quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

.um.espelho.quebrado.

ju mancin

d °_° b bye bye baby, RAMONES [bem baixinho]

"Oh, if I didn't I'm a fool you see
No one knows this more than me"


Deve ser verdade que só escrevo na dor. Só sei falar, quando sangra o coração.

Diria você, que preciso me abrir, falar mais de mim, parar de represar a tristeza, porque uma hora ela explode e aí, as lágrimas correm como lâminas afiadas. Dói.

Vejo as pessoas que se levantam às seis e meia e tomam café da manhã e banho e se vestem e saem para os seus trabalhos e trabalham, levam seus dias, resolvem problemas, atendem aos telefones e dizem coisas como "bom dia" ou "boa tarde", assim, naturalmente. E de noite, voltam pra casa, reclamam do trânsito, do tempo e da falta de tempo. Vejo as pessoas reclamando das árvores de natal e do calor. Elas ouvem música e sorriem, aumentam o som. Eu as vejo se esforçando, fingindo que a felicidade é algo palpável ou visível.

Vejo que o mundo não parou há dois dias. Foi só comigo que o tempo passou a correr arrastado e o ar se comprimiu. Me pergunto se fui a única quem perdeu a voz. Tento entender as palavras de alguns próximos, quando me olham nos olhos e perguntam "o que foi? o que você tem?". Me calo, "como sempre", diria você. Essa dor é minha e sei que devo sentir sozinha. Ninguém vai carregá-la por mim. E a saudade, que pinicava, agora corta como faca, mas não sangra e isso diminui aos outros olhos, a profundidade do corte. Irônico, mas enfim compreendi o que é ser, sem parecer. Aquilo que tantas vezes me tentou explicar.

Fui a rosa de um pequeno príncipe, que vivia só em seu pequeno planeta. Vaidosa como uma rosa e dissimulada como tal, menti dizendo que estaria segura com meus quatro espinhos, que me defenderiam dos perigos de ser uma rosa vaidosa em um mundo cinzento e cruel. Menti, para que não me visses chorar ao partir.

Sei que era a hora, seu planeta era pequeno demais pra você e nem por isso seus vôos aqui foram pequenos rasantes, ao contrário, você foi longe, muito além das perspectivas e lutou sem tréguas porque era assim que tinha que ser. E deixou uma marca, indelével no coração de cada um que teve o prazer de fazer parte de sua incrível jornada.

Me dizia brincando "quando é que você vai crescer, heim?" e esperava sorrindo, pela única resposta possível.

Mentira, outra mentira boba, alimentada pela vaidade da rosa. Eu cresci. Você me ensinou que sou gente e que mesmo sendo gauche, tenho meu lugar ao sol. E que mereço esse lugar. Vou aproveitá-lo aqui, de alguma forma.

O que vou fazer com o resto da vida? Não sei, não pensei nisso. Vou fazer como sempre, vou deixar o barco correr e ver onde é que vai desaguar. Seja como for, vou fazer por mim.

A #vitrola está em luto. Ficará calada, até que o sol volte a reinar num fim de tarde qualquer.

E a resposta para aquele sonho bobo que você dizia ter enfiado em sua cabeça, sempre será SIM, apesar de tarde demais...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Furia [o Sonic Youth dos meus sonhos]

ju mancin

d °_° b teenage riot, sonic youth



Aquele monstro que toma conta da gente quando a gente tem 16, que a todo momento grita "EI, VOCÊ NÃO É MAIS CRIANÇA! SAI DA BARRA DA SAIA DA MAMÃE, TONTO!", que se mistura com o outro monstro aterrorizante, chamado "vida adulta".

Duas tormentas que se batem o tempo inteiro.

Um lado diz que você pode tudo, o mundo te pertence, um mundo aliás, que não te compreende, um mundo com o qual você não compartilha muitas idéias, um mundo velho e careta demais para o vigor da sua juventude, um mundo que precisa ser mudado, um mundo que VOCÊ vai mudar, afinal você não é mais criança, é forte e esperto e quer fazer a diferença e transformar as coisas e fazer barulhos e quebrar as vitrines, incendiar velhos costumes.

De outro lado, com muita força, você apanha do medo de crescer e de assumir sua própria vida, arcar com suas responsabilidades e aceitar que não, você não vai mudar o mundo, porque o mundo é grande demais e você é só mais um no meio de uma multidão de robôs que se movem de acordo com a maré.

