quarta-feira, 17 de outubro de 2007

...e lá se vão os anéis...

Jú Mancin

d °_° b Whatcha' Gonna Do, Nat King Cole

...e dizem que a solidão até que me cai bem...


Em dias assim, de chuva na vidraça, quando minha voz se encerra, meu peito rasga, um imenso nada parece haver dentro de mim...
O piano de Hancock me carrega até a ilha de Cantaloupe, mas não há cores festivas. O vôo de um albatroz me remete a outros portos...
As mãos calejadas desses pescadores, a força bruta em harmonia com a arte de viver em paz. [No pain, no gain] a velha máxima da cidade grande não faz sentido em Cantaloupe. O inferno são os outros, o inferno é você. O inferno está em mim...
A cada passo penso em parar. O mar explode em ruídos secos, e silencia logo em seguida.
E novamente Hancock me dá as passagens, agora de volta ao velho trem dos sonhos. Estou a milhas de mim mesma, atrás do arco-íris, e surpresa, não há potes de ouro. Em algum lugar por aqui existe algo bom, eu já fui feliz comigo mesma, e isso parece ter sido numa outra vida.
Vejo a chuva descer pelo vidro...pequenas lágrimas de cristal.
Não pode chover o tempo inteiro, dizia o corvo. Não, não pode! Uma hora vai parar e vai passar nessa avenida o samba popular, o carnaval vai chegar e eu preciso me guardar.
Inside me I feel alone and unreal...o inferno está em mim e a culpa é minha.
Mais um cigarro pra espantar o tédio. [nisso eu até acho graça, só não quero é que me falte a danada da cachaça]...
Penso em Peter e suas aventuras, Hook com seu gancho fatal e o crocodilo tic-tac. O tempo não pára e não volta, a estrada não tem fim.

Saudades daquele pub, meio abandonado no acostamento. Saudades do velho garimpo, minhas pedras preciosas, que guardadas num cofre não me valem nada. Minhas velhas pedras negociadas no escambo. Minhas pedras que cantam e brilham e encantam. Valiosos anéis que se foram...
O piano de Hancock se cansa, adormece. Eu me canso, adormeço.

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