sábado, 30 de abril de 2005

Os Três Mosqueteiros

Lu Minami

Ouvindo: O Velho e o Novo, Los Hermanos

Estou lendo Os Três Mosqueteiros, do Alexandre Dumas. É um livro de aventuras e, em sua época, deve ter sido para os jovens e crianças, uma tentativa de lhes mostrar como a coragem e a bravura eram virtudes que acompanhavam as amizades, a honra e os princípios.

Por exemplo, tem uma parte no livro em que D´Artagnan leva uma mensagem de Ana da Áustria para o Duque de Buckingham - seu suposto amante - que resolve, pela honra da Rainha, declarar guerra contra a França. Ao final da conversa, D´Artagnan estende a mão e cumprimenta o duque, com a certeza de que haverá honra entre os dois homens somente se estes se encontrarem no campo de guerra. Tudo isso por causa de um chifre que o marido - o Rei - levou.

Agora, pensa comigo. Hoje em dia... como seria essa história? O Zézinho, ajudante da quitanda do Seu Lauro, precisa avisar o amante da mulher do seu patrão que ela precisa daquela saia de volta, pois seu marido quer levá-la ao forró do bairro com a saia presenteada. Por esses acasos do destinos, a saia não se encontra mais com o pedreiro. Chama-se então a costureira da rua, que confecciona uma saia idêntica que deverá ser levada à mulher do quitandeiro. Para que o ajudante/mensageiro não corra risco de ser pego durante essa entrega, o pedreiro resolve construir uma barricada na rua, para impedir que Seu Lauro veja toda a movimentação. Este fato acaba gerando uma revolta na rua e os vizinhos começam uma disputa. Obviamente o ajudante/mensageiro ficará do lado do patrão e vai encher de porrada o pedreiro, por quem é leal e este paga seu salário em dia. O final é aquele que todo mundo já sabe. O Jornal Hoje de amanhã vai falar sobre o assunto e ninguém nunca mais vai saber o que aconteceu. Se a amante foi pega, se o marido continua sendo corno ou se o pedreiro gostou mesmo é do mensageiro e resolveu tratá-lo como seu.

Sem contar que no século XVII, Ana da Áustria nunca chegou a sequer beijar o duque e, mesmo assim, fora considerada desleal e traidora do reino francês. Foram só umas olhadinhas de lado e olhe lá! O nosso quitandeiro é corno mesmo, já que a mulher deve ter dado para a metade dos estabelecimentos comerciais daquele bairro lá da zona norte de São Paulo.

Acho que hoje pelo menos, as coisas são mais claras. Corno é corno mesmo, vagabunda é vagabunda mesmo e safado sempre é e continuará sendo safado. Além do mais, imagina fazer um rebuliço desses sem nunca ter dado sequer uma escapadinha de verdade?

Ainda assim, recomendo o livro. É lindíssimo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah...Lu....
Ontem...no seu auge...hahahahaha...eu lembro de vc ter comentado sobre esse livro...hahahaahaha...lembro, sim...!!!

Bjs,

Carol

Anônimo disse...

Lu,

legal a vossa disertação, mas a verdade é sempre uma só.

O ser humano, salvo raras excessões, não sabe fazer criticas costrutivas. E sim, apenas julgar condenar sem ouvir as partes envolvidas.
E quando trata-se de traição, ninguem sabe e nem viu, mas sempre ouviu dizer que, tal pessoa......... ( tipicas conversas de boteco, oficina, salão de beleza e costureira ).

Ou seja, passou o tempo, hoje parace que as coisas (entre aspas) estão mais claras, mas nada mudou !!!

Sem Contar que existe ainda o Ridiculo do Machismo de dizer que homem que trai é o Bom e a mulher é .......

Bjo

GUTO®

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