E você se assusta, e do alto dos seus 16 anos, você corre pro seu quarto escuro e cheio de pôsteres na parede, e você se senta num canto qualquer entre o chão, a porta e a parede, e chora, quieto, um choro que mais poderia ser um grito, caso sua voz abafada se fizesse presente. Você chora, chora, chora, até que o corpo perca a força e te deixe ali, estupefato com o rumo que a vida toma.

Você não entende nada daquelas espinhas na cara, não compreende porque não consegue olhar nos olhos daquela garota que era uma pentelha até dois anos atrás, sem que um arrepio te percorra a espinha, você também não compreende muito bem o porque do seu pai, aquele seu velho amigo de sempre, ter se tornado alguém tão estranho e tão distante de você. E aquele velho papo de mesa de almoço no domingo em família, aquele papo de gente grande, que nunca fez nenhum sentido para você, que agora, você é capaz até de compreender o conteúdo, mas continua fazendo pouco sentido?

E dá uma vontade imensa de berrar até a voz acabar, de fazer com que sua mãe, seu pai, seus vizinhos, o português da padaria, o tiozinho da banca de jornal, o moço que distribui panfletos no farol, a diretora da escola, o professor de judô e Deus, esse ser mitológico que morava acima das nuvens até dias atrás, todos eles ouçam seu grito de raiva por fazer parte de um mundo ao qual você simplesmente não pertence.

Obrigada, Sonic Youth, por me fazer lembrar que nunca estive só.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

.sombra.e.silêncio.

ju mancin

d °_° b much better off, smokey robinson & the miracles

o sol que brilha lá fora, só faz aumentar as sombras aqui dentro.

a brisa preguiçosa da, enfim, primavera, projeta saudades de casa, do tempo em que eu brincava na chuva.

é estranho não ouvir o coro cantando “dear prudence”. é estranho não sair pra brincar.

não sei em que ponto da estrada eu me deixei.

me pego sentada à beira de um caminho. ao meu lado, um piano silencioso. é como se todas as vitrolas se calassem ao mesmo tempo, como se os pássaros esquecessem suas melodias. o galo não cantou e eu perdi a alvorada, me resta esperar pela aurora.

busco poesia nas entrelinhas e encontro adeus.

solidão é meu cigarro aceso, queimando num cinzeiro, é fumaça projetando lembranças  de dias felizes. solidão só dói quando existe a consciência do mundo lá fora.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

onde é que está meu rock n´roll?

ju mancin

há tempos não fazia assim...
hoje, quinta-feira, quatro da tarde, sentei na calçada e chorei.
chorei pelo leite derramado, mas nem de leite eu gosto. na hora da sede, quem me alimenta é cachaça...


há tempos não me via ali, diante do sol de uma tarde boba e vazia.
meu telefone não tocou e em silêncio me dei conta de que me perdi por aí. [na verdade, nunca me achei]
boba que sou, esperei por um anjo que me estendesse a mão e dissesse "vai ficar tudo bem". nem o lixeiro passou...

sábado, 17 de setembro de 2011

cores de frida kahlo

Lu Minami



Ouvindo: Free as a Bird (The Beatles)



Entre o olhar intelectual e poderosamente viril e o jeito carinhoso e bobo. 
Entre eu de calça jeans e rabo de cavalo molhado ou usando meia calças sem meias intenções. 
Entre a minha caminhada solitária e bêbada prestes a cair em alguma cama morna e a sua caminhada perdida e sóbria cheia de tristeza. 
Entre o vermelho e o preto moram aqueles tons indefinidos que não apaixonam ninguém. Tons que lembram restos, coisas inacabadas, o que ninguém mais quer, tons indecisos. 
E foi exatamente isso que nos tornamos. Viramos os tons que ninguém quer, tão difícil de serem escolhidos, porque não combinam com ninguém. Ainda conservam um olhar sedutor que lembra algo bom, mas remetem às desvantagens de usar uma cor que seja o meio do caminho, que seja confusa e cause confusão. 
Te desenho em pinceladas indefinidas, em cores cada vez mais misturadas, que me lembram cheiros que não grudam mais na minha pele. E sua imagem vira um borrão que não consigo mais recordar com definição e os poucos traços vem sempre acompanhados de alguma sensação ruim, algo que treme, que repele, que acaba. Que morre. 
Outro dia você me abraçou, ao mesmo tempo em que eu te afastei. E pela primeira vez em tanto tempo, eu não senti seu cheiro. Não senti sua pele e nem sua mão ao redor da minha cintura, nem seus lábios no meu rosto e nem os seus olhos me incomodaram mais. E eu me senti partindo. E não o contrário. 

