segunda-feira, 12 de novembro de 2012

.fobia.social.


ju mancin

Segunda-feira, 12/11/2012. Consultório de acupuntura, São Bernardo.

Entre uma reclamação e outra, enxaqueca, cólicas, TPM [ah os hormônios!], digo “sou ansiosa e ultimamente não tenho conseguido ficar a vontade em meio a reuniões, mesmo de amigos ou família”. “O nome disso é fobia social”, diz o médico, com certa displicência. O_o

Passada a fase da avaliação, “vamos às agulhas?”, sugere o doutor. Vamos.

40 ou 50 minutos em silêncio, na penumbra e o pensamento começa a fluir.

Fobia social. Que diabo é isso?

Volto pra casa e claro, aciono o Google, pai dos burros moderninhos. Mil novecentas e tantas páginas encontradas. Wikipédia, o pai dos burros moderninhos com um tema mais específico. Começo a ler. Começo a chorar.

Me vejo nos sintomas, nas situações embaraçosas, na timidez extrema, dissimulada quase sempre com a forcinha da cachaça ou baseado. Às vezes, na tagarelice sem fim.

Uma leitura breve, claro, sou burra moderninha, mas tenho a sensatez necessária para saber que uma pesquisa no Google não pode ser um diagnóstico.

Páro a leitura e dou vazão aos pensamentos mais profundos. As coisas parecem ganhar um novo sentido. Me pergunto de quando sofro desse mal, se é que sofro. Meu pai não é autoritário, não fui criada em regime militar, sempre fui livre para escolher meus caminhos. Honestamente, não sei.

Choro.

Recapitulando, começo a pensar em tudo que deixei de lado, pra trás. Enterrei a primeira faculdade , ciências sociais, meses antes de concluir. Estou enterrando a segunda, história da arte, meu sonho de profissão, um pouco entediante, confesso, uma certa desilusão me acometeu ao longo do curso. Cogito enterrar a terceira, a que viria a tentar, que na verdade, sempre foi a primeira, um sonho de infância, acho, jornalismo. Em 100% das vezes que pensei nesse curso, não consegui me ver desinibida, falando em público. Entrevistas de emprego? Eu? Trabalho com meu pai, há tantos anos que nem me lembro de como foi que arrumei outros empregos. Se gosto do que faço? Uma risada de lado, meio cínica, responde minha pergunta.

Penso.

Fobia social. Talvez explique o porque de eu ter me enfiado no jardim de uma festa aos onze anos de idade, mesmo estando linda como só minha mãe era capaz de me ajeitar. Talvez explique o porque de tanta insegurança na quinta-série. Talvez explique o porque de eu não frequentar academias, mesmo sabendo que eu ficaria com o corpo que sempre quis ter e o porque dos atestados nas aulas de educação física, mesmo amando os esportes.

Talvez explique minha fama de preguiçosa e mei largada. Nada me encoraja a seguir, porque seguir, significa enfrentar.

Explica algumas de minhas difíceis escolhas. Minha eterna angustia solitária e por que não, minha queda por fármacos que me expandem? Penso que na verdade, meu encanto pelas anfetaminas, nada mais era do que uma rota de fuga, deste caminho estranho, que sigo há tanto tempo, sem saber que se trata de algo mais parecido com doença do que com a minha personalidade.

Penso que nunca pude tocar um instrumento, mesmo sendo apaixonada por música, por medo dos olhos alheios.

Penso.

Choro.

Lembro-me que no primeiro ano da primeira faculdade, uma diretora de teatro muito bacana, tentou em vão me incentivar a atuar. Nem no teste eu passei. Me apavorei, perdi a fala [e o chão]. Até os dez anos eu dançava em público, sozinha, num palco. Adorava aquilo. Hoje, quando tento me imaginar em situação similar, sinto um frio percorrendo a espinha.

Apesar de entender bem a língua inglesa, e gostar dela, nunca me animo de seguir em frente na prática.  Espanhol a mesma coisa.

Penso. Choro.

Fobia social, talvez explique que minha preguiça é medo e o enfrentamento, como o próprio nome define, é uma batalha, que quase sempre me deixa na lona.

Talvez eu consiga, descobrir se tem cura, esse mal que me atormenta e que agora tem nome. Talvez eu consiga, explicar aos meus, [e à mim], que não sou tão errada por opção, que trago algo na alma, que vem de algum canto mal resolvido nesse já não tão recente passado.

Talvez...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

.ao.deus.dará.

ju mancin

d °_° b amigo é para essas coisas, mpb4


"- pois é, pra frente é que se anda"

é tanto amor pela vida, que me perco no medo da morte.
de repente, todos os anos que não me pesavam, parecem sentar sobre os meus ombros.
tanta luz vinda da rua, que chego a cegar.
de longe, mei à deriva, vejo tudo acontecendo e só o que sou capaz de sentir, é medo.
a vida me atropelou. era inevitável. uma hora ia acontecer.
agradeço aos laboratórios pelos fármacos que endossam minha covardia.
preciso voltar. ao mundo, à vida.
no entanto o que me resta, é o telefone de uma terapeuta.
a vida já foi mais brilhante...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

.jurupema.

ju mancin




"terra tombada, solo sagrado, chão quente
esperando que a semente, venha lhe cobrir de flor"

em casa. é como me sinto, quando sinto o cheiro da terra molhada. e quando vejo a estrada, velha amiga, ali, me esperando com  a serenidade da mãe que acolhe o filho que mora longe. o sol que me aquece, ali, me aquece um pouco mais. é um colo carinhoso, que me afaga os cabelos, como que dizendo “tudo vai ficar bem”. a paisagem que muda, nunca muda [e que nunca mude!] é linda, por ser como é, me avisa que assim é, como tem de ser todas as coisas boas e valiosas: simples e verdadeiras.

Seja sempre [a minha] Jurupema!

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