Ouvindo: Off He Goes, Pearl Jam
Passei a semana passada inteira em polvorosa. Fiquei ansiosa, dramática, sensível... Uma típica adolescente. Não penteei meu cabelo e nem me importei de andar de tênis no trabalho. Enfrentei filas, atendimento eletrônico em todas as tentativas de falar com um ser humano que me desse informações simples, ao invés de pedir para que eu teclasse milhões de números sem sentido e enfrentei a falta de grana típida de um adolescente quando quer muito uma roupa, um disco ou um show.
Tudo isso por causa de um ingresso. Mas todo mundo sabe que é bem mais do que isso. É um passaporte de mão única para a definitiva Neverland. É o ingresso para entrar na trilha sonora de minha vida e reviver, dentro daquelas centenas de decibéis, cordas distorcidas e da voz melancólica, o tempo confuso que não volta mais. O tempo de descobertas que não existe mais. Um dia inteiro para reviver os momentos de revolta, incompreensão e doçura que povoaram todos aqueles anos.
Ah sim... com 25 anos e mais alguns, iremos pular, gritar e chorar. Vamos nos emocionar, com um sorriso estático na cara que, ora molha os olhos, ora retumba o coração. E assim, na companhia de 40 mil pessoas, reviveremos a época em que os sonhos eram possíveis e fugiam da banalidade e ingenuidade; viver era simples como um fim de semana na praia; trabalhar era diversão; trânsito não nos irritava; cigarros ainda tinham gosto de rebeldia; porres homéricos ainda nos deixavam em calçadas e sarjetas.
Despedida. Hora de crescer. Acorda, garota! Vem se despedir da sua adolescência! Venha dizer um "até breve" à tenra idade.
"Até breve", porque Peter Pan nunca diria adeus.