Eu vivo em busca de cores fortes, porque nasci para isso. Ou para nenhuma cor. 
Mas não nasci para não contrastar com o mundo. 

E essa, meu amor antigo, é a maior prova de que o fim chegou para nós.
Já não existe o que pintar, o que colorir e o que preencher.  


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

dois. um. dois.

anônimo de mim mesma


ouvindo: qualquer coisa do roy orbinson


Há quanto tempo estamos nessa? Faz tempo, mas nosso jogo é demorado e não faz mal. Me beija? Calma, a gente não faz isso. É que eu bebi duas garrafas de vinho e estou ansiosa, ando com vontade de um abraço mais longo de algumas horas. Eu te abraço, mas fica de roupa, não tira. Só a calça, quero minhas pernas livres, você não gosta? Gosto mais dos seus peitos. Eu tiro a blusa se você tirar sua camiseta I love NY, afinal porque todo mundo ama essa cidade, ninguém se ama lá. Eu sou capaz de amar qualquer um. Você é mesmo, ou finge que é? Tirei a camiseta, posso te abraçar sem blusa? Pode, mas só se durar a noite inteira. A gente pode tentar, vem aqui. Posso te chupar? Não, a gente não faz isso, porra. Mas eu quero o gosto. Calma, senta aqui, não... deita aqui, isso, abre as pernas. Mas eu não vou te chupar e nem você? Você fala demais. Deixa eu pelo menos colocar a mão e olhar para você. Você é uma princesa. Cala a boca, eu não quero ser sua princesa, só se eu puder olhar para você. Não, olhar é errado, isso vai dar merda. O que, olhar? É, olhar provoca um laço. A gente se ama, não é? Sim, eu te amo para sempre. Então qual é o problema de olhar para mim enquanto a gente trepa? Não diz essa palavra, que feio. Trepar, trepar, trepar, eu vim aqui para dar para você. Eu preferia que você tivesse vindo só para se provar. Não, eu vim aqui porque eu quero você dentro de mim finalmente depois de tanto tempo. Eu já moro no seu peito. Não, você mora na minha cabeça, eu te quero para que você passe a ocupar meu peito e minha alma aos poucos. É muita filosofia para quem está pelada. Então me beija. Não, já te disse que isso a gente não faz. Então me come de costas, sei lá, me olha como se eu estivesse prestes a ir embora. Me chupa. Não, eu não quero mais. E por que isso agora? Porque fiquei constrangida. Você é deliciosa. Cala a boca, me deixa em paz e não olha para mim. Meu deus, como você é linda. Não olha, vira para lá, de repente me deu vontade de ir embora mesmo. Fica. Você não gosta que durmam aqui, seu beijo ganhou prêmio de melhor do ano. É, eu não gosto mesmo, mas não quero que você vá, você sempre teve essa tatuagem? Faz uns anos que tenho. Eu nunca tinha visto, mas você me deu uma foto há um ano atrás que fica no meu carro me fazendo companhia, então toda vez que estou dirigindo me lembro de você. Eu lembro de você o tempo todo. Você é muito gostosa, fica e me dá mais um beijo. Por quanto tempo? Mais cinco. Trepadas ou minutos? Vidas. É impossível ficar 5 vidas com alguém. Cadê a camisinha? Você não colocou? Não, espera. Coloca logo e continua conversando comigo. Sobe aqui. Eu subo, mas não me olha, assim dói um pouco. Não quero te machucar. É normal, tenta mais. Não quero que doa, você está com frio? Não, eu tremo quando fico com tesão, você não geme? Hum, não. Eu acho estranho gozar em silêncio. Me abraça e fica. Até quando? Para sempre. É muito tempo, mais quinze? Tá bom. Acabou né? Acho que sim. Eu te amo. É, eu também.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

.F.É.R.I.A.S.

ju mancin

d °_° b The Complet Million Dollar Quartet [full album]

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sabe aqueles sonhos em que sonhamos aos 5 ou 6 anos de idade, ou sei lá, 10, 11? então, eu tinha um: viajar pelos EUA.

