Lu Minami
Ouvindo: No excuses, AIC.É... eu tô sumida né?
Mas sabe o que é? É muita coisa. E quando é muita coisa, fica difícil ordenar as idéias e acontecimentos. Especialmente se a narradora é uma pessoa sem foco como eu, com desvio de concentração gravíssimo.
Enfim. Eu precisava tomar remédios de 4 em 4 horas e isso significava que eu precisava estar sempre com um despertador por perto. Ter um despertador à sua espreita não é muito saudável, te deixa em constante tensão para não se atrasar ou ansiosa caso esteja adiantada em alguns minutos. Era meia noite quando fui deitar e sabia que às 4h teria que levantar. Meu relógio interno tocou e eu levantei uma hora antes, sem sono e preocupada com um trabalho que eu tinha que terminar e que tinha invadido meus sonhos.
"Mas... o que faço? Vou mandar um email para o meu chefe agora"
"Não, não... deixa. Ele vai achar que você quer fazer média."
"Mas e se eu esquecer amanhã?"
"Anota"
"O quê?"
"Anota o que você não pode esquecer"
"Mas não é simples. É uma idéia, um contexto que precisa ser lembrado. Um detalhe que precisa ser explicado"
"Mas como você ia fazer então para mandar um email para o seu chefe?"
"Eu... eu... ééé... eu..."
"Sim? O que você ia escrever?"
"Eu... não sei..."
"Há-há-há! Como assim, não sabe?!"
"Eu não sei... acho... é que... eu... eu..."
E foi assim que eu chorei até às 7h da manhã, sem parar. E foi o meu diálogo mais promissor - tirando a conversa que eu tive com meu médico dias depois - que eu tive nas últimas semanas. Claro, sem mencionar um outro, em pleno caos doméstico:
- Filha, você está melhor?
- Hã? (chapada por causa dos remédios)
- Está bem? Quer comer algo?
- Err... hum... ééé... acho que... Não, mãe, obrigada.
- Olha só... (trazendo uma cumbuca com algo dentro) eu cortei pêra para você comer, quer?
- Mmmm... mmm.... mãããããe.... aaaahhhhh mãe... (choro descabelado)
- O que foi?
- Aaaahhhhhh!!!! AAAHHHHH MÃÃÃÃEEE... buááááááá....
- Luciana, você está me assustando!
- O que foi, que foi? Mãe, o que você disse para ela!??? (Irmão 1)
- Lu, o que foi que a mamãe te disse?! (Irmão 2)
- Não sei. Eu só ofereci uma pêra e ela deu esse chilique.
- Aaai mãe... eu amo vocês. Aaaaiii... obrigada! Mããããe... buáááá.
- Vixe. Fudeu. Interna ela. (Irmão 1)
- Mas e aí? Vai comer ou não essa pera? (Irmão 2)
E é exatamente aí, nessa confusão perplexa e nessa careta tragicômica que você está fazendo neste exato momento, que eu me encontro nestes últimos dias.
É... eu sou um bicho estranho mesmo.
Mas quer saber? Tá tudo bem. Ou vai ficar, logo logo.