Lu Minami
Ouvindo: chuva.
São esses malefícios que fazem o corpo da gente agonizar quando o espírito quer brincar. [Será?]
Não havia sentido nada tão deprimente desde que... desde sempre. Derrubada por uma rasteira invisivel.
Deu vontade de beber sozinha, de chorar a gota d´água culpada pelo meu transbordamento, de arrancar com as unhas as bolas de pus que se formaram na minha garganta, que me impediam de engolir e só me deixavam cuspir, vomitar, sussurrar. Deu vontade de chorar no colo da enfermeira e encostar no peito do médico, brincar com o crachá dele, pobre plantonista em pleno carnaval. Deve ter pensado: “Ô menina zicada... além de ter sido abandonada, doente”.
[fracote]
“Dona Luciana, a senhora está com problemas no seu sistema imunológico, suas defesas estão comprometidas”.
Doutorzinho engraçado esse.
Independência é bom... nem sempre, mas.... Se eu tivesse um ataque durante a madrugada, antes de ter levantado para ir dirigindo sem conseguir respirar direito até o pronto-socorro, morria sozinha sem ninguém para segurar na minha mão. E indigente, porque tinha esquecido a porra da identidade. Mas daqui, eu penso: mão para quê? Vou morrer sozinha mesmo. Só me faltava ser culpada de levar mais alguém comigo.
O inferno vai ser meu e só meu.
Mania desse vicio de ser viciada em mim mesma.
Tinha esquecido essa solidãozinha de estimação. Relembrando-a talvez eu aprenda a me desapegar de vez, a ir embora sem olhar para trás. E se olhar, quando olhar, só se for para o meu rabo.
Deve ser linda a visão de me ver indo embora.
[correndo atrás do próprio rabo?]
...
São Paulo chorou todos os dias comigo e eu aqui, no condado do meu mundo, olhando o céu carregado de algodão cinza, devo ter sido a pessoa mais feliz da cidade.
Fiquei na mão, é verdade. Mas a mão ainda é minha.
4 comentários:
Lu
Vamos dar umas voltas numa loja de muletas, ando capengando...
Caramba, Lu... que post forte e denso.
Muito bom.
Já orei por ti, tua melhora é questão de tempo. Beijos Lustiforlifianos.
O carnaval foi irado, hein, Japa!
Beijos
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