Jú Mancin
d °_° b snake drive, the yardbirds
A moça, sorriu, quase num tom de ironia.
Ali, sentada diante de seu futuro, ouvindo-o falar e falar e falar... [carreira, dinheiro, canudo].
Então era isso o que a aguardava? Contas, bancos, contas, casa, carro. Cruzes!
"onde eu me encaixo na minha vida, meudeus?"
O moço falava, e ela, continuava ali, bem na sua frente, não sabia mais do que se tratava a conversa, mas esse, era dos males o menor, ela já não sabia de nada. [quem era ou por que veio?]
De repente, sentiu uma dor, aguda e latente. Uma voz dentro dela, gritava, já rouca... Era a outra, a verdadeira.
"Ei! EI! Vamos viajar? Olha a vida chamando! Vamos amar, brincar! Correr na chuva, dormir nas nuvens! Vamos, vamos, vamos..."
Outra voz abafava o grito da moça...
"Assim não dá! Há dois anos, sem aumento. Só trabalho. Tantas contas. Tantas coisas"
"Olha, olha! Pique-pega, pique-esconde...rouba-bandeira...queimada e amarelinha!"
"O barril de petróleo subiu de novo. Meu bolso não aguenta!"
"Chocolate-doce-de-leite-pirulito-pé-de-moleque..."
"E blá blá blá tá em alta, bla blá blá caiu dois porcento..."
"pingue-pongue, siga o mestre, dono da rua...Vamos dançar, vamos dançar!!!"
E a moça ali, naquele meio de fogo cruzado, atordoada, sem compreender por completo o que as vozes dizam. Decidiu que melhor seria se uma se calasse. Sabia que uma não lhe pertencia, não podia calar.
Sorriu novamente pro seu futuro, ofereceu-lhe um beijo na testa e virou-se de lado, desejando bons sonhos.
Antes de adormecer ainda pode escutar, a voz que, outrora, gritava, ali bem dentro do peito, soprando mistérios e inventando novos segredos!
"Sorria, sorria! Vem chegando um novo dia!"