jú mancin
d°_°b leave, R.E.M.
uma lágrima mancha a tinta azul que marca o papel. uma única e silenciosa lágrima, quase secreta, que escorre devagar, entre os poros e desaba em queda livre.
saudades do que quase não aconteceu. uma a uma, letrinhas enfileiradas desenham uma história do acaso. mais uma das tantas que o destino insiste em me presentear. uma boa história, contada em segredo,e guardada num baú de relíquias, junto das memórias de uma vida que não tive.
um cigarro a mais queimando no cinzeiro, enquanto no copo suado, o doce veneno me espera, para verter amargura em poesia. nem sempre funciona.
lá fora, a noite alta corre para os braços da alvorada. é a vida caminhando à passos largos. da janela vejo os pingos da chuva, escorrendo na vidraça. o céu chora minha saudade dessa vida que não vivi.
sinto que devo seguir. sem olhar para trás. esquecer. calar de vez essa voz, que não é minha, que dita as regras ao meu coração emburrecido pelo culto aos romances de bancas de jornais.
quero partir. [quem partiu meu coração] e entristeço quando reconheço; fui eu mesma quem deixou.
quero partir para longe de mim, num trem com grandes janelas, que me permitam ver a paisagem deixada para trás. a paisagem & seus olhos, num adeus silencioso, como a nossa história, que em segredo, nunca aconteceu.
3 comentários:
Sabe que eu tinha dúvidas se mais pessoas sentiam esse negócio de saudade do que não aconteceu, do que não conheceu, enfim... Mas acho que qualquer um que para pra pensar na vida um pouco sente isso.
Acho que só ameniza colocando no papel mesmo, nem que seja pra colocar em um baú ou deixar fechado num caderno qualquer. Se tiverem sorte de ter um texto bom, como o seu, podem publicá-lo. Parabéns.
Saudades do que não se viu é para os fortes...rs
ValHeu, brô! Volte sempre que queira!!!
"uma boa história, contada em segredo,e guardada num baú de relíquias, junto das memórias de uma vida que não tive."
Obrigada por isso, Ju
Postar um comentário