quarta-feira, 26 de setembro de 2012

.secreto,sagrado.

ju mancin


"you, you are so special
you have the talent to make me feel like dirt"

dessas coisas pequenas, que guardamos com carinho, dentro de um baú de coisas intocáveis.
pequenas coisinhas sagradas, relíquias, que carregam muito mais do que boas lembranças.
segredinhos que contém um pouco da gente.
não são jóias raras, com alto valor no mercado.
trata-se de pequenos cristais disfarçados, sabe? daqueles que as pessoas que olham, nem notam o valor que pode ter.
daquelas coisas invisíveis, que são essenciais aos olhos...
são pequenas bobagens que a gente esconde em caixinhas, por puro zêlo. bobaginhas que de tão sensíveis e delicadas, a gente tem medo que o vento carregue.
coisas sutis e absolutamente importantes pra gente. pequenos presentes que a vida nos dá, que nos faz sorrir discretamente, só de pensar que estão ali.
coisinhas que além de secretas, são sagradas.
essas coisas, que muito raramente, dividimos com alguém, [não a coisa em si, claro! a coisa é sagrada, é só nossa, deve ser intocável, né?] dividimos a existência desses pequenos tesouros, só pelo prazer de confiar em alguém.
coisas que nem parecem existir, presenças, quase sempre marcadas pela ausência da coisa em si. são esses pequenos silêncios que falam muito mais que as mil palavras.
uma coisa sobre essa coisa, é que quase sempre, nem ela sabe o quanto é importante e normalmente a recíproca não é verdadeira. quase sempre a gente sabe que não passa de uma coisa assim quase nada, mas mesmo assim...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

.adeuses.

ju mancin

d °_° b I don´t want control of you, teenage fun club

de tudo, o que vai sobrar é aquele velho rabisco dizendo "você vale a pena".
nada além de umas poucas palavras que se desfazem no vento,
algumas porções de mentiras bobas, sem grandes prejuízos,
outras porções de não-promessas juradas ao pé d'ouvido
e a doce lembrança de uma única verdade...

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

.tatuagem.

ju mancin


fiz uma esses dias. a segunda. uma rosa. vermelha, como deve ser toda rosa. [sangrando]
o intervalo entre a primeira e a segunda foi enorme, seis ou sete anos, não sei.
precisei sangrar, quase desistir, me afundar, conhecer a escuridão, aprender a rezar e rezar pro sangue estancar. precisei morrer um pouco e me enterrar, tal e qual a semente da rosa... e esperar a chuva para florir.
duas horas nas mãos de um artista, sob um sem fim de agulhadas assim, à seco, sem anestésico, como se faz na vida. duas horas de dor incessante. uma vontade enorme de fugir, de chutar a cara do artista e correr pra montanha mais próxima, exatamente assim, como na vida, né? quando a gente quer fugir pra não encarar a dor. duas horas de choro engolido, pra parecer forte e confiante na nossa escolha, bem assim como se faz na vida.

e FINALMENTE um sorriso do artista, satisfeito com a obra.

um sorriso meu no espelho. "ficou bonita!". a perna bamba, como na vida, depois de uma surra sem anestésico.
e no final, a rosa vermelha, como deve ser toda rosa, cicatrizando como na vida, como a gente faz quando se machuca.
tatuei uma cicatriz em formato de rosa, para lembrar como são belas essas coisas que não consigo esquecer.
tatuei minha dor, na esperança que ela se torne uma flor.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

.3.

ju mancin




"all I do is drink black coffee
since my man is gone away" 

E quando o miserável lhe puxava os cabelos, ela sabia que era o fim. Não tinha forças pra reagir.
Não que ela quisesse...
Tudo o que ela queria, era seguir em frente, deixar-se engolir pelos beijos famintos do canalha.
Ela adorava aquela fome toda. E aqueles olhos de amêndoa e aquela febre sem cura e aquela dança quase inconsciente, quase inconsequente.
Aquele jeito de trancar o mundo todo para o lado de fora e viver uma vida inteira ali, entre quatro paredes.
Quatro horas que pareciam minutos e que quando menos esperava, era a hora do adeus.
Mais um adeus... Menos amargo, cheio de esperanças de, quem sabe, um breve regresso.
Ela amava aquela angústia quase adolescente. Aquele eterno "será?"
Mal podia controlar o coração.
Não que ela quisesse...
No fim, ela sabia que era o fim e corria esconder os olhos, na esperança de que o segredo continuasse segredo e o fim, quem sabe, se tornasse um novo começo.

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