jú mancin
d°_°b leave, R.E.M.
uma lágrima mancha a tinta azul que marca o papel. uma única e silenciosa lágrima, quase secreta, que escorre devagar, entre os poros e desaba em queda livre.
saudades do que quase não aconteceu. uma a uma, letrinhas enfileiradas desenham uma história do acaso. mais uma das tantas que o destino insiste em me presentear. uma boa história, contada em segredo,e guardada num baú de relíquias, junto das memórias de uma vida que não tive.
um cigarro a mais queimando no cinzeiro, enquanto no copo suado, o doce veneno me espera, para verter amargura em poesia. nem sempre funciona.
lá fora, a noite alta corre para os braços da alvorada. é a vida caminhando à passos largos. da janela vejo os pingos da chuva, escorrendo na vidraça. o céu chora minha saudade dessa vida que não vivi.
sinto que devo seguir. sem olhar para trás. esquecer. calar de vez essa voz, que não é minha, que dita as regras ao meu coração emburrecido pelo culto aos romances de bancas de jornais.
quero partir. [quem partiu meu coração] e entristeço quando reconheço; fui eu mesma quem deixou.
quero partir para longe de mim, num trem com grandes janelas, que me permitam ver a paisagem deixada para trás. a paisagem & seus olhos, num adeus silencioso, como a nossa história, que em segredo, nunca aconteceu.