Ouvindo: If you leave me now, Chicago.
Eu estava um pouco cansada hoje. Tive reuniões que duraram horas ao invés de breves minutos eficientes e respondi uma penca de emails. Vai e volta. OK, obrigada, fyi, responda asap, estou no aguardo. Tu tu tu tu... telefone sempre ocupado da única pessoa que eu tinha que falar hoje para resolver a minha vida. Sempre ocupado. "O telefone móvel está ocupado ou fora da área de registro". Para onde você foi, hein? Com quem está e o que está resolvendo, que não tem tempo para me atender?
Me irritei, olhei para o relógio que marcava 18h. Estava contente, pegando a bolsa e o meu assistente eficaz comenta: Hoje é seu rodízio, vou buscar café, quer? Quero, sento emburrada. Goles de café expresso com baunilha me acalmam se não queimassem a minha língua. Continuo a analisar as minhas pendências e respondo mais emails. OK, tento mais uma vez. Ocupado, salvando o mundo de bombas nucleares ou tirando o seu da reta em algum problema na empresa.
Abro o site do cinema, resolvo pegar uma sessão. Filminho bobo, água com açúcar. Eu sei, é letal para mim nas atuais circunstâncias. Romance hollywoodiano é exatamente o motivo que eu preciso para me afundar em tristeza auto-piedosa e me matar em seguida, para ser achada 1 semana depois, cinza e magra.
Resolvo ir.
Comprovado: filme de amigos que se conhecem há anos e, depois de encontros e desencontros, resolvem que se amam e querem se casar.
Depois da tentativa frustrada de me matar na marginal, tento o celular de novo. Tu, tu, tu, tu... Porque eu, ao invés de tu? Porque eu é que tenho que estar desse lado da linha ouvindo tu, tu, tu... podia ser algo como te quero, quero, quero, quero. E, na segunda tentativa, algo do tipo: agora, agora, agora. Não. Continuo no tu, tu, tu.
Páro no posto, peço outro café. E saio da loja de conveniência para fumar um cigarro. Conveniente seria se o frentista não tivesse me dito: Moça, não pode fumar aqui não. Tem risco de explosão por causa da gasolina. Ora que se exploda! Mas não, apago o cigarro obediente e vou para o carro ouvir músicas tristes. Já que é assim, que seja. Fico triste e mal-humorada.
O mundo poderia acabar hoje. Com a fúria das coisas quando estas se destróem, eu me acalmaria numa segunda-feira desesperançada.
Eu quero aquele adesivo de carro: Shit Happens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário