimo a longo prazo são enormes. E me pergunto, dentro da madrugada: Será?

Será que eu vou conseguir me policiar e pegar leve comigo mesma?
Será que vou ter tempo e paciência para construir uma vida pessoal NORMAL?
Será que eu te esqueci? (essa é engraçada porque às vezes a resposta é SIM e fico tão assustada que me saboto para convencer a mim mesma de que ainda estou doente e apaixonada por você)
Será que vou ficar sozinha?
Será que sou capaz de viver sozinha?
Será que eu aguento?
Será que tenho coragem?
Será que sou capaz de sentir tudo de novo?
Será que estou sendo infantil demais? (hahaha... é....)
Será que eu consigo tudo?
Será que vai passar?

Esse mar de "serás" é a coisa mais prejudicial que alguém pode fazer consigo e eu sei disso. O ruim de passar por uma "fase estranha" é que o indivíduo consegue racionalizar absolutamente tudo. Dos erros às suposições, passando por eventuais acertos, pela subjetividade e pela auto-afirmação, culminando num pessimismo hiperrealista e sem saída.

Esquece. Vai passar. Não pensa nisso. Se ocupa. Faça um esporte. Coma chocolate. Acorde cedo. Durma cedo. Tome sol. Pare de escrever. Escreva tudo. Sorria. Chore. Grite. Silencie. Ocupe seu tempo. Definhe seu tempo.

Acho que o imperativo é o que mata.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Domingo polêmico

Lu Minami

Ouvindo: Crystal Ball, Keane


Citando um pouco as eleições, a réplica:

Esse tal de "Amantes Constantes" é assim: lindo, bem fotografado, bem produzido, com um elenco ótimo, referências excelentes e uma bela história. É sim, eu sei admitir.

Mas aqui, ó: 3 horas é muita coisa!!!
Eu não ligo de ver 3 horas de filme. Mas este especifico não precisava ter durado esse tempo tooooodo. A legenda não precisava ser branca com falhas num filme preto e branco. Desnecesário gravar em tempo real o cochilo do galã por 10 minutos. É inevitável dormir. Será que era a intenção do diretor?
"Vou estender esta cena para o público tirar um cochilo, pobrezinhos... estão há 2h e meia sentados na primeira fila com torcicolo"

Mas tirando isso, ok. O filme é legal. Mas eu não assisto de novo, tá? Deixo para ver a revolução de 67/68 filmada pelo Bertolucci no final de Os Sonhadores. Bem colorido, o mesmo galã Louis Garrel, o lindo americano, as cenas de sexo e tudo o mais (é porque neste filme, apesar do título, os personagens não fazem sexo nenhuma vez, muito menos constantemente). Um pouco mais de 1h e meia e SIM, felicidade cinéfila!

Abro mão dos filmes de arte. Meu cérebro não entende e não sou sensível o suficiente.
Não que eu não goste de bons filmes, é claro que gosto. Sou uma pessoa chata mesmo, me recuso a assistir alguns e idolatro algumas dezenas deles. Não é só pelo tempo de filme também... Pô, eu já assisti tanto filme longo, de 3 horas, sem nem perceber.
Esse é o problema do filme citado: dá para perceber as três horas e mais umas cinco que torturam sua coluna, seu pescoço e sua paciência na cadeira.

Do assunto "eleições", só a introdução do texto mesmo. Eu não quero falar de política. A minha opinião é a mesma da grande maioria. Este país é um circo e a gente é palhaço. O resto a Ju já disse aí embaixo.

(ah, e sobre o título do post: é mentira. O fim de semana não foi nada polêmico. Foi uma estratégiazinha barata para ver se vcs liam o texto. Funcionou?)

InDignação.


Jú Mancin

Ouvindo Bom brasileiro, Cachorro Grande.

Segundinha sem-vergonha essa, não?!

Pós-domingo eleitoral, altamente indigesto.
Não fosse pelo filme (maravilhoso) que eu vi na Reserva (Insuportável) Cultural, Amantes Constantes, francês, cinema de arte, três horas de pura fotografia, em preto e branco, diálogos contidos, um filme silencioso, como deve ser uma obra de arte. Tudo pra ser insuportável né?! E é. Mas eu adorei. Mais ainda pelo fato de ser estrelado pelo lindo e apaixonado Louis Garrel, que rouba a cena, sempre!

O filme trata de um romance que se passa na revolução estudantil na França de 68.

Sugestivo pra um domingo eleitoral. Pena que no Brasil não existem revoluções, no máximo uma protestinho sem-vergonha, que não diz nada, e se dissesse, não teria ninguém escutando, o povo tá mais preocupado com a novela das oito e com o futebol no domingo, e na trepadinha da Cicarelli é claro! Aí na hora de votar eles limpam a bunda nas urnas eletrônicas. Provas? Ah sim, tenho, o Paulo Maluf estava na cadeia até meses atrás, foi eleito deputado, com o maior número de votos do país. Genoíno, Palocci, Berzoini estão envolvidos até "os tampo" com escândalos do atual governo. Clodovil e Frank Aguiar se elegeram (?!).

Aí eu me pergunto: Mas e o Plínio de Arruda Sampaio? Era pra governador né?! É, era. Mas não dava pra ele, estava disputando com partidos imensos, e o dele era só o PSol.
Psol, pombas esse partido mal está formado, os caras conseguiram 7% de todos os votos para a presidência do país. E me venha alguém dizer que um homem como Plínio de Arruda Sampaio não tinha competência pra assumir o governo desse estado???

Foi a ELEIÇÃO da vergonha. Lula e Alckimin disputando a presidência. Poderia ser pior? Sem dúvida, não há nada tão ruim que não possa ser piorado! Maaaaas...

E então o nosso mundo girou!


Jú Mancin


Ouvindo Luisa, Chico Buarque.

Tava aqui escutando essa música, e pensando que esse é o nome que escolhi pra dar à minha primeira filha. Nós escolhemos. Eu quase nunca falo aqui do meu amor maior, daquele que há longos anos está ao meu lado, que eu amo apaixonadamente, que divide comigo todas as suas certezas e incertezas, todos os seus medos (que não são poucos) e todos os meus medos. Falo pouco porque acho desnecessário, porque ele sabe o quanto é verdade, e também, porque seria altamente repetitivo. Mas hoje me deu vontade de dedicar esse post a você meu amor.

Ruds, eu te amo! Conta sempre comigo!


"...eu acertei, o pulo quando encontrei você!"

"...é tão bom assim

o que você diz

me deixa tão feliz,

junto de você não tenho mais medo

você sabe meus segredos,

Milagres acontecem..."

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