tive a fase Disney, aos 12 anos. California, [ubber ulles] aos 16. caí de amores pela Lousiana, pelo Tennessee. aos 29, Kerouac e Hunter Thompson me mostraram a route 66 e o deserto, lembrei da grande serpente de Jim Morrison. Nova Iorque e Woody Allen, Friends, e todos aqueles filmes lindos que envolvem risadas, romances e algum chororo. enfim… foram anos cultivando um amor meio platônico e não correspondido.

não correspondido até agora, porque amanheceu, peguei minha viola, botei na sacola e fui viajar.

os relatos da minha aventura pelas terras de Barak Obama, junto com a Ligia, @acetone_ no twitter, estão sendo narrados aqui =====> www.deumaestrelacadenteaoutra.wordpress.com, para deleite de nossos stalkers, digo, queridos leitores.

cola lá que tá bonito, gente!

volto em breve, cheia de história pra contar e o coração cheio de saudades.

sábado, 4 de junho de 2011

.cold turkey.

ju mancin

d °_° b happiness is a warm gun, the beatles

madrugada com cara de cigarro velho apagado no cinzeiro. de copo vazio e vitrola desligada.

aqui jaz meu eu-lírico.

minha alma escapa pelos olhos sem brilho.

não mais poesia. felicidade se foi, sobrou de mim esse monte de nada que se aglomera em um canto do sofá e chora em silêncio a madrugada perdida.

um cigarro pra espantar o frio.

bukowski diria “o amor é um cão dos diabos”. a felicidade um revólver quente, e saudade, a palavra sem tradução.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

.tarde.vazia.

ju mancin

d °_° b I want someone badly, Jeff Buckley

 

um café, um cigarro e fumaça,

um segredo a mais enfincado no peito.

"procure-me na chuva", eu diria...

ou na lua que brilha sobre a serra na sua janela.

procure-me nos riffs distorcidos de uma guitarra malcriada.

I´m like a rainbow. [ou não]

finda a tempestade, vem a saudade...

procure-me na chuva.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

.carta.aberta.a.quem.possa.interessar.

ju mancin

d °_° b Dirt [o álbum], Alice in Chains

Há dias [ou noites] não durmo. Meses talvez… Não me lembro mais. Uma daquelas noites de sono, em que se deita com sono, dorme e acorda, sete ou oito horas depois, revigorada, crendo na vida, no amor, na sorte e em todas essas baboseiras a que nos apegamos pra diluir a dor de viver num mundo real.

Não. Nem de longe a insônia embalada pelo gin. Não mais madrugas ébrias e dançantes. Não mais o vento na face, soprando a liberdade de uma vida sem princípios, nem sorrisos perdidos no escuro. Noites vazias, quietas, quase frias. Absolutamente solitárias.

Duzentos e cinquenta reais no psiquiatra e voilá, temos um novo vício. Anfetamina pra acordar. Prozac pra apagar. E não apaga. Alzheimer cai bem para a memória, creio eu. Feliz do infeliz, que em um piscar de olhos já esqueceu a ofensa de ser quem é. Pudera eu, apagar da memória a visão infernal do olhar inquisidor e do dedo em riste, acusando minha fraqueza de irresponsabilidade.

Não mais confissões etílicas aos atentos amigos na mesa do bar. Do fundo de meu bueiro, quatrocentos e oitenta reais ao analista. [pra nunca mais saber quem eu sou].

Esquecer de onde venho e afogar quem eu sou, porque quem eu sou não cai bem, não se enquadra no mundo real. Quem eu sou não sufoca paixões, não se rende ao falho sistema de uma “vida normal”. Quem eu sou não se cala diante de um grito, ao contrário, fala alto, não tem classe. E não obedece ordens.

Caros inquisidores, vocês não sabem, mas essa que eu sou já morreu. Jaz neste corpo, uma alma. Neste baú de sonhos, que se fecha aos 30 e se abre aos 90 anos [sou otimista], em agonia profunda, para um último lamento, “A vida passou e eu não vi”, guarda-se o segredo da eterna juventude.

