Lu Minami
Ouvindo: Length of Love
(Interpol)
Disseram que só faço merda. Assim, a rodo, espalhando tudo, como se cagasse num espanador e limpasse a casa toda. O que sobrar, taco no ventilador. E o pior, às vezes é pura distração mesmo.
Disseram que foi daquele jeito, enquanto um falava o outro fingia que ouvia e eu não sabia de nada. Disseram também que eu sou cega para mim. E para os outros, enxergo até a poeira que insiste em morar na gola da blusa, a 100 kilometros de distância. Deve ser verdade.
É que a minha felicidade é difícil mesmo. É daquelas que o manual nem existe, porque as engenhocas mais simples e obsoletas do mundo, ninguém mais sabe usar e tirar o melhor. Não preciso nem de clic, nem de botão, porque na minha época essas coisas não existiam. Eu juro que é simples. Mas parece que é braille para quem não tem mão.
Não precisa de muito. Na verdade precisa de muito pouco. É que o brilhar de olhos hoje em dia quase não existe mais, por pura neblina que essa cidade insiste em baixar a tais horas da manhã, tarde e noite. E que a merda toda que eu faço e vivo espalhando por todo canto é na verdade uma tentativa desesperada de fazer dar certo, mas sem saber direito como. Mas a intenção vale?
Para os últimos corações egoístas, não.
E por isso eu fico cansada. Canso daqueles que dizem que vão e nunca aparecem; daqueles que fazem sexo sem amor só para tapar o buraco com nada; das notícias estranhas que me fazem chorar e perguntar o que está acontecendo; das sementes que a gente rega e não florescem; do passado sem futuro. Cansei de perder aos poucos a menina e ganhar todo dia um punhado a mais de mulher mal-resolvida achando que está decidida e focada; cansei das luzes daquelas festas que arrancam tudo de mim e não deixam nada; cansei das promessas que nunca vão ser cumpridas, mas que eu, ainda assim, permaneço parada porque quero ouvir “prometo”. Cansei dessa vida de gente grande que precisa rodar uma taça com 1 centimetro de vinho e o nariz entuchado lá dentro com o mesmo objetivo de ficar bêbado.
Sabe qual é o problema?
O erro não parece acerto. E acho que precisa ser cego mesmo para perceber que o tudo errado está deliciosamente certo.
Estou aqui, aguardando os próximos erros.
5 comentários:
rs...
ó...tô sentada naquela cantinho da nossa calçada, com um copinho de cachaça na mão, te esperando pra errar mais um pouco, espalhar bosta por aí.
E por falar em cegueira, aboli minhas lentes de contato há tempos... prefiro a cegueira!!!
welcome to neverland soulsister!!!
isso ai, sempre aprendendo
se acertasse tudo não saberia de quase nada
a vida é um jogo maldito.
Amanhã é dia de fazer um monte de merda. Ou então um monte de vômito, depende do quanto você beber.
hahahahahhahaahahahahahaha...
Putz, lá vou eu fazer merda de novo....
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah
merda!
Postar um comentário