quarta-feira, 30 de setembro de 2009

.paris, j´adore

ju mancin

d °_° b nice to be dead, SIR iggy pop

i´m  sorry, but quem quiser me ouvir agora vai ter de ouvir algo além. to na terra dos deuses, à base de morfina, ópio e Paris [j´taime]….

tudo brilha no ocidente. o berço do mundo vibra colorido, cheio de cor e música… sou ninguem diante de tanta grandeza e a felicidade é saudade guardada, feito capim esperando o tempo de colheita!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O despertar

Lu Minami

Ouvindo: Cry me a river
(Lulu & Jeff Beck)


Foi quando ela sentiu de novo aquele arrombo no peito, que acelerou a pressão do sangue, deixou suas pernas sem suporte e quase caiu de joelhos no meio da rua.


O vento quente subia pelas pernas, subia as saias, fazia o verão finalmente aparecer por entre seus dedos brancos de porcelana, sentia inchar as juntas, incapacitada de se mover.  


O vento cantava, sem cortar a pele, finalmente. Depois de tanto frio, o calor. Ah, o calor. Aquele que sempre a fazia perder o juízo e a memória. 


Era quase como queimar as canelas enquanto andava nos acostamentos da estrada, dedo em riste, pedindo carona, sinalizando que está tudo bem, tudo jóia... [ei, vamos esquecer tudo].


Ele tinha dito que a amava, que não podia ficar sem ouvir sua voz, seu toque, seu desespero, sua agonia, sua dependência tão disfarçada de berros, de gritos e revoltas com hálito de álcool. 


Mas ele se fora, no entanto. Deixou-a sozinha, sem espaço, sem muleta, sem tempo, sem uma mão para lhe acompanhar por tantas estradas desconhecidas e outras já tão familiares e terrivelmente apavorantes.  


E ela não teve escolha senão caminhar, caminhar por entre tantas ruas frescas em busca da sombra, dos desenhos recortados, das frases desenhadas, dos copos brindando pelo ar, dos cheiros tão característicos da nova estação que se aproximava. 


E então ela em sua caminhava sentiu a brisa suave da primavera que vinha renovar e florescer tudo de novo, antes que o verão chegasse com as flores mortas no chão. 


Quase contente, sorriu. 

Quase aliviada percebeu que na primavera, tudo acontece. 

Tudo de novo. 


I remember all that you said
Told me love was to plebeian
Told me you were through with me
Now you say you love me
Well, just to prove you do
Cry me a river
I cried a river over you

terça-feira, 22 de setembro de 2009

You don´t know me

DSC07267 jú mancin

d °_° b certa manha acordei de sonhos intranquilos[o album], otto

você não sabe de mim, nem de onde eu venho. não conhece minha Bahia. longe de casa tudo se encaixa. é lindo!

mas e o caos?

sinto falta da cama do cheiro da casa e de cozinha de casa. estamos vivos e a solidão em todo canto. estamos no meio do mundo. meio à sós bem no meio do mundo. london call me pra dizer hello! e pra me contar, no badalo ritmado de um big ben imponente que sou gente simples, da terra. 10.000 kms e a certeza de que meu lugar é ai.

“aqui há paz
aqui há paz e alegria
antes que voce perceba
que não deu, não deu, não deu
esse mundo não é meu
vou voltar a procurar

aqui é festa amor
e há tristeza em minha vida”

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Despedida de um amor louco

Lu Minami

Ouvindo: Jane Says
(Jane's Addiction)

É dela que me lembro.

O mundo inteiro envolto numa nuvem semi-opaca de brilho e as cores morrendo devagar e é dela que me lembro, em vívidas cores. Da bolsa que não combinava com as pantalonas. O sutiã que tinha alças encardidas e que ficava aparecendo nas alças da blusa preta. Um coque mal feito que deixava cair mechas de cabelo sobre a boca que não parava um segundo de falar, junto com as mãos que desenhavam o seu corpo enquanto discursava sobre verdades, videotape, Modigliani, Elvis e Vinícius.

