quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

2007/08

Lu Minami

Ouvindo: Evil
(Interpol)



Não consigo lembrar do último dia do ano passado.

Não por desconsideração a 2006, mas porque eu não esperei nada desse.

E por uma grata surpresa, esse ano foi relevante. Não digo que foi sensacional, porque nenhum ano é só isso. É sempre muito mais. Sempre há motivos para sorrir, chorar, gritar, enraivecer-se, festejar, ser estúpida, inconseqüente ou extremamente responsável e cuidadosa. Fui tudo isso, todos os dias. Fui doce e amarga, azeda e salgada.

Para variar, dezembro mantém a tradição de ser o mês mais esquisito do ano. As coisas simplesmente acontecem. Caralho, você trabalhou, se fudeu os 340 dias do ano para só entender agora, nos últimos 20 dias que, “tudo bem”, um dia dá certo. E, revoltada com essa decisão, eu fujo. Quase mandei uma carta a prefeitura para agradecer a retirada dos painéis e outdoors da cidade. Eu quase não lembro do Natal esse ano. Com a cidade limpa, fica mais fácil passar ileso.

Nesse mês, eu to fugindo. De fila, de shopping, de cartões virtuais, de transito, de emails pomposos e mentirosos, de presentes, de papais noéis, de estacionamentos, de 13º salário, de votos para a celebração do novo ano.

Pô, me deixa... me larga na rua, me deixa beber, não me deixa dormir, não me deixa perder mais um segundo enterrando meu pé no chão, mesmo que seja só por esse mês. Não me deixa ser certinha, não me deixa segurar o riso e nem as lágrimas. Não me deixa esperando, não me intimida que eu parto pra cima. Me deixa pensar que o bar se chama esperança e é o último que fecha e lá eu posso ficar até o carnaval chegar. Me deixa falar o que eu penso, mesmo estando errada. Me deixa dar para quem eu quiser, a hora que for, do jeito que for. Me deixa escrever baixarias na porta do banheiro. Me deixa catar bitucas de cigarro na calçada. Me deixa ver tudo e todos. Me tira o senso de maturidade. Me deixa de novo ser louca e deliciosamente imbecil. Me deixa achar que tenho razão e que a verdade é propriedade minha. E deixa, por esses dias, achar que entendo alguma coisa da vida. Ou não, que não entendo nada e que só vim passear a minha covardia. Me deixa ler poesias em voz alta. Me deixa acreditar no amor de novo e na humanidade. Me deixa achar que ainda tenho chance de ser feliz do jeito que eu quero, não do jeito que esperam que eu seja. Me deixa rasgar toda essa constituição de valores que eu carrego sem saber que carrego. Me deixa ser do jeito que meu pai quer, mas que minha mãe não acredita. Me deixa fazer as pazes com meu irmão, porque eu posso morrer hoje, mas não brigada com ele. Me deixa andar sozinha pelas ruas sem ninguém pensar se estou esperando alguém ou se estou infeliz e abandonada. Esquece que estou aqui, esquece a minha função. Dança comigo e planta flores na gente. Explode o mundo por mim e colore o universo que criei dentro de mim. Dorme comigo até as 5h da tarde. Não me deixa mais escrever sobre ele e afasta de mim a idéia de poder ser alguém completo com ele, e só com ele. Me deixa inventar histórias em paz, me deixa emprestar à minha vida fútil um pouco de encantamento, de ilusão.

Me deixa ser assim, 365 dias por ano, vivendo meu personagem secundário, que não quer os holofotes do palco, me deixa viver cada segundo de barulho, de caos, de preguiça, de amenidades, de estrelinhas durante o gozo, de profundidade, de arte e futebol, de toalhas de banho quentinhas com cheiro de amaciante, de lugares fechados e fétidos de podridão, de música, de calor e sol, de chuva e quietude.

De verdades e mentiras.
De vida todo dia.

8 comentários:

Anônimo disse...

Me deixa trabalhar em paz e para de ficar me amolando com os seus textos!!!
Hahaha
Brincadeira, Japa!!!
Beijos

Anônimo disse...

vô com vc fazer tds essas coisas "erradas"...rs

a gente se encontra em q acostamento da estrada? rs

...ainda não fiz o balanço desse ano, mas acho q ta entre os mais intensos...

to com medo de december sucks!

Maycon Marques disse...

Agora só falta ganhar na loteria para poder ter está vida.. ou se contentar com a desnutrição =D

Se tiver berço de ouro pode ajudar..

Boa sorte!

Abraço ;D

Anônimo disse...

berço de ouro pra catar bituca de cigarro na calçada? rs

precisa não, zicão! rs

Anônimo disse...

))<>((

Anônimo disse...

hieróglifo? rs

Lu M. disse...

cada coisa nesse blog, viu?
alguém bota legenda, faz o favor????

Anônimo disse...

rs...a gente pode deixar a imaginação fluir e cada um entenda como quiser!

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