Lu Minami
Ouvindo: nada.
Você era tão pequenininha e indefesa quando chegou em casa. Lembro que na primeira noite, eu dormi com você na lavanderia, porque a mamãe não queria de forma alguma que eu te levasse para o meu quarto.
Acho que foi nessa noite que a gente percebeu que ia ficar sempre juntas. Nas suas ninhadas, quando eu mesma fiz os partos. Nas suas travessuras quando comia todos os sapatos de quem tinha birra ou destruia o lixo só pra chamar a atenção, eu que te escondia ou te dava bronca.
A bolinha no corredor, os passeios, a coleira que machucava, a pose de brava e atrevida quando achou que podia enfrentar dois pastores belgas sozinha. Ou quando olhava de baixo prá cima, com ar de coitada, só para a gente não te levar para tomar vacina. O vento que você gostava quando estava no carro e punha a cabeça para fora para as orelhas esvoaçarem.
Quantas noites eu não desci de madrugada para a gente conversar sobre o meu coração partido e você, sonolenta, colocava a cabeça no meu colo para eu acariciar.
Quantas vezes eu te procurei pela sala para te colocar para dormir e descobri você quietinha debaixo da lareira.
Quando você chorou uma vez só de dor e raspou a porta pedindo ajuda, meu coração se partiu e eu não pude suportar ver você não conseguir levantar mais para brincar ou pedir comida.
E então, eu deixei você dormir para correr para sempre com seu casaquinho vermelho, sem dor, sem remédios e sem mais nenhum sofrimento.
3 comentários:
tô chorando tb!
:-(
Jú
eu também, e com o nariz inchado
:o(
Chorei tanto lendo isso, Lu!
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