terça-feira, 20 de outubro de 2009

.sufoco.

ju mancin

d °_° b non, je ne regrete rien, edith piaf

 

meu bloco de notas em branco, ávido por minhas mal traçadas linhas, por mais um mal fadado romance de umbigos que giram em torno de um mundinho qualquer…

meus olhos secos se perguntando “onde foi parar o sal? quedê as lágrimas?”. o coração bate moribundo, quase em silêncio, quase em segredo.

dias que passam em brancas nuvens, dias que durmo como se noite fosse…

um anjo triste se alojou em mim. meu ombro pesa o peso do mundo.

um anjo amigo partiu. ninguém sobrevive à lágrima do palhaço…

antes só do que mal acompanhado é o ditado mais estúpido dos que corre à boca pequena. solidão que nada, eu imploro!

a noite escura, amiga, tantas vezes, de copo, de corpo e/outrocadilhos e afins, hoje me assusta…

e o bloco em branco lá…

e eu aqui cheia de nada a declarar, um sorriso amarelo entre os dentes, pensando em culpado ou inocente…

“não passa um carro sequer. todo comércio fechou
não tem satélite algum transmitindo notícias de onde eu estou
nenhum e-mail chegou. nenhum correio virá
eu entre quatro paredes sem porta ou janela pro tempo passar

dizem que a vida é assim. cinco sentidos em mim
dentro de um corpo fechado. no vácuo de um quarto no espaço sem fim.

aonde está você? por que é que você foi?
não quero te esquecer. mas já fiquei tão longe, longe
não dá mais pra voltar. eu nem me despedi
aonde é que eu vim parar?”

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O tato do ouvido

Fernando Pieratti



Palavras quase nunca me enternecem
Aos versos sou disperso, desatento
E mesmo quando explodem em luso sofrimento,
As trovas por mais belas me aborrecem

Queria ter o olho atento ao traço;
Contemplar no artista o estro, a inspiração
Mas não vejo as cores d´alma pelo espaço
Sentindo-me um não-eu; refém das formas da razão

Mas quando o som do mundo, enfim, tateio
Transformo meu pesar em doce esteio
Liberto-me de anseios enfadonhos

Sentindo o acorde vivo, a harmona e o meio
Eu calo a minha razão, meu devaneio
E reflito em minh'alma um céu de sonhos

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Me faltam palavras ultimamente. A liga entre uma e outra, a cola das letrinhas, o suspiro que avança a escrita. Me sinto transbordada, como sempre, sem a benção da vazão. Um pouco aleijada, defeituosa, estragada. O que me conforta é que às vezes e somente às vezes, alguém despeja um punhado de palavras conjugadas que, estranhamente, fazem algum sentido inspirador na alma. Nessas horas, quase me abstenho de escrever e assumo a condição de platéia...

(Lu Minami)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

.na plataforma da estação.

ju mancin

d °_° b o leite, otto & ceu

abro um livro assim de repente, e não mais que de repente lá estamos nós. cada linha um pouco eu, um pouco você. um páragrafo e nossa história, marcada sei lá por que. não sei quando foi, que definimos nossa trilha sonora. quem de nós optou por lou reed, cazuza ou john lennon. também não entendo, em que ponto você virou bukowski e eu lispector [ou vice-versa, tantufaz], perto ou dentro de um coração selvagem. perdida no tempo, me envolvi e misturei. data, hora, ano.

nossa história, de fato nunca houve. mas eu não sou moça de fatos, me perco no platônico e na esfera imaginária, estamos nós. em carne&osso, sangue, suor, lágrimas e gozo [por que não?!]. nosso filme que fala de amor e filhdaputice. nossa música, que canta a loucura de um gênio qualquer que tenha morrido à sós e nosso livro em verso ou prosa que me afasta de mim , que te joga em mim.

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“num dia assim calado você me mostrou a vida

e agora vem dizer que é despedida”

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