É um demônio, esse.
Um desejo qualquer, para comer de colher.
Gruda na pele, nao sente, nao fala, nao cala, nao olha, nao tenta.
Vive em mim. Corre de mim.
Se esconde em canteiros de jardins. Erva daninha.
Urtiga.
Coceira sem fim.
Medo de arder.
Medo de colher [florescer].
Um ratinho sujo e sacana que se esconde aqui nos meus cantos.
Rói, rói... sempre andando na ponta dos pés e roubando tudo que me alimenta.
O doce que vem.
O amargo que sobra.
Rezo todo dia para ter perna e amor o suficiente para a despedida sem aceno.
E um sorriso de adeus.