Afinal, quem precisa ser jovem no mundo real? O trabalho endurece o homem, felicidade se compra e amor, bem, amor é hollywood. O resto é dor de barriga. Pra que viver de sonhos? Não seja tola. ACORDA, Alice! Renda-se! Não chegará a lugar nenhum. Mas meu lugar é aqui. NÃO! Seu lugar é ali ou… ali, não! Ali. Seu lugar é qualquer lugar que não seja esse aí, onde você está em paz, tranquila, sorrindo pro vira-lata que atravessa a rua na faixa de pedestres, para divertir os humanos. Humanos são tolos, procuram razão em cachorros, no cosmos, nas artes. Humanos procuram razões para a vida. Qualquer coisa que justifique essa bosta-rotina, que os faz levantar da cama, automaticamente com sono, caminhar até o banheiro e escovar os dentes, se olhando no espelho, reconhecendo olheiras e rugas. Qualquer coisa que justifique o vazio de viver solitariamente em um mundo com sete bilhões de habitantes.

Alma não tem cor, já diria um poeta banhando em clichês modernos. Alma dói. Alma sangra. Alma chora e chora em silêncio, porque alma é produto de uma natureza romântica, que assim como eu, também não se enquadra a este mundo real. Alma incendeia, explode e morre. E daí por diante, nos tornamos humanos, tolos e cheios de nada. Pequenas porções caminhantes de vazio. Nos tornamos ausências. Ou saudades praqueles poucos [e bons] humanóides, que à revelia do mundo, ainda dão voz ao sentimento, aqueles aos quais ainda cabe o título “amigo”.

Essa que eu sou, repousa em discreta cova, sob folhas secas de um outono luminoso. Morreu de tédio em um mundo condicionado à retidão incontestável de uma vida virtuosa e sem malícia. Boddah*, meu velho amigo, dorme tranquilo acima das nuvens, naquele cantinho reservado aos leais amigos imaginários, de lá não desce tão cedo. Apago aos poucos, que queimar de uma vez é coisa de rockstar e eu não nasci pra Joana D’arc.

Perdi.

*se você não sabem quem é o Boddah, lamento.

quinta-feira, 31 de março de 2011

.shiva.

ju mancin

d°_°b perfect day, lou reed.

só por hoje, eu gostaria de brincar de destruir coisas. quebrar vidros. atear fogo em algumas casas. jogar lama em obras de arte, para depois ter o prazer de de limpar com tiner, desmanchar as linhas mal definidas de uma obra impressionista. cortar os cabos que conectam as tomadas. desligar a energia. deixar no escuro toda a mentira que brilha às três da tarde. arremessar pedregulhos nestas pequenas vitrines humanas e fazer sangrar a verdade que cada um esconde no peito. só por hoje, eu queria dar voz aos demônios que, reprimidos, se encolhem num canto fechado deste peito amargurado e triste. e exorcizar, essa pequena falange de fantasmas, tão leais aos meus dias de silêncio.

queria berrar frases sem sentido, apenas pelo prazer de jogar minha ira ao vento e deixar correr todas as lágrimas que dissimulo em sorrisos tolos. queimar todos os livros de poesia. arranhar os discos e quebrar a vitrola.

destruir para recomeçar.

era só o que eu queria…

quarta-feira, 2 de março de 2011

.à.sós.

ju mancin

d *_* b cadê a razão?, paulinho da viola

“como pode um coração

bater assim nesse compasso?”

a vida vai seguindo, dura, a passos lentos, silenciosa por trás de um barulho ensurdecedor. todas as máquinas estão em movimento, todos os homens amando [& odiando], tem sangue correndo em veias e guias, água escorrendo pelos poros [e pelos bueiros], a cidade parada, observa um mundo que gira em movimentos frenéticos e pouco ritmados. alta frequência. CUIDADO! um tropeço e o chão, outrora poético, deixa de ser macio, não mais estrelas num céu iluminado. noites sem sono, sem festa, sem dono. noites escuras, apenas, noites.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

#fail

ju mancin

d °_° b Help me, Joni Mitchell

 

sinto-me um peixe fora d'água.

fora de todas as águas, definitivamente.

a sensação que me acomete, e muito me assusta, é a de que lugar nenhum é meu lugar.

uma ave que não sabe voar, não sabe cantar, não sabe pescar e vive no fundo do mar

ou, um peixe que tenta botar ovos e viver num ninho.

no estádio sou corinthiana... bem no meio da rubro.

no bar, abstêmia.

na igreja, herege.

se deito para dormir, sou insône.

no cinema, eu durmo.

ao telefone me calo,

embaixo do chuveiro, à sós e em silêncio, eu falo.

nada do que digo parece fazer algum sentido.

e o sentir é algo que sufoco dentro deste baú de quinquilharias, que inoportunamente, eu chamo de coração.

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