Ela, que transformava o conhaque em adereço permanente, no copo e no cheiro do seu pescoço. Ela, que tinha o infinito no corpo e que para muitos, lembrava o trevo da sorte. Ou o gato que atravessava caminhos, trancava estradas e artérias. Nela, significava infortúnio, algum perigo e prazer. Distante e perto demais... dela. Profundo e na superfície... dela.  Frio na espinha e calor... nas pernas dela.

Falando assim, parece ridiculamente fácil lidar com isso. E é. Minha vida se tornou um poço de líquidos e fatos lembrados pela metade, porque eu não conseguia permanecer acordado e alerta, enquanto tentava tirar isso de mim. E isso, por algum tempo, funcionou. E muito. Cheguei a ficar perto do dia em que não ia acordar de pau duro e olhos molhados porque sonhava com ela. Foi quase, mas na primeira luz que senti doer os olhos, ela apareceu, sentou-se ao meu lado e falou, falou, falou, desfiou a lã do cobertor, espreguiçou-se de costas para mim, esfregou os pés e botou o dedo indicador no queixo, para pensar antes de continuar disparando a sua metralhadora de idéias, mágoas, romances, feriados, planos, parquinhos, cachorros, Deus e Diabo, os outros, sertão do mar e o mar do sertão.

Mas fui atrás e tentei, seriamente, arranca-la e joga-la fora. Tentei odiar muito e diariamente para fazer nascer uma fúria de estimação, ficar amargo. Tentei outras e tentei a mesma. Comecei a dar voltas pelo bairro na madrugada para deixar o vento entrar sorrateiro debaixo da camisa e fazer sumir aquilo tudo... dela. Andava rápido e pesado para fazer doer bolhas no pé e esquecer da dor permanente dela e uma vontade permanente de curá-la, mesmo sabendo que o enfermo sou eu, sempre fui eu.

Tenho dores. Parece doer absolutamente tudo na falta despretensiosa e solta dela. A ausência da voz meio embargada, cansada, exausta de tanto fugir pelos cantos de si mesma, citando frases inventadas para mim, naqueles minutos que não preenchiam uma hora sequer e que, para ela, nada diziam.


"Você me lembra o carnaval"

"Você parece uma brisa de meia dúzia de anos atrás num janeiro de faz tempo"

"Qualquer jeito que me olha, dá vontade de esquecer"


Desgraça, Pagu, louca, demente, indecente, vadia, escandalosa, demônio.

Puta.

As caminhadas não me adiantam nada, só me fazem pensar em como teria sido, se eu tivesse aberto aquela porta quando ela me chamou para fugir e só. Como sempre, tão louca e urgente. Enquanto eu, tão sentado em cima de mim mesmo, culpava você pela loucura.

Hoje, decidi que quem precisa fugir sou eu. Para longe, olhar a história e a tragédia de homens de séculos atrás e me emocionar com o muito-mais que sentiam por seres muito melhores que a bendita maldita.

Reflexos meus me seguem pela rua, em carros que furam o semáforo, em vitrines vazias e em portas engorduradas que se fecham, expulsando o último romântico do quarteirão. Me seguem em obediência calada, olhando para seus sapatos, pensando em bolhas, de outras ruas com outros rostos que não se transformassem em você, rindo e chorando ao mesmo tempo, apontando coisas secretas e sujas no meio do almoço, acendendo o cigarro amassado e linda, errada, errante, errônea, grande erro, pior acerto.


Me perdoa?

Não sei ser nada que não lembre você.

Estou indo embora para ter certeza disso. Eu sei que você liga, escreve, corresponde, chora e esperneia, mas às vezes, minha cara, meu amor, não tem jeito.

Daqui do 10o andar, dá para ouvir sua risada enorme e feliz e uma frase, num fio de voz...

No meio da neblina, prefiro ignorar, continuar olhando para o chão e seguir. 


She gets mad and she starts to cry
Takes a swing but she can't hit!
She don't mean no harm
She just don't know what else to do about it

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