quinta-feira, 29 de maio de 2008

.people are strange.

Jú Mancin

d °_° b snake drive, the yardbirds

A moça, sorriu, quase num tom de ironia.
Ali, sentada diante de seu futuro, ouvindo-o falar e falar e falar... [carreira, dinheiro, canudo].
Então era isso o que a aguardava? Contas, bancos, contas, casa, carro. Cruzes!
"onde eu me encaixo na minha vida, meudeus?"
O moço falava, e ela, continuava ali, bem na sua frente, não sabia mais do que se tratava a conversa, mas esse, era dos males o menor, ela já não sabia de nada. [quem era ou por que veio?]
De repente, sentiu uma dor, aguda e latente. Uma voz dentro dela, gritava, já rouca... Era a outra, a verdadeira.
"Ei! EI! Vamos viajar? Olha a vida chamando! Vamos amar, brincar! Correr na chuva, dormir nas nuvens! Vamos, vamos, vamos..."
Outra voz abafava o grito da moça...
"Assim não dá! Há dois anos, sem aumento. Só trabalho. Tantas contas. Tantas coisas"
"Olha, olha! Pique-pega, pique-esconde...rouba-bandeira...queimada e amarelinha!"
"O barril de petróleo subiu de novo. Meu bolso não aguenta!"
"Chocolate-doce-de-leite-pirulito-pé-de-moleque..."
"E blá blá blá tá em alta, bla blá blá caiu dois porcento..."
"pingue-pongue, siga o mestre, dono da rua...Vamos dançar, vamos dançar!!!"
E a moça ali, naquele meio de fogo cruzado, atordoada, sem compreender por completo o que as vozes dizam. Decidiu que melhor seria se uma se calasse. Sabia que uma não lhe pertencia, não podia calar.
Sorriu novamente pro seu futuro, ofereceu-lhe um beijo na testa e virou-se de lado, desejando bons sonhos.
Antes de adormecer ainda pode escutar, a voz que, outrora, gritava, ali bem dentro do peito, soprando mistérios e inventando novos segredos!
"Sorria, sorria! Vem chegando um novo dia!"

quarta-feira, 28 de maio de 2008

...com a certeza que devo chorar...

jú mancin

d °_° b quem tem medo de brincar de amor, os mutantes

o certo seria parar por aqui. não dizer mais nada. deixar acabar...
seria simples assim "olha, chega! pra mim chega!", virar de lado e dormir, como se o mundo não estivesse acabando.
veja "tchau amor. foi bom, mas já passou!".
existem tantas formas de se deixar as coisas para trás, poderia esquecê-lo, sei lá, num banco da praça ou do ônibus, num acostamento qualquer.
eu queria mesmo era que não fizesse tanto sentido e que o sonhado fosse muito distante da verdade.
queria que você não existisse.
e queria mesmo era não ter que escrever qualquer coisa pra arrancar um pouco desse tanto que há em mim.
queria que eu não existisse.

volto ao jardim!

sexta-feira, 16 de maio de 2008

...fui...

jú mancin


d °_° b on the road, wander wildner

eu tenho uma camiseta escrita eu te amo
e um chaveiro escrito love
essa história de uma só
zoraide tenha dó
eu quero mais é variar

cansei dessa bobagem...
sempre há tempo pra mais um cigarro, e um café!
sempre teremos Paris!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

.onde é que está teu rock n´roll???.

Jú Mancin
d *~* b Nem vem que não tem, Wilson Simonal


Tim-tim, a sua corte agradece!
U-u, o nosso astro merece!
O mundo está ao contrário e só você reparou???
Que lástima.
LI-BER-DA-DE!
Eu quero é mais...

-+-

O Rubem Braga disse algo sobre o amor, algo que eu concordo, sou egoísta, mas vou dividir...

Amor e outros males

Rubem Braga

Uma delicada leitora me escreve: não gostou de uma crônica minha de outro dia, sobre dois amantes que se mataram. Pouca gente ou ninguém gostou dessa crônica; paciência. Mas o que a leitora estranha é que o cronista "qualifique o amor, o principal sentimento da humanidade, de coisa tão incômoda". E diz mais: "Não é possível que o senhor não ame, e que, amando, julgue um sentimento de tal grandeza incômodo".
Não, minha senhora, não amo ninguém; o coração está velho e cansado. Mas a lembrança que tenho de meu último amor, anos atrás, foi exatamente isso que me inspirou esse vulgar adjetivo – "incômodo". Na época eu usaria talvez adjetivo mais bonito, pois o amor, ainda que infeliz, era grande; mas é uma das tristes coisas desta vida sentir que um grande amor pode deixar apenas uma lembrança mesquinha; daquele ficou apenas esse adjetivo, que a aborreceu.
Não sei se vale a pena lhe contar que a minha amada era linda; não, não a descreverei, porque só de revê-la em pensamento alguma coisa dói dentro de mim. Era linda, inteligente, pura e sensível – e não me tinha, nem de longe, amor algum; apenas uma leve amizade, igual a muitas outras e inferior a várias.
A história acaba aqui; é, como vê, uma história terrivelmente sem graça, e que eu poderia ter contado em uma só frase. Mas o pior é que não foi curta. Durou, doeu e – perdoe, minha delicada leitora – incomodou.
Eu andava pela rua e sua lembrança era alguma coisa encostada em minha cara, travesseiro no ar; era um terceiro braço que me faltava, e doía um pouco; era uma gravata que me enforcava devagar, suspensa de uma nuvem. A senhora acharia exagerado se eu lhe dissesse que aquele amor era uma cruz que eu carregava o dia inteiro e à qual eu dormia pregado; então serei mais modesto e mais prosaico dizendo que era como um mau jeito no pescoço que de vez em quando doía como bursite. Eu já tive um mês de bursite, minha senhora; dói de se dar guinchos, de se ter vontade de saltar pela janela. Pois que venha outra bursite, mas não volte nunca um amor como aquele. Bursite é uma dor burra, que dói, dói, mesmo, e vai doendo; a dor do amor tem de repente uma doçura, um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem esperança alguma a gente fica sonhando, como um menino bobo que vai andando distraído e de repente dá uma topada numa pedra. E a angústia lenta de quem parece que está morrendo afogado no ar, e o humilde sentimento de ridículo e de impotência, e o desânimo que às vezes invade o corpo e a alma, e a "vontade de chorar e de morrer", de que fala o samba?
Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, por favor: me deseje uma boa bursite.

Beijo.otro.tchau!

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