ju mancin
d *_* b it ain´t me [babe], johnny cash & june carter
Ela era florista. [ou poetisa, ainda não sei]
Sonhava acordada com rosas nas
mãos. Passava horas e horas sorrindo para suas amigas imaginárias. Tinham
nomes, as rosas: Ofélia, Camélia, Simone... Conheciam seus sonhos, seus
segredos. Conheciam seus olhos, que brilhavam tristes quando caía de uma nuvem
fofinha, daquelas que a gente dorme e sonha com príncipes. E sorriam de volta.
A florista [ou poetisa, ainda não sei] que sonhava acordada com rosas nas mãos,
não sonhava com príncipes em formato Disney, sabia ela, que essa vida de
castelo era meio monótona, meio cafona, fora de moda. Sonhava com sapos. Isso! Sapos.
Ela gostava de pensar no dia em
que estaria ali, perdida pos lados de um pântano, colhendo, sei lá, frutos
silvestres, numa tarde de sol não muito quente e seus olhos dispersos se
encontrassem com os dele, um sapinho mei vagabundo, mei sem classe, sem a pompa
da realeza. E que por alguma razão, dessas que a própria razão desconhece, seus
olhos pudessem permanecer no encontro por alguns segundos, pra que um pequeno
laço se desenhasse, [sabe, aquele vínculo instantâneo que a gente cria com
estranhos que a gente nem sabe explicar de onde vem ou para onde vão?]. E que
aos poucos, sem muitas palavras, pudessem chegar mais perto, sem muitos
sorrisos, somente o essencial [que
normalmente é invisível aos olhos]. Depois o formal, um bom dia aqui, outro
ali... Um sorriso pra quebrar o gelo, um segredo contado meio sem querer
[daqueles que a gente conta e um segundo depois se pergunta “por que falei isso?”]
e aos poucos cumplicidade, um aperto de mãos, um afago... Daí, o dia que ela
acorda, longe do pântano e antes mesmo do café da manhã, se pergunte do sapo. Ou se pegue olhando no espelho e trocando o vestido de retalhos meio-furado-meio-gasto, por algo assim, mais bonitinho [“pra
ir pos lados do pântano?” estranham as rosas, amigas imaginárias... “aí TEM, ô
se tem!”]e saia porta afora, não andando ou correndo, mas flanando,
como bailarina do Bolshoi, que flutua ao som da valsa, pra chegar ali, perto
das moitas de frutos silvestres e encontra-lo, quieto, mei vagabundo, mei sem
classe, mas de olhos atentos à sua espera, com um sorriso mei bobo no rosto na
ânsia de um beijo. O beijo que o torne assim, não um príncipe daqueles Disney,
coisa mais cafona, uuum... MOTOQUEIRO[?] Isso! Um motoqueiro daqueles
estradeiros, que cruzam um país em busca de... sei lá, emoção. Um motoqueiro
mei cansado dessa vida, mei disposto a aposentar a Harley e comprar um motor home,
daqueles que caibam a florista, suas amigas Ofélia, Camélia e Simone, poesia,
seus sonhos em nuvens fofinhas com sapos que viram príncipes motoqueiros que
querem se aposentar pra comprar um motor home pra carregar uma florista [ou poetisa, ainda não sei]...
Telefone toca, florista [ou poetisa, ainda não sei] acorda, as
rosas não falam e o sapo? Vagabundo, né? Não cria romances e segue na estrada,
fazendo brilhar um olhar aqui e